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São Tomás de Aquino
A 77 saudação contém três partes. O anjo falou uma parte: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres (Lc 1,28). Isabel, mãe de João Batista, falou outra parte: Bendito é o fruto do teu ventre (ibid., v. 42). A terceira parte foi adicionada pela Igreja: Maria, pois o anjo não disse Ave, Maria, mas Ave, cheia de graça. E este nome, Maria, segundo sua interpretação, está de acordo com as palavras do anjo, como ficará claro.
ARTIGO I
Ave-Maria, cheia de graça,
o Senhor é contigo.
Quanto à primeira parte, consideremos que, antigamente, era algo muito grandioso quando os anjos apareciam aos homens, ou quando os homens lhes prestavam reverência. Isso era considerado um grande louvor. Por isso se escreveu em louvor de Abraão, que hospedera os anjos e lhes prestara reverência. No entanto, nunca se ouvira falar de um anjo prestando reverência a um homem, exceto depois que um anjo saudou a Virgem Maria, dizendo reverentemente: Ave. O motivo pelo qual no passado o anjo não reverenciava o homem, mas o homem reverenciava o anjo, é porque o anjo era superior ao homem sob três aspectos.
PRIMEIRO, em relação à dignidade: o anjo possui natureza espiritual. Tu que fazes dos anjos teus espíritos (Sl 103,4); já o homem possui natureza corruptível. Por isso Abraão disse: Falarei ao meu Senhor, ainda que eu seja pó e cinza (Gn 18,27). Portanto, não era apropriado que uma criatura espiritual e incorruptível prestasse reverência a uma criatura corruptível, ou seja, ao homem.
EM SEGUNDO LUGAR, em relação à familiaridade com Deus, pois o anjo é íntimo de Deus, como um assistente. Eram milhares de milhares os que o serviam, e dez mil vezes uma centena de milhar os que assistiam diante dele (Dn 7,10). Já o homem é como um estranho, afastado de Deus pelo pecado. Eis que me afastei fugindo, e permaneci no deserto (Sl 54,8). Por isso, convinha que o homem reverenciasse o anjo como a alguém próximo e íntimo do Rei.
EM TERCEIRO LUGAR, os anjos se destacam pela plenitude do esplendor da graça divina, pois participam da luz divina em sua máxima plenitude. Porventura têm número as suas milícias? E sobre quem é que não se levanta a sua luz? (Jó 25,3) Portanto, sempre aparecem rodeados de luz. Mas os homens, embora participem da luz da graça, participam menos, e ainda permanecem em certa obscuridade.
Portanto, não convinha que os anjos prestassem reverência ao homem, até que aparecesse alguém na natureza humana que superasse os anjos nesses três aspectos. E essa foi a Virgem Maria. Portanto, para mostrar que ela excedia os anjos nesses três aspectos, o anjo quis prestar-lhe reverência, dizendo: Ave. Assim, a Virgem Maria superou os anjos nesses três itens.
EM PRIMEIRO LUGAR, na plenitude da graça, que é maior na Virgem Maria do que em qualquer anjo. Para indicar isso, o anjo lhes prestou reverência, dizendo: cheia de graça. É como se dissesse: "Eu presto reverência a ti, porque me superas na plenitude da graça". Diz-se que a Bem-aventurada Virgem é cheia de graça em relação a três coisas.
PRIMEIRO, em relação à alma, na qual possuía toda a plenitude da graça. A graça de Deus nos é dada para duas coisas: para fazermos o bem e para evitarmos o mal; e quanto a esses dois aspectos, a Bem-aventurada Virgem teve a graça mais perfeita. Ela evitou todo pecado, mais do que qualquer santo depois de Cristo. O pecado pode ser original: e ela foi purificada do pecado original no útero; ou mortal ou venial; e sempre esteve livre deles 78. Toda és formosa, amiga minha, e em ti não há mácula (Ct 4,7). Agostinho, no livro De natura et gratia, escreve: "Com exceção da Santa Virgem Maria, se todos os santos e santas estivessem vivos aqui, e lhes fosse perguntado se estiveram sem pecado, todos clamariam a uma só voz: 'Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós' (I Jo 1,8). [Todos os têm] exceto, repito, esta Santa Virgem, sobre a qual, em honra ao Senhor, em se tratando de pecado, não ouso nem sequer mencioná-lo. Sabemos que a ela foi concedida maior graça para vencer completamente o pecado, pois mereceu conceber e dar à luz Aquele que sabemos não ter pecado". 79 Mas Cristo supera a Bem-aventurada Virgem num aspecto, pois foi concebido e nasceu sem pecado original. Já a Bem-aventurada Virgem foi concebida no pecado original, mas não nasceu nele. 80 Ademais, ela praticou as obras de todas as virtudes, enquanto outros santos praticaram virtudes específicas: porque um foi mais humilde, outro mais casto, outro mais misericordioso; e por isso são postos como exemplo de virtudes especiais, como São Nicolau, que é tido como exemplo de misericórdia etc. Mas a Bem-aventurada Virgem é exemplo de todas as virtudes. Nela tempos o modelo da humildade: Eis aqui a serva do Senhor (Lc 1,38); Ele olhou para a humildade de sua serva (ibid., 48); da castidade: porque não conheço homem (ibid., v. 34); e de todas as virtudes, como é bastante claro. Assim, a Bem-aventura Virgem está cheia de graça tanto em relação a praticar o bem, como em relação a evitar o mal.
SEGUNDO, estava tão cheia de graça que a graça lhe transbordava da alma à carne, ou ao corpo. É grande coisa que os santos tenham abundância de graça, de forma que se santifique a sua alma; mas a alma da Bem-aventurada Virgem estava tão cheia de graça, que esta transbordava em sua carne, de tal modo que pôde conceber o Filho de Deus. Por isso Hugo de São Vitor diz: "Como em seu coração o amor do Espírito Santo ardia de maneira única, em sua carne realizava maravilhas, ao ponto de nascer dela alguém que era Deus e homem". 81 E, por isso mesmo, o Santo, que há de nascer de ti, será chamado Filho de Deus (Lc 1,35).
TERCEIRO, em relação à difusão da graça para todos os homens. É algo grande que um santo possua tanta graça, que seja suficiente para a salvação de muitos; mas possuir tanta graça, que fosse suficiente para a salvação de todos os homens do mundo, isso seria o máximo: e possuem-na assim Cristo e a Bem-aventurada Virgem. Em todo perigo, podes obter salvação da Virgem gloriosa. Mil escudos, isto é, remédios contra os perigos, pedem dela (Ct 4,4). Da mesma forma, em toda obra de virtude, podes tê-la por auxiliadora; por isso ela mesma diz: Em mim está toda a esperança da vida e da virtude (Eclo 24,25).
Portanto, ela é cheia de graça e supera os anjos na plenitude da graça. Por isso é chamada de Maria, que significa "iluminada em si mesma": [O Senhor] encherá a tua alma de resplendores (Is 58,11); e "iluminadora dos outros", em relação ao mundo inteiro; e por isso é comparada ao Sol e à Lua.
