quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A castidade, Virtude dos fortes

"Os fiéis, também hoje, e mesmo mais do que nunca, devem empregar os meios que a Igreja sempre recomendou para levar uma vida casta: a disciplina dos sentidos e da mente, a vigilância e a prudência para evitar as ocasiões de queda, a guarda do pudor, a moderação nas diversões, as ocupações sãs, o recurso frequente à oração e aos sacramentos da Reconciliação (Penitência) e da Eucaristia. Os jovens, sobretudo, devem ter o cuidado de fomentar a sua devoção à Imaculada Mãe de Deus e propor-se como modelo a vida dos Santos e daqueles outros fiéis cristãos, particularmente dos jovens, que se distinguiram na prática da virtude da castidade" (PH, 12). 

É possível viver uma continência ou abstenção sexual periódica longa ou mesmo definitiva exigida, em concreto, pelos diversos estados de vida: a) antes do matrimônio (abstenção que cobre normalmente o período da adolescência e os primeiros anos da maturidade e que se caracteriza por uma grande excitabilidade sexual)? b) no matrimônio (até na grave circunstância de uma abstenção total forçada)? c) na viuvez ou no abandono do cônjuge (abstenção que cobre toda uma grande e penosa etapa da vida)? d) na virgindade ