quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A virgindade ou celibato consagrado


“Nestes tempos em que o celibato consagrado é posto em causa frequentemente por não ter sido compreendida a sua inspiração profunda, devemos coloca-lo na sua verdadeira luz, agradecer ao Senhor que suscita semelhantes vocações para a sua Igreja e rezar com perseverança a fim de que numerosos jovens ouçam o apelo do Mestre e lhe respondam generosamente” (AS,6).

Que é a virgindade?
A Virgindade é a escolha, por atração de Graça especial, de intimidade com Cristo, de tal modo que somente Ele seja o Esposo da alma, em lugar de qualquer intimidade humana lícita.

A virgindade é conhecida e estimada também no paganismo antigo e em outras religiões?
Certamente, mas apenas para uma finalidade de culto ou, como no Budismo, só para uma finalidade ascética.

O que caracteriza a virgindade cristã?
A característica da virgindade cristã, “que se conta sem dúvida entre os mais preciosos tesouros deixados como herança à Igreja pelo seu Fundador” (SV,1), não é nem valor cultual, nem o valor ascético – que não é excluído – mas a sua ligação estreitíssima com a caridade. A virgindade casta é uma forma mais alta e mais perfeita de caridade. Escolhe-se a virgindade para poder amar mais, para poder “agradecer ao Senhor” (cf. 1 Cor 7, 32-34).

Pode-se afirmar que a virgindade é mais excelente do que o matrimônio?
É verdade de Fé definida no Concílio de Trento (Sess. XXIV -10), confirmada por Pio XII na Encíclica “Sacra Virginitas” (25.03.54) e no Vaticano II (OT, 10 e LG, 42). Fundamenta-se na palavra e no exemplo de Jesus, que escolheu a virgindade, no ensinamento de São Paulo (1 Cor 7,25-38) e na tradição patrística.

Em que sentido a virgindade é superior ao matrimônio?
Não como um desprezo do matrimônio e da sexualidade. A Igreja afirma não só que o matrimônio é coisa boa e honesta, mas que é caminho de perfeição e de santidade cristã como a virgindade, porém de modo diferente e com algumas específicas dificuldades (cf. GS,48).
A superioridade da virgindade com respeito ao matrimônio está:
a) no fato de que a virgindade é a realidade, da qual o matrimônio é um sinal. O matrimônio, de fato, é sinal do amor recíproco de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5, 25-32). A virgindade, pelo fato de que participa, sem nenhuma mediação humana, da união de Cristo e da Igreja, não reflete só simbolicamente o amor de Cristo, mas o contém;
b) ainda no fato de que a virgindade afasta alguns possíveis obstáculos do caminho da santidade cristã e representa uma via mais segura ao total amor de Cristo.

Qualquer pessoa pode escolher o estado de vida de virgindade ou celibato consagrado?
Evidentemente que não. É preciso um carisma especial, que Deus concede, no entanto, abundantemente, mas não a todos. Jesus, depois que falou da virgindade, acrescentou: “Quem tiver capacidade para compreender, que compreenda” (Mt 19,12).

Quais são os frutos da virgindade?
Paulo VI sintetizou muito bem os frutos da virgindade, na alocução do dia 2 de fevereiro de 1976, com as seguintes palavras:
“Vós conheceis este outro prodígio da castidade votada à caridade: ela não só não fecha as janelas das nossas celas sobre o mundo, mas abre-as, não certamente para nele buscar o encontro, aliás, bendito do amor conjugal, que nós hoje mais do que nunca honramos e sabemos que é fonte, em Cristo, de graça sacramental e programa normal de santificação, mas para se derramar em caridade que se sublima e se entrega no serviço aos outros e no sacrifício de si mesmo, e que transforma o celibato e a virgindade em fontes incomparáveis de santidade evangélica, a qual lhes assegura, na economia cristã, o primado na jerarquia do amor. Quem melhor pode amar e servir aos homens do que aquele que renunciando a todo o próprio amor humano oferece a própria vida Àquele Cristo Jesus, que de todos os irmãos necessitados fez sacramento de uma Sua presença mística e social?”

O celibato sacerdotal é necessário de modo absoluto?
Não é necessário de modo absoluto, mas muito conveniente por três motivos:
a) semelhança com Cristo;
b) maior disponibilidade para o serviço dos irmãos;
c) testemunho da vida futura, a qual já de certa forma se começa a viver neste mundo.

A Igreja pode mudar a lei do celibato sacerdotal?
A Igreja, que “guarda desde há séculos como brilhante pedra preciosa o celibato sacerdotal”, e acredita que esta instituição “conserva todo o seu valor mesmo nos nossos tempos” (SAC,1), poderia todavia modificar a lei do celibato, se o Espírito Santo a convidasse a fazê-lo.

Uma mudança de lei do celibato (ordenação de homens casados ou escolha livre por parte de todos os candidatos ao sacerdócio) poderá resolver para a Igreja Universal o problema gravíssimo das vocações sacerdotais em impressionante diminuição em várias partes do mundo?
É pouco provável. A Igreja espera “poder gloriar-se, humildemente e sempre, da fidelidade dos sacerdotes ao sublime dom da virgindade, de vê-lo florescer e ser cada vez mais apreciado, em todos os ambientes, para que engrossem as fileiras dos que acompanham o Cordeiro por onde quer que Ele vá (cf. Ap 14,4)” (SAC,98).

“A Igreja proclama altamente esta sua esperança em Cristo, em consciência da dramática escassez de sacerdotes em relação às necessidades espirituais da população do mundo, mas espera firmemente, fundada nos recursos infinitos e misteriosos da Graça, que a qualidade espiritual dos seus ministros há de produzir também o seu aumento em número, pois a Deus tudo é possível (cf. Mc 10, 27; Lc 1, 37)” (SAC,99). 

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