EM SEGUNDO LUGAR, supera os anjos na familiaridade divina. Por isso os anjos, para designar isso, disse: o Senhor está contigo; como se dissesse: "Presto-te reverência porque tu és mais familiar a Deus do que eu, pois o Senhor está contigo". O Senhor, quer dizer ele, [é] o Pai com o próprio Filho, o que nenhum anjo, nem qualquer criatura jamais teve consigo. E, por isso mesmo, o Santo, que há de nascer de ti, será chamado Filho de Deus (Lc 1,35). O Filho no ventre era o Senhor. Exulta e louva, casa de Sião, porque se mostra grande no meio de ti o Santo de Israel (Is 12,6). O Senhor está com a Bem-aventurada Virgem de uma maneira distinta daquela que está com o anjo; pois com ela está presente como filho, e com o anjo como Senhor. O Espírito Santo é Senhor, e estava nela como num templo. Por isso a chamamos de "Templo do Senhor", "Sacrário do Espírito Santo", porque concebeu do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá sobre ti (Lc 1,35). Assim, a Bem-aventurada Virgem é mais familiar a Deus do que os anjos: pois com ela está o Senhor Pai, o Senhor Filho, o Senhor Espírito Santo, ou seja, toda a Trindade. Por isso cantamos dela: "Nobre triclínio 82 de toda a Trindade". Estas palavras, o Senhor é contigo, são as mais sublimes que se poderiam dizer a alguém. Portanto, com razão o anjo reverencia a Bem-aventurada Virgem, pois é Mãe do Senhor e, portanto, Senhora. Por isso, convém a ela o nome Maria, que, na língua síria, significa "senhora".
EM TERCEIRO LUGAR, supera os anjos quanto à pureza, pois a Bem-aventurada Virgem não só era pura em si mesma, mas também procurava a pureza para os outros. Foi a mais pura, tanto em relação à culpa, pois não incorreu em pecado mortal nem venial, quanto em relação à pena. Três maldições foram decretadas contra os homens por causa do pecado. A primeira foi decretada contra a mulher: conceberia com corrupção, carregaria com sofrimento e daria à luz com dor. Mas a Bem-aventurada Virgem foi poupada de tudo isso, porque concebeu sem corrupção, carregou com consolo e deu à luz com alegria o Salvador. Lançando gérmenes, ela brotará copiosamente, e exultará de alegria e de louvores (Is 35,2). A segunda pena foi contra o varão: comeria o pão com o suor do rosto. A Bem-aventurada Virgem foi poupada disso também, pois, como diz o Apóstolo, as virgens estão livres dos cuidados deste mundo e se dedicam apenas a Deus (cf. I Cor 7,34). A terceira era comum aos homens e mulheres: retornariam ao pó. E a Bem-aventurada Virgem também foi poupada dessa pena, pois foi assunta ao Céu com seu corpo. Acreditamos, com efeito, que ressuscitou logo após a morte, e foi levada aos céus 83. Levanta-te, Senhor, entra no teu repouso, tu e a arca da tua santidade (Sl 131,8).
ARTIGO II
Bendita és tu entre as mulheres
Estava imune a toda maldição e, portanto, era bendita entre as mulheres, pois somente ela suprimiu a maldição, trouxe a bênção e abriu a porta do Paraíso. Por isso lhe convém o nome Maria, que significa Estrela do Mar, porque, assim como os navegantes são guiados ao porto pela estrela do mar, assim os cristãos são guiados à glória por Maria.
ARTIGO III
Bendito é o fruto do teu ventre.
O pecador às vezes busca algo que não pode alcançar, mas o justo o alcança. Os bens do pecador estão reservados para o justo (Pr 13,22). Assim, Eva procurou o fruto, mas nele não encontrou o que desejava; a Bem-aventurada Virgem, no entanto, encontrou em seu fruto tudo o que Eva desejara. Eva desejou três coisas no fruto.
PRIMEIRO, o que o Diabo falsamente lhe prometera: que seriam como deuses, conhecendo o bem e o mal. Sereis, disse o mentiroso, como deuses (Gn 3,5). E mentiu, uma vez que é mentiroso e pai da mentira, pois Eva, por comer do fruto, não se tornou semelhante a Deus, mas dessemelhante: quando pecou, afastou-se de Deus, seu Salvador, razão por que foi expulsa do Paraíso. Mas isso a Bem-aventurada Virgem e todos os cristãos encontram, no fruto do seu ventre, aquilo que Eva buscou, porque por Cristo nos unimos e nos assemelhamos a Deus. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos como ele é (I Jo 3,2).
SEGUNDO, Eva desejava deleitar-se no fruto, porque era bom para comer; mas nele não encontrou deleite, pois imediatamente percebeu que estava nua e sentiu dor. Mas no fruto da Virgem encontramos doçura e salvação. O que come a minha carne (...) tem a vida eterna (Jo 6,55).
TERCEIRO, o fruto de Eva era belo à vista; mas mais belo é o fruto da Virgem, que os anjos desejam contemplar. Ultrapassa em formosura os filhos dos homens (Sl 44,3), pois é o esplendor da glória do Pai.
Eva não pôde encontrar no fruto aquilo que também nenhum pecador encontra em seus pecados. Portanto, aquilo que desejamos, busquemo-lo no fruto da Virgem. Este fruto é bendito de Deus, porque Ele de tal modo o encheu com toda a graça que vem até nós fazendo-Lhe reverência: Bendito Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençou com toda a bênção espiritual do céu em Cristo (Ef 1,3); é bendito dos anjos: Bênção, claridade, sabedoria, ação de graças, honra, virtude e fortaleza ao nosso Deus (Ap 7,12); e dos homens: Toda língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai (Fl 2,11). Bendito o que vem em nome do Senhor (Sl 117,26). Assim, pois, é bendita a Virgem; mas ainda mais bendito é o seu fruto. 84
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78. Conforme o dogma da Imaculada Conceição, proclamado pelo Papa Pio IX em 1854 na Bula Ineffabilis Deus (DS 2803): "Por uma graça e favor singular de Deus omnipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição".
79. Cf. cap. 36,42.
80. Cf. Ibid., cap. 19, 21.
81. De B.M. virginitate, Libellus epistolaris, cap. 2.
82. O triclínio era, entre os antigos romanos, uma sala de refeições guarnecida de três leitos ou canapés (em grego: kliné), dispostos em torno de uma mesa. (N.E.).
83. Conforme o dogma da Assunção de Nossa Senhora, proclamado pelo Papa Pio XII em 1950 na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus (DS 3903): "A imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".
Catequeses de Santo Tomás de Aquino, Editora Minha Biblioteca Católica, 2023. pág 139-148.
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Nossa Senhora da (Conceição) da Escada
Lisboa - Portugal
A remota tradição da existência deste título é anterior à conquista de Lisboa. Chamaram-lhe primeiro da Corredoura, nome da antiquíssima ermida gótica ao norte do Rocio, e depois, no reinado de D. Afonso II, Nossa Senhora da Conceição da Escada, ou, abreviando, Nossa Senhora da Escada.
