quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Terezinha, a florinha do vergel do Senhor



"Dignou-se Jesus desvendar-me este mistério, pondo-me diante dos olhos o livro da natureza e fazendo-me compreender que, embora todas as flores por Ele criadas sejam formosas, nem o esplendor da rosa nem a brancura da açucena absorvem o perfume da humilde violeta, nem fazem sombra à encantadora singeleza do malmequer. E fiquei entendendo que, se todas as florinhas quisessem ser rosas, perderia a natureza as suas galas primaveris e os campos o esmalte das suas boninas. 
O mesmo acontece no mundo das almas, que são o jardim vivo do Senhor. Ao lado dos grandes santos, que são os lírios e as rosas deste vergel, comprouve-se Deus em criar outros mais pequeninos, que, contentando-se com a simplicidade do malmequer ou com a modéstia da violeta, são destinados a alegrar os olhos do divino jardineiro, quando Ele se digne poisá-los na terra. A beleza e perfeição de tais flores depende do desvelo com que cumprirem a vontade do Criador. 
Outra coisa fiquei entendendo, e é que o amor de Nosso Senhor tanto se revela na alminha mais simples, que nenhuma resistência opõe às suas graças como nas almas que em voos sublimes se remontaram à perfeição. Efetivamente, sendo o abaixar-se tendência natural do amor, se todas as almas fossem da têmpera desses santos Doutores que foram luzeiros da Igreja, podia parecer que Deus, ao descer até eles, não se abaixava o bastante. Mas como criou o podre selvagem sem outra bússola que o guie, fora da lei natural, ao dignar-se descer a estes coraçõezinhos, não pode deixar de abaixar-se. 
São estas flores dos campos, em cuja simplicidade se revê o Senhor, que, por isso mesmo desce tão baixo, mostra a sua infinita grandeza. Não alumia o sol ao mesmo tempo o cedro do Líbano e a florinha do prado? De igual modo alumia o Astro divino em particular todas as almas, grandes ou pequenas, e tudo resulta em proveito delas como sucede em a natureza, que no dia marcado fazem desabrochar a mais humilde margarida. (...)
Sim, o Senhor mostrou-se sempre comigo compassivo e cheio de mansidão, tardio em castigar e copioso em misericórdias. Experimento por isso verdadeiro gozo, minha querida Madre, em vir cantar a seu lado os inefáveis benefícios que d´Ele recebi."

História de uma alma - Santa Terezinha do Menino Jesus

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