quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A castidade, virtude fecunda

"Importa, em particular, que todos tenham um conceito elevado da virtude da castidade, da sua beleza e da sua força de irradiação. É uma virtude que enobrece o ser humano e que o capacita para um amor verdadeiro, desinteressado, generoso e respeitoso para com os outros" (PH,12).

Quais os frutos da castidade antes do matrimônio?
A castidade, vivida com generosidade e alegria antes do matrimônio, alimenta a fé, mantém e acresce a graça santificante, torna-se o alicerce de uma feliz escolha ou do matrimônio ou da virgindade. 

Quais os frutos da castidade no matrimônio?
Com a castidade, vivia generosamente no matrimônio, os esposos cristãos:
a) "atuam a própria vocação para a perfeição e para o testemunho cristão peculiar, que tem de dar ao mundo;
b) tornam  visível aos homens a santidade e a suavidade da lei que une o amor mútuo dos esposos com a cooperação por eles oferecida ao amor de Deus, Autor da vida humana" (HV,25);
c) transformam a própria família em "pequena Igreja" ou "Igreja doméstica";
d) dão aos filhos um exemplo que se converterá em benção para o futuro.

Quais os frutos da castidade nos candidatos ao sacerdócio ou à vida religiosa?
Os candidatos ao sacerdócio ou à vida religiosa. vivendo positivamente a castidade, preparam-se para afirmar, e numa certa medida já afirmam, o primado do amor de Deus e o primado do amor do próximo na própria vida. 

A castidade, com uma abstenção sexual prolongada -e muito particularmente a que ocorre na virgindade ou celibato religioso- é realmente útil para a vida espiritual e inclusive benéfica no que tange à própria saúde física e psíquica do homem, ou, antes, é contrária a natureza? 
É certamente útil e benéfica, como demostra a ciência e a experiência. Aliás, só para exemplificar, vale a pena lembrar o notável sexólogo, Gregoriano Maranõn, que não apenas afirma o caráter natural da castidade, mas também sublinha a sua grande importância na educação da juventude: "Se eu falasse de um púlpito diria que a virtude suprema do homem, que está construindo sua personalidade, é a castidade. Portanto, apesar das aparências, combater a poligamia mercenária (prostituição) e o hábito da aventura, pregar a submissão dos secretos impulsos da sexualidade e uma repressão voluntária, não é opor-se às leis naturais, pelo contrário, é proclamar o direito da natureza, suplantado por um falso conceito de juventude e de virilidade, o conceito "don-juanesco" do amor. Por isso, o uso precoce desta função, que se considera não apenas como natural, mas condição necessária para poder chamar-se "homem", é tão absurdo quanto pedir às espigas o grão dourado em abril, quando os campos ainda estão verdes. A continência, na juventude, é um preceito eugenético de importância primordial" ("Amor, Convivência e Eugenesia"- Madrid). Ou ainda, ouvir Gowers: "Com toda a força que me vem do conhecimento que possuo e da autoridade que tenho, afirmo que ninguém jamais piorou, ainda que seja muito pouco, pela continência (castidade) ou melhorou pela incontinência. Todos tornam-se moralmente piores pela incontinência, uma sensível maioria piora também fisicamente e, em não poucos casos, o resultado é e será sempre um verdadeiro naufrágio físico" ("Sífilis e o sistema nervoso" - Londres).
Todavia a virgindade, como opção definitiva, só deve ser escolhida por parte de quem recebe de Deus um carisma especial (cf. Cap IV, n. 44). O próprio São Paulo, cuja predileção pela virgindade é bem conhecida, afirma: "Se não podem guardar a continência, casem-se, pois é melhor casar-se do que abrasar em concupiscência" (1 Cor 7,9).

Quem depois de ter escolhido o estado de virgindade, descobre que errou e que a sua vocação é o matrimônio, que deve fazer?
Em primeiro lugar, deve-se observar que qualquer homem normal é chamado ao matrimônio, enquanto apto para ele. Comumente se diz que alguém que fosse incapaz de ser um bom pai, não teria, em princípio, condições de ser um bom padre. Quando, pois, se usam os meios de manter e desenvolver a graça, os recursos, que Deus liga ao cumprimento do dever do estado, são suficientes para garantir e realizar a própria vocação. As dificuldades e as tentações não revelam necessariamente falta de vocação à virgindade, apenas confirmam a objetividade das palavas do Mestre que manda "vigiar e orar". Além disso, a confiança em Deus Pai, que compreende, perdoa e reergue o pecador arrependido, constitui a grande força de recuperação e elevação espiritual.
Pode acontecer que a ordenação ou a profissão religiosa não tenham tido condições de validade, por exemplo, por falhas graves de consentimento dos consagrados, como de resto pode acontecer com o matrimônio. Só resta pedir filialmente à Igreja que examine tais situações e sobre elas profira o seu juízo de Mãe.
Afora tais casos, por tratar-se de lei eclesiástica, e não como a lei divina da indissolubilidade do matrimônio, e depois de tentar todos os meios ao alcance para evitar o quase inaceitável desfecho, ela prefere misericordiosamente dispensar dos votos aqueles que chegaram ao ponto de não se sentirem, de forma alguma,  capazes de realizar os fins da vocação sacerdotal ou religiosa. Entretanto, a Igreja não deixa de sentir profundamente e lamentar com tristeza que o Paulo VI chama de "autentica deserções", se bem que, com carinho materno, os acolha em seu seio, como filhos que são.

Qual o melhor fruto da castidade para todos aqueles que praticaram generosamente?
Enquanto o fruto da impureza é o inferno: "Não vos iludais! Nem is impudicos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os depravados, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os injuriosos herdarão o Reino de Deus" - (1 Cor 6, 9-10), o fruto final da castidade é o Céu: "Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus" (Mt 5,8).

"Absolvei-me, Senhor, do pecado e serei puro, lavai-me e ficarei mais branco do que a neve. Criai em mim um coração puro, meu Deus, e renovai-me o espírito de firmeza. Restituí-me a alegria da salvação, e sustentai-me com uma vontade generosa". (Sl 50). 


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