Edificado o convento de S. Domingos, no reinado de D. Sancho II, a ermida ficou junto da nova igreja. Foi o povo quem deu a essa imagem de Nossa Senhora o título de - da Escada, aludindo aos 31 degraus que dava acesso ao seu Santuário.
Junto da sua ermida buscavam remanso os pescadores, amarrando os seus barcos aos argolões de ferro chumbados em pilares de cantaria lavrada, e, ao descerem o esteiro do tejo, de gorros sobraçados e de mãos erguidas, pediam-lhe que lhes protegesse as redes. Tão querida e popular foi, que, pelo testemunho de Frei Luís de Souza, todas as procissões que a cidade ordenava, ou para pedir a Deus remédio, ou para necessidades públicas, ou para agradecer mercês recebidas, a essa ermida se dirigiam.
No reinado de D. Afonso III mais se avigorou esse culto. Gente do mar e da terra procurava-a em romarias, e muitos vinham de longe em batéis enramados, levando-lhe o cumprimento de votos e promessas.
D. Diniz rendeu-lhe preito, dizendo-nos o mesmo historiador que, desde aquela época, uma procissão de brandões acesos se organizavam todos os anos.
No reinado de D. Fernando foi restaurado o seu pequeno Santuário.
Chegara a época solene e decisiva da sucessão, hora dolorosíssima para o povo português. Campos e várzeas portuguesas eram taladas pela avidez castelhana, avançando para o festim de uma conquista que parecia fácil; porém mais uma vez desceu sobre Portugal o olhar misericordioso de Deus, e o Condestável e D. João lançaram-se no choque tremendo e rápido da batalha de Aljubarrota.
Quando, no outro dia, um cativo dos castelhanos confirmou a notícia da vitória alcançada, o povo em massa, gente de todas as classes, caminhou descalço para o seu altar.
Cumprindo o povo os votos que fizera - de três procissões anuais, uma delas no dia 1º de maio, dirigia-se à sua ermida, e as casas punham-se em festa. D. João I restaurou-lhe a ermida. Enfim, todos os monarcas foram devotos de Nossa Senhora da Escada.
Em 1531 um terremoto abateu-lhe a ermida, porém a imagem ficou ilesa no seu altar.
D. João III, reconstruindo Lisboa, logo determinou fosse a ermida a primeira obra a reconstruir; porém, novamente destruída pelos dominadores, a imagem foi salva, tendo ido para a casa dos Franciscanos da Terceira Ordem, onde ficou numa ermidinha; mas em 1505 levantou-se o convento, e, como a imagem tinha o título de - da Escada, e também para ocultá-la à impiedade, colocaram-na no Oratório de uma escadaria que dos claustros dava passagem para as tribunas da capela-mor.
Na manhã de 1º de novembro de 1755 o seu pequeno refúgio foi novamente abalado pelo grande terremoto que destruiu parte da cidade. O convento e a igreja tornaram-se ruínas; só uma escadaria ficou intacta, mostrando a imagem no pequeno Oratório.
Acolheram-na almas piedosas, sendo depois levada para a igreja paroquial de Nossa Senhora das Mêrces, onde é venerada, pois o seu culto afervorou-se novamente, fundando-se em 1761 a sua Irmandade.
(Esta notícia histórica foi-me também enviada de Portugal.)
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Edésia Aducci - Maria e seus gloriosos títulos.
Fonte da imagem: https://www.a12.com/academia/titulos-de-nossa-senhora?s=nossa-senhora-da-conceicao-da-escada
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Nossa Senhora da Guarda
Marselha - França
Um jovem sacerdote de Marselha construiu em 1214 no morro da Guarda, com o consentimento do Abade de S. Vitor, a cuja Abadia pertencia o morro, a primeira capela (dedicada a Nossa Senhora), que ficou sempre incorporada à Abadia.
O culto desenvolveu-se rapidamente nesta capela, o que se prova pelas muitas instituições e irmandades de Nossa Senhora da Guarda, obtendo assim Nossa Senhora em novo título, tirado do nome do morro em que foi construída a capela.
Estando a primitiva capela em ruína, começaram em 1477 a construção da segunda, em existiu até o século XIX. A imagem mais antiga, que havia na primeira capela, tinha o título de Nossa Senhora Morena (Notre Dame la Brune), por ser de cor escura.
Na revolução de 1794 desapareceu, assim como outra que era venerada ao mesmo tempo, e também milagrosa, denominada "A Virgem do Ostensório", porque Nossa Senhora, em vez do Menino Jesus, tinha na mão um ostensório.
Depois da revolução, foi a antiga capela reaberta ao culto em 1807, tendo sido a nova imagem levada em solene procissão, do convento de Picpus para a montanha santa, indo descalços todos os fiéis que acompanharam a procissão.
Êste lugar de peregrinações foi em 1837 entregue aos Padres Oblatos, que construíram a grande Basílica em estilo romano-bizantino, a qual foi consagrada em 1864.
A colossal estátua de Nossa Senhora colocada na torre da Basílica saúda, como se fora o símbolo da paz e da verdade, os cristãos que combatem o bom combate por terras e mares afora.
Nossa Senhora da Guarda conserva até os dias de hoje a sua primitiva glória e celebridade, pois de seiscentos a setecentos mil peregrinos de todos os países da Europa a visitam anualmente, porém é visitada muito especialmente pelos marselheses, que consideram a Guarda o seu Santuário, e mais ainda o veneram os navegantes, que hoje, como outrora, lhe oferecem miniaturas de navios, desde o mais antigo barco a vela até o mais moderno transatlântico, para que sejam protegidos em sua perigosa profissão.
Até o século XVIII costumavam os navios que regressavam à pátria, assim como todos os que estavam no pôrto, saudar Nossa Senhora com um tiro de canhão, enquanto os marinheiros se ajoelhavam no convés e cantavam a "Salve Rainha".
Ainda hoje, muitos marinheiros, quando vão empreender uma longa viagem dirigem-se antes ao Santuário de Nossa Senhora da Guarda, para se despedirem e pedirem a sua proteção.
Inúmeros ex-votos, placas de mármore com inscrições, corações de pratas e velas sem número, além dos naviozinhos acima citados, atestam a confiança que depositavam e depositam ainda hoje na imagem milagrosa de Nossa Senhora da Guarda.
O Santuário eleva-se no cimo de uma rocha, no morro da Guarda, de onde se descortina o belo e rico panorama da baía de Marselha.
(Versão resumida do livro "Wallfartsorte Europas".)
Edésia Aducci - Maria e seus gloriosos títulos.
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Memorare novissima tua, et in aeternum non peccabis.
Lembra-te de teus novíssimos, e não pecarás jamais (Ecl 7,40)
PONTO I
Todos cremos que temos de morrer, que só uma vez havemos de morrer e que não há coisa mais importante que esta, porque do instante da morte depende a eterna bem-aventurança ou a eterna desgraça.
Todos sabemos também que da boa ou má vida depende a ter boa ou má morte. Como se explica, pois, que a maior parte dos cristãos vivem como se nunca devessem morrer, ou como se importasse pouco morrer bem ou mal? Vive-se mal porque não se pensa na morte: "Lembra-te de teus novíssimos, e não pecarás jamais." É preciso persuadirmo-nos de que a hora da morte não é o momento próprio para regular contas e assegurar com elas o grande negócio da salvação. As pessoas prudentes deste mundo tomam, nos negócios temporais, todas as preocupações necessárias para obter tal benefício, tal cargo, tal casamento conveniente, e, com o fim de conservar ou restabelecer a saúde do corpo, não deixam de empregar os remédios adequados. Que se diria de um homem que, tendo de apresentar-se ao concurso de uma cadeira, esperasse, para adquirir a indispensável habilitação, até ao momento de acudir aos exercícios? Não seria insensato o navegante que aguardasse a tempestade para munir-se de âncoras e cabos?... Tal é, todavia, o procedimento do cristão que difere até à hora da morte o regular o estado de sua consciência. "Quando cair sobre eles a destruição como uma tempestade... então invocar-me-ão e não os escutarei... Comerão os frutos do seu mau proceder" (Pr 1,27. 28. 31).
A hora da morte é tempo de confusão é de tormenta. Então os pecadores implorarão o socorro do Senhor, mas sem conversão verdadeira, unicamente com o receio do inferno, em que se veem próximos a cair. É por este motivo justamente que não poderão provar outros frutos que os de sua má vida. "Aquilo que o homem semeou, isto também colherá" (Gl 6,8). Não bastará receber os Sacramentos, mas será preciso morrer detestando o pecado e amando a Deus sobre todas as coisas.
Como, porém, poderá aborrecer os prazeres ilícitos aquele que até então os amou?... Como amará a Deus sobre todas as coisas aquele que até esse instante tiver amado mais as criaturas do que a Deus? O Senhor chamou loucas - e na verdade o eram - as virgens que queriam preparar as lâmpadas quando já chegava o esposo. Todos temem a morte repentina, que impede regular as contas da alma. Todos confessam que os Santos foram verdadeiros sábios, porque souberam preparar-se para a morte antes que essa chegasse... E nós, que fazemos nós? Queremos correr o perigo de nos prepararmos para bem morrer, quando a morte nos estiver já próxima? Façamos agora o que nesse transe quiséramos ter feito... Oh! quanto é terrível então recordar o tempo perdido, e sobretudo o tempo mal empregado!... O tempo que Deus nos concedeu para merecer, mas que passou para nunca voltar.
Que angústia nos dará o pensamento de que já não é possível fazer penitência, frequentar os sacramentos, ouvir a palavra de Deus, visitar Jesus Sacramentado, fazer oração! O que está feito, está feito (Lc 16,21).
Seria necessário ter então mais presença de espírito, mais tranquilidade e serenidade para confessar-se bem, para dissipar graves escrúpulos e tranquilizar a consciência... mas já não é tempo! (Ap 10,6).
AFETOS E SÚPLICAS
Ó meu Deus! se tivesse morrido naquela ocasião que sabeis, onde estaria eu agora? Agradeço-vos o terdes esperado por mim e por todo esse tempo que deveria ter passado no inferno, desde o momento em que vos ofendi. Dai-me luz e conhecimento do grande mal que fiz, perdendo voluntariamente vossa graça, que merecestes para mim com o sacrifício da cruz... Perdoai-me, meu Jesus, que me arrependo de todo o coração e sobre todos os males de ter menosprezado vossa bondade infinita. Espero que já me haveis perdoado... Ajudai-me, meu Salvador, para que não volte a perder-vos jamais... Ah! Senhor! Se tornasse a vos ofender depois de ter recebido de vós tantas luzes e tantas graças, não mereceria um inferno criado de propósito para mim?... Não o permitais pelos merecimentos do sangue que por mim derramastes! Dai-me a santa perseverança; dai-me vosso amor... Amo-vos, meu Sumo Bem; jamais quero deixar de vos amar. Tende, meu Deus, misericórdia de mim, pelo amor de Jesus Cristo. Recomendai-me a Deus, ó Virgem Maria! Que vossos rogos nunca são desatendidos por esse Senhor que tanto vos ama.
PONTO II
Já é certo, meu irmão, que tens de morrer, prosta-te aos pés do Crucifixo; agradece-lhe o tempo que sua misericórdia te concede para regular tua consciência, e passa em revista a seguir todas as desordens de tua vida passada, especialmente as de tua mocidade. Considera os mandamentos divinos: recorda os cargos e ocupações que tiveste, as amizades que cultivastes; anota tuas faltas e faze - se ainda a não fizeste - uma confissão geral de toda a tua vida... Oh! Quanto contribui a confissão geral para pôr em boa ordem a vida de um cristão.
Cuida que essa conta sirva para a eternidade, e trata de resolvê-la como se a apresentasses no tribunal de Jesus Cristo. Afasta de teu coração todo afeto mau e todo rancor ou ódio. Satisfaze qualquer motivo de escrúpulo acerca dos bens alheios, da reputação lesada, de escândalos dados, e propõe firmemente fugir de todas as ocasiões em que possas perder a Deus. Pensa que aquilo que agora parece dicífil, impossível te parecerá no momento da morte.
O que mais importa é que resolvas pôr em excecução os meios de conservar a graça de Deus. Esses meios são: ouvir Missa diariamente; meditar nas verdades eternas; fazer, ao menos uma vez na semana, a confissão e receber a comunhão; visitar todos os dias o Santíssimo Sacramento e a Virgem Maria; assistir aos exercícios das congregações ou irmandades a que pertenças; praticar a leitura espiritual; fazer todas as noites exame de consciência; escolher alguma devoção especial à Virgem, como jejuar todos os sábados, e, por fim, propor recomendar-se a Deus e à sua Mãe Santíssima, invocando a miúdo, sobretudo no tempo da tentação, os santíssimos nomes de Jesus e Maria.
Tais são os meios com que podemos alcançar uma boa morte e a salvação eterna.
Exercer essas práticas será sinal evidente de nossa predestinação.
Pelo que diz respeito ao passado, confiai no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que vos dá estas luzes porque quer salvar-nos, e esperai na intercessão de Maria, que vos obterá as graças necessárias. Com a vida assim regulada, e a esperança posta em Jesus e Maria, quanto nos ajuda Deus, e que força não adquire a alma! Coragem, pois, meu leitor, entrega-te todo a Deus, que te chama, e começa a gozar dessa paz que até agora, por culpa tua, não experimentaste. Pode, porventura, uma alma desfrutar paz maior que a de poder dizer todas as noites, ao descansar: se viesse esta noite a morte, morreria, segundo espero, na graça de Deus!? Que consolação se, ao ouvir o fragor do trovão, ao sentir a terra tremer, pudermos esperar resignadamente a morte, se Deus assim o tiver determinado!
AFETOS E SÚPLICAS
Quanto vos agradeço, Senhor, as luzes que me dais!... Não obstante ter eu tantas vezes vos abandonado e me afastado de vós, não me abandonastes. Se o tivésseis feito, cego estaria eu, como quis sê-lo na vida passada; encontrar-me-ia obstinado em minhas culpas, e não teria vontade nem de renunciar a elas nem de vos amar. Sinto agora dor grandíssima de vos ter ofendido, vivo desejo de estar na vossa graça, e profundo aborrecimento daqueles malditos prazeres que me fizeram perder vossa amizade. Todos estes afetos são graças que de vós procedem e que me induzem a esperar que queirais me perdoar e me salvar... É, pois, a vós, Senhor, que, apesar de meus muitos pecados, não me abandonais e desejais minha salvação, que me entrego inteiramente; aflige-me de todo o coração o ter-vos ofendido, e proponho querer antes perder mil vezes a vida do que vossa graça... Amo-vos, Soberano Bem; amo-vos, meu Jesus, que por mim morrestes, espero por vosso preciosíssimo sangue que jamais tornarei a afastar-me de vós.
Não, meu Jesus, não quero perder-vos outra vez, mas sim amar-vos eternamente. Conservai sempre e aumentai meu amor para convosco, o que vos suplico pelos vossos próprios merecimentos...
Maria, minha esperança, rogai por mim a Jesus!
PONTO III
É necessário o cuidado de nos acharmos em qualquer tempo, como quiséramos estar na hora da morte. "Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor" (Ap 14,13). Diz Santo Ambrósio que morrem felizmente aqueles que ao morrer já estão mortos para o mundo, ou seja desprendidos dos bens que por força então hão de deixar. Por isso, é necessário que desde já aceitemos o abandono de nossa fazenda, a separação de nossos parentes e de todos os bens terrenos. Se não o fizermos voluntariamente durante a vida, forçosa e necessariamente o teremos de fazer na morte, com a diferença de que então não será sem grande dor e grave perigo de nossa salvação eterna. Adverte-nos, neste propósito, Santo Agostinho, que constitui grande alívio, para morrer tranquilo, regular em vida os interesses temporais, fazendo previamente as disposições relativas aos bens que temos de deixar, a fim de que na hora derradeira somente pensemos em nossa união com Deus. Convirá então só ocupar-se das coisas de Deus e da glória, pois são demasiadamente preciosos os últimos momentos da vida para dissipá-los em assuntos terrenos. No transe da morte se completa e se aperfeiçoa a coroa dos justos, porque é então que se recolhe a melhor soma de méritos, abraçando as dores e a própria morte com resignação ou amor.
Mas não poderá ter na morte estes bons sentimentos quem neles não se exercitou durante a vida. Para este fim alguns fiéis praticam, com grande aproveitamento, a devoção de renovar em cada mês o protesto da morte, com todos os atos em tal transe próprios de um cristão, e isto depois de receber os sacramentos da confissão e comunhão, imaginando que se acham moribundos e a ponto de sair desta vida.
O que se não faz na vida, difícil é fazê-lo na morte. A grande serva de Deus, irmã Catarina de Santo Alberto, filha de Santa Teresa, suspirava na hora da morte, exclamando: "Não suspiro, minhas irmãs, por temor à morte, pois há vinte e cinco anos que a espero; suspiro porque vejo tantos pecadores iludidos que esperam para reconciliar-se com Deus até a hora da morte, quando apenas poderão pronunciar o nome de Jesus".
Examina, pois, meu irmão, se teu coração tem apego a qualquer coisa da terra, a determinadas pessoas, honras, riquezas, casa, sociedade ou diversões, e considera que não hás de viver aqui eternamente.
Virá o dia, talvez próximo, em que deverás deixar tudo. Por que, neste caso, manter o afeto nessas coisas, correndo risco de ter morte inquieta?...
Oferece-te, desde já, por completo a Deus, que pode, quando lhe aprouver, privar-te desses bens. Quem quiser morrer resignado, há de ter resignação desde agora em todos os acidentes contrários que lhe possam suceder; e há de afastar de si os afetos às coisas da terra. - Afigura-te que vais morrer - diz São Jerônimo - e facilmente conseguirás desprezar tudo.
Se ainda não escolheste estado de vida, toma aquele que na hora da morte quererias ter escolhido e que possa proporcionar-te um trânsito mais consolador à eternidade. Se já tens um estado, faze tudo que ao morrer quiseras ter feito nesse estado. Procede como se cada dia fosse o último da vida, cada ação a derradeira que praticas; a última oração, a última confissão, a última comunhão. Imagina que estás moribundo, estendido sobre o leito, e que ouves aquelas palavras imperiosas: Sai deste mundo. Quando estes pensamentos nos podem ajudar a caminhar bem e a menosprezar as coisas mundanas! "Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando vier, achar procedendo assim" (Mt 24,46). Aquele que espera a toda hora a morte, ainda que esta venha subitamente, não pode deixar de morrer bem.
AFETOS E SÚPLICAS
Todo cristão, quando se lhe anuncia a hora da morte, deve estar preparado para dizer o seguinte: Senhor, restam-me poucas horas de vida; quero empregá-as em amar-vos quanto posso, para entrar na eternidade amando-vos. Pouco me resta para vos oferecer, mas ofereço-vos estas dores e o sacrifício que vos ofereceu por mim Jesus Cristo na cruz. Poucas e breves são, Senhor, as penas que padeço, em comparação com as que hei merecido; mas, tais como são, abraço-as em sinal do amor que vos tenho.
Resigno-me a todos os castigos que me queirais inflingir nesta e da outra vida. Contanto que possa amar-vos eternamente, castigai-me quanto vos aprouver. Peço não me priveis de vosso amor. Reconheço que não mereço amar-vos por haver tantas vezes desprezado o vosso amor, mas vós não podeis repelir uma alma arrependida. Pesa-me, ó Suma Bondade, de vos ter ofendido. Amo-vos com todas as veras do meu coração, e em vós deposito toda a minha confiança, ó Redentor meu! Nas vossas mãos chagadas encomendo a minha alma... Ó meu Jesus, para salvar-me derramastes todo o vosso sangue. Não permitais que me aparte de vós (Sl 30,6). Amo-vos, Eterno Deus, e espero amar-vos durante toda a eternidade... Virgem e Mãe minha, ajudai-me na minha última hora! Entrego-vos minha alma! Dizei a vosso Filho que tenha piedade de mim! A vós me recomendo: livrai-me da condenação eterna!
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Santo Afonso Maria de Ligório - Preparação para a morte, pg 101-111.
Imagem: Jean Louis Ernest Meissonier
São Bernardo de Claraval
Acabamos de ver que a verdadeira sabedoria deve por si mesma edificar sua própria casa; acrescentamos agora que esta casa deve assentar-se sobre sete colunas, nas quais haverá de apoiar-se e sustentar-se todo o edifício espiritual.
O edifício ou casa é a consciência; as sete colunas são: a boa vontade, a lembrança constante dos benefícios de Deus: o coração puro; o entendimento livre (livre de todo preconceito); espírito reto; a alma devota; a razão iluminada (iluminada do alto).
A boa vontade é a primeira coluna que haveremos de levantar; porque de todos os dons de Deus que concorrem para a santificação do homem, o primeiro e principal bem é a boa vontade, em virtude da qual a imagem ou semelhança com Deus é restaurada. É o primeiro bem, porque pela bondade da vontade começa todo bem, é o principal bem, porque nada melhor nem mais útil foi dado ao homem que a boa vontade; faça o homem o que fizer, nenhuma ação humana será boa se não procede da boa vontade. Sem esta, ninguém pode salvar-se; com a boa vontade ninguém pode perecer. A boa vontade não pode ser dada a quem não a queira, nem recusada, tirada de quem a deseje. A boa vontade pertence ao homem; o poder, a Deus.
A vontade é do homem porque o querer é inerente à sua natureza e seu mérito todo está em sua vontade. Quanto mais queirais, tanto mais merecereis, isto é, quando maior seja vossa boa vontade, tanto maior será vosso mérito. Admiremos a misericórdia de Deus que colocou nossa redenção em coisa da qual ninguém pode carecer, nem dela ser pobre, a menos que queira sê-lo; antes, todos podem na mesma medida dispor de riqueza, todos, ricos e pobres, podem com idêntica intensidade, querer, da mesma maneira amar. Mas não esqueçamos que a vontade é boa, enquanto opera o que pode operar.
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São Bernardo de Claraval - Tratado da Consciência ou do Conhecimento de si mesmo.
Editora Nebil, 2015. pág. 26-8.
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São Bernardo de Claraval
1. Como, por meio das boas obras, deve-se manter a consciência limpa e pura
Esta casa corporal em que habitamos ameaça ruína por todos os lados; e como há de cair e até dissolver-se dentro de pouco tempo, necessita que nos dediquemos a construir outra. Volvamos, pois, a nós mesmos, sacudamos e sondemos cuidadosamente nossa consciência. Nosso corpo é a tenda de onde, servindo a Deus, combatemos contra os vícios; a consciência é a casa da qual, se formos vitoriosos, poderemos descansar depois da batalha.
Mas, para edificar a casa da consciência é necessário que lutemos valorosamente, que não desfaleçamos no combate com nosso corpo. "Trabalha e cultiva com esmero teu campo - disse Salomão - para que possas depois edificar tua casa". Este campo é nosso corpo, cujos sentidos e inclinações, se bem os empregamos, submetendo-os ao domínio da alma, devem constantemente dirigir-se à prática das virtudes, para a qual é indispensável que o corpo seja servo da alma, e a alma viva submetida a Deus: este é o procedimento único de edificação da consciência em nosso interior, para obter a satisfação das faltas cometidas e para evitar os males presentes. A verdadeira satisfação consiste em corrigir os males que fizemos e jamais voltar a neles reincidir.
A consciência é perpétua e, como a alma, não tem fim; pois bem, a alma, que é imortal, não pode existir sem a consciência. A consciência será indefectivelmente a glória ou a confusão inevitável de cada um, conforme a qualidade das coisas que nela deposite. A consciência, pois, morada perpétua da alma, requer ser purificada primeiro, e solidamente edificada depois. Quem a purificará? Deus e o homem: o homem, por meio de seus pensamentos e afeições. Deus, por sua misericórdia e por sua graça. Pensamentos e afetos são necessários na purificação da consciência: os pensamentos para a investigação da verdade, os afetos para a prática da virtude. Algumas vezes, a misericórdia divina apaga o pecado e nos dá força para resisti-lo; em outras, afasta de nós a ocasião de pecar e nos deixar certa amargura por não ter lutado e triunfado sobre o mal; com frequência corrige nosso afeto, isto é, nosso desejo, inclinado ao pecado e debilitado pelo prazer, por causa do deleite que usufruiu pecando. A graça ajuda-nos a fazer o bem, a evitar o mal e ensina-nos a distinguir um do outro.
Que o homem, estimulado pela verdade, reconheça e confesse seus pecados: Deus inclina-se sempre à misericórdia para com quem sinceramente se confessa. Na confissão está toda, esperança de perdão; ninguém pode ser justificado sem que antes confesse sua culpa; porque o homem começa a ser justo exatamente quando se acusa a si mesmo. Ditosa a consciência na qual se tenha encontrado a misericórdia e a verdade, na qual se deem estreito abraço a justiça e a paz! A verdade por parte do penitente e a misericórdia de Deus ter-se-ão encontrado nessa consciência, porque é indefectível esta misericórdia em quem realmente se conhece a si mesmo. O ósculo da justiça consiste em amar os inimigos; em abandonar a família e bens, tudo quanto se possua, por amor a Deus; em sofrer pacientemente as injustiças; em fugir em tudo e por tudo da falsa glória pessoal. O beijo da paz consiste em convidar com ela todos que a odeiam; em chamar à concórdia os que estão desunidos, em suportar pacificamente os próprios inimigos; em instruir com bondade os ignorantes; em consolar com doçura os aflitos; na tribulação, aos que choram e, por último, em viver em paz e fraternidade com todos. Feliz a alma que foi confirmada na paz da Cristo, fortalecida no amor de Deus! Virão as batalhas do exterior: não conseguirão turbar o silêncio, a calma, a doçura da paz interior que a alma goza e na qual concentrou todos os seus desejos; virão as tentações: não conseguirão corromper, pelos apetites da carne, sua vontade; porque a alma possui já em si mesma tudo o que constitui sua felicidade, suas delícias; e, desta maneira purificada, quando se recolhe em seu gozo interno, já está refeita à imagem de Deus, a quem em si própria honra. E os anjos e os arcanjos virão frequentemente visitá-la, render-lhe homenagem, como templo de Deus e morada do Espírito Santo.
Transformai-vos, pois, em templo de Deus, e o Altíssimo habitará em vós; porque a alma que tem Deus em si mesma, é templo de Deus e nela são celebrados os divinos mistérios. Mas se a alma não se esforça por viver em si mesma, em concentrar no amor de Deus todos seus desejos, haverá de sair ao exterior, e pela vista, pelo ouvido, pelos demais sentidos corporais, se deleitará nas coisas mundanas, exteriores a ela. E, neste caso, que lhe acontecerá quando encontre todas as portas dos sentidos do corpo fechadas? Então, se internado novamente em si mesma, encontrar-se-á de confusão e de horror. Por ter-se deleitado nos consolos do mundo, não encontrará a consolação interior, que somente Deus dá: Deus não se dignará visitá-la, e a alma angustiada pelo peso de sua própria consciência não poderá suportar-se a si mesma. Não encontrará o desejado repouso porque abandonou Aquele em que unicamente deveria repousar e habitar.
Encontrai-vos hoje na companhia e sociedade dos homens: pensai que não sempre havereis de estar com eles e, enquanto viveis, buscai por companheiro o único que não vos abandonará nos dias de angústia, quando tudo vos seja tirado, mas que permanece eternamente fiel àqueles que o amam: Deus, que é vosso Deus; só e Ele deveis buscar. Abandonai, pois, todas as distrações do coração, todas as flutuações de vosso espírito; assentai apenas em Deus vossos firmes desejos e aspirações; que vosso coração se encontre constantemente ali onde está vosso mais apetecível e desejado tesouro.
Deus habita com agrado na tranquilidade dos corações, nas almas sossegadas e em calma: Ele mesmo é a paz e na paz tem sua morada. Fazei-vos, pois, tais, que Deus esteja sempre convosco, que convosco vá e viaje, que regresse convosco, que jamais vos veja separados d'Ele. Não vos abandonará, se vós mesmos não o abandoneis; onde quer que vós vades não vos encontrareis a sós se Deus está convosco. Purificai vossa consciência, a fim de que Deus se digne habitar em vós, encontre sua morada limpa e convenientemente disposta; porque ele mesmo disse: "Edificai-me um santuário e nele morarei entre vós".
Esforcemo-nos, pois, em construir em nós mesmos o templo de Deus, para que Deus habite primeiro em cada um de nós, depois em nós todos. Necessita, para isso, que cada qual não esteja em desacordo consigo mesmo; porque todo reino intestinamente dividido será desolado e suas casas cairão umas sobre as outras: Jesus Cristo não entrará na casa cujos muros estejam caídos ou ameaçem ruína. A alma deve possuir a casa de seu corpo, completa, intacta, e sairá indefectivemente dela se os membros do corpo não estiverem íntegros ou se encontrem desunidos. Cuide, portanto, com grande zelo, a alma desejosa de que Jesus Cristo nela habite, que seus membros não estejam discordantes entre si, seus membros, isto é, o entendimento, a vontade e a memória; porque, para preparar em nosso interior uma habitação digna de Deus, é necessário, que a razão não se encontre extraviada, nem pervertida a vontade, nem manchada a memória: em outros termos, é indispensável possuir entendimento reto, vontade boa e pronta, memória limpa e pura. Feliz a alma que se aplique a purificar de toda mancha de pecado a casa de seu coração e a enchê-la de obras santas e justas! Porque já não apenas os anjos, mas também o próprio Senhor dos anjos se deleitará em nela vir, e habitá-la. E não basta apenas purificar essa casa interior do que tenha de mal: é necessário enchê-la de coisas boas, para que não seja preciso nada buscar fora dela, uma vez abandonadas todas as coisas exteriores.
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São Bernardo de Claraval - Tratado da Consciência ou do Conhecimento de si mesmo.
Editora Nebil, 2015. pág. 17-26.
Santo Afonso Mª de Ligório
Poder que tem a Paixão de Jesus Cristo para acender o amor divino em nossos corações
O Pe. Baltasar Álvarez, um grande servo de Deus, dizia que não devemos pensar ter feito algum progresso no caminho de Deus, se ainda não chegamos a ter sempre no coração Jesus crucificado.428 São Francisco de Sales escreve que "o amor que não nasce da paixão é fraco".429 E é mesmo, porque não há coisa que mais nos obrigue a amar o nosso Deus do que a Paixão de Jesus Cristo, isto é, saber que o Pai Eterno, para nos mostrar o excesso do amor que nos consagra, quis enviar seu Filho Unigênito à Terra para morrer por nós, pecadores. Isso levou o Apóstolo a escrever que Deus, pelo grande amor com que nos amou, quis que a morte de seu Filho nos trouxesse a vida: Deus, que é rico em misericórdia, pela extrema caridade com que nos amou, estando nós mortos pelos pecados, vivificou-nos em Cristo (Ef. 2,4-5). Foi isso justamente o que queriam exprimir Moisés e Elias no Monte Tabor, ao falar da Paixão de Jesus Cristo como de excesso de amor: E falavam do seu excesso que ele devia sofrer em Jerusalém (Lc 9,31).
Quando nosso Salvador veio ao mundo para remir os homens, os pastores ouviram os anjos cantarem: Glória a Deus nas alturas (Lc 2,14). Mas ao humilhar-se o Filho de Deus, fazendo-se homem por amor do homem, parecia que antes se obscurecia do que se manifestava a glória de Deus. E afinal não era assim, pois a glória de Deus não podia ser melhor manifestada ao mundo do que pela morte de Jesus em prol da salvação dos homens, visto a Paixão de Jesus nos ter manifestado as perfeições dos atributos divinos. Ela nos fez conhecer a grandeza da misericórdia divina, querendo um Deus morrer para salvar os pecadores e morrer de um morte tão dolorosa e ignominiosa. S. João Crisóstomo diz que o sofrimento de Jesus Cristo não foi um sofrimento comum e a sua morte não foi uma simples e semelhante à dos outros homens. 430 Ela nos fez conhecer a sabedoria divina. Se nosso Redentor fosse somente Deus não poderia satisfazer pelo homem, porque Deus não poderia satisfazer a si mesmo em lugar do homem, nem poderia satisfazer padecendo, sendo Ele impassível. Pelo contrário, se fosse somente homem, não poderia como tal satisfazer pela grande injúria feita à majestade divina. Por isso o que fez Deus? Enviou seu próprio Filho, verdadeiro Deus como Ele, a tomar a natureza humana para que assim, como homem, pagasse com a morte a justiça divina e como Deus lhe desse uma satisfação completa. Ela nos fez conhecer a grandeza da justiça divina. S. João Crisóstomo dizia que não é tanto o Inferno, com o qual Deus castiga os pecadores, que demonstra quão grande seja a sua justiça, mas com Jesus Cristo na cruz, 431 já que no Inferno são punidas as criaturas por seus próprios pecados, ao passo que na cruz se vê um Deus martirizado para satisfazer a justiça pelos pecados os homens. Que obrigação tinha Jesus de morrer por nós? Foi oferecido porque ele mesmo quis (Is 53,7). Ele poderia sem injustiça abandonar o homem na sua desgraça, mas o amor que lhe tinha não lhe permitiu vê-los infelizes, e por isso escolheu entregar-se a si mesmo a morte tão penosa, para obter-lhes a Salvação: Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós (Ef 5,2). Desde toda a eternidade havia amado o homem: Amei-te com amor eterno (Jr 31,3). Vendo-se, porém, obrigado por sua justiça a condená-lo e a tê-lo sempre longe de si no Inferno, sua misericórdia impele-o a descobrir um meio de poder salvá-lo. Mas como? Satisfazendo Ele mesmo a divina justiça com sua morte. E assim quis que na própria cruz em que morreu fosse afixado o decreto de condenação do homem à morte eterna, para que fosse destruído ou apagado com seu Sangue. 432
Dessa maneira, pelos merecimentos de seu Sangue alcançou-nos o perdão de todos os crimes, perdoando-nos todos os nossos pecados (Cl 2,13). Consequentemente espoliou o demônio de todos os direitos adquiridos sobre nós, conduzindo consigo em triunfo tanto seus inimigos como nós, seu espólio: Despojou os principados e potestades, e fez deles um objeto de escárnio público, triunfando deles por si mesmo (ibid., v. 15). Teofilato comenta: "Como um vencedor e triunfador carregando consigo a presa e os homens em triunfo". 433
Por isso Jesus Cristo, satisfazendo a divina justiça, ao morrer na cruz, não falou senão em misericórdia; pediu ao Pai que tivesse misericórdia dos mesmos judeus que haviam tramado a sua morte e dos carrascos que o trucidaram: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23,34). Estando na cruz, em vez de punir os ladrões que pouco antes o haviam injuriado - Também os que tinham sido crucificados com ele o insultavam (Mc 15,32) - ouvindo que um deles lhe pedia misericórdia: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino (Lc 23,42), Ele cheio de compaixão, promete-lhe o Paraíso para aquele mesmo dia: Hoje estarás comigo no paraíso (ibid., v. 43). Antes de morrer, deu-nos por mãe sua própria Mãe. Então disse ao discípulo: "Eis a tua mãe" (Jo 19,27). Na cruz, declara que está satisfeito por ter feito tudo para obter-nos a Salvação e coroa com a sua morte: Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, (...) disse: "Tudo está consumado". Depois, inclinando a cabeça, rendeu o espírito (ibid., vv. 28.30).
Eis o homem livre do pecado e do poder de Lúcifer pela morte de Jesus Cristo, e além disse elevado ao estado de graça, e de graça maior que a perdida por Adão. Onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5,20). Resta-nos agora, diz o Apóstolo, recorrer sempre com confiança a esse trono de graça, que é justamente Jesus crucificado, para que recebamos de sua misericórdia a graça da Salvação e os auxílios oportunos para vencermos as tentações do mundo e do Inferno.434
Ah, meu Jesus, eu vos amo sobre todas as coisas e que quero eu amar senão a Vós, que sois uma bondade infinita e por mim morrestes? Desejaria morrer de dor cada vez que penso que vos expulsei de minha alma com os meus pecados e que me separei de Vós, que sois meu único bem e tanto me tendes amado. Quem me separará, pois, do amor de Cristo? (Rm 8,35). Só o pecado me pode separar de Vós. Mas espero, pelo sangue que derramastes por mim, que não haveis mais de permitir que eu me separe jamais de todos os bens. Dou-me todo a Vós, aceitai-me e prendei todos os meus afetos para que não ame a ninguém mais senão a Vós.
Por acaso Jesus Cristo pretende muito, querendo que nos demos inteiramente a Ele, que nos deu todo o seu sangue e a sua vida, morrendo por nós na cruz? Ouçamos o que diz S. Francisco de Sales sobre estas palavras, o amor de Cristo nos constrange (II Cor 5,14): "Saber que Jesus nos amou até a morte, e morte de cruz, não é sentir nossos corações oprimidos por uma violência que é tanto mais forte quanto Ele é mais amável? O meu Jesus deu-se todo a mim e eu me dou todo a Ele, e viverei e morrerei sobre o seu peito, e nem a morte nem a vida me separarão jamais dele".435
Jesus Cristo morreu, diz S. Paulo, para que cada um de nós não viva mais para o mundo nem para si mesmo, mas só para Ele, que se deu inteiramente a nós: Cristo morreu por todos, a fim de que aqueles que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que morreu (ibid., v. 15). Quem vive para o mundo, busca os prazeres do mundo; quem vive para si mesmo, busca a sua satisfação; quem vive para Jesus Cristo, não procura agradar senão a Jesus e nada teme senão desgostá-lo; não se compraz senão vem vê-lo amado e não se aflige senão de vê-lo desprezado. Isso é viver para Jesus Cristo e isso é o que Ele exige de cada um de nós. Pergunto novamente: por acaso exige muito de nós Aquele que deu seu sangue e sua vida por cada um de nós?
Ó Deus, e por que havemos de empregar os nossos afetos em amar as criaturas, os parentes, os amigos e os grande do mundo - que não suportaram por nós nem flagelos, nem espinhos, nem cravos, não derramaram por nós nem uma gota de sangue - e não amar um Deus que por nosso amor desceu do Céu à Terra, fez-se homem, derramou todo o seu sangue à força de tormentos, e finalmente morreu de dores num madeiro para cativar os nossos corações?! Mais ainda: para unir-se mais estreitamente a nós, deixou-se ficar depois de sua morte sobre nossos altares, onde se torna uma só coisa conosco para nos fazer compreender o amor ardente que nos tem: "Mistura-se conosco para que sejamos um com Ele: isso é próprio dos que amam ardentemente", diz S. Crisóstomo.436 E S. Francisco de Sales acrescenta, falando da santa comunhão: "Em nenhuma outra ação pode-se considerar o Salvador nem mais terno, nem mais amoroso que nesta na qual se aniquila, por assim dizer, e se reduz a comida para unir-se aos corações de seus fiéis.437
Mas como é possível, Senhor, que eu, depois de ter sido amado por Vós com finezas tais, tenha tido a ousadia de vos desprezar, como muito justamente me lançais em rosto? Criei filhos e engrandeci-os, porém eles desprezaram-me (Is 1,2). Como tive coragem de voltar-vos as costas para satisfazer os meus apetites? Lançaste-me para trás das costas (Ez 23,35). Como tive ânimo para expulsar-vos de minha alma? Estes são os [ímpios] que disseram a Deus: "Retira-te de nós" (Jó 21,14). Como tive a ousadia de afligir o vosso Coração, que tanto me amou? Mas o que, então? Devo desesperar de vossa misericórdia? Amaldiçoo os dias em que vos ofendi. Oh, tivesse eu morrido mil vezes antes, ó meu Salvador, e não vos tivesse ofendido! Ó pecadores, quanto não daríeis por uma gota de sangue deste Cordeiro no dia do Juízo? Ó meu Jesus, tende piedade de mim e perdoai-me; conheceis, porém, a minha fraqueza, prendei por completo a minha vontade, para que ela não se rebele mais contra Vós. Expeli de mim todo o amor que não for por Vós. Eu vos acolho por meu único tesouro, por meu único bem: Vós me bastais e não desejo outro bem fora de Vós, Deus do meu coração e minha herança para sempre (Sl 72,26).
Ó ovelhinha amada de Deus, vós que sois a Mãe do divino Cordeiro (assim chamava S. Teresa a Maria Santíssima, "a ovelhinha"), recomendai-me a vosso Filho; vós, depois de Jesus, sois a minha esperança, pois que sois a esperança dos pecadores; nas vossas mãos coloco a minha salvação eterna: "Esperança nossa, salve".
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428. Cf. Venerável Lodovico da Ponte, Vita, c. 3, §2.
429. Tratado do Amor de Deus, 1. 12, c. 13.
430. Cf. Serm. De pass.
431. Cf. In Epist. II ad Cor., hom. 11, n. 3.
432. Cf. Cl 2,14.
433. Exposito in epist., ad Coloss., c. II, 15.
434. Cf. Hb 4,16.
435. Tratado do Amor de Deus, 1. 7, c. 8.
436. Ad pop. Ant., hom. 61.
437. Filotéia, p. II, c. 21.
Santo Afonso Mª de Ligório - A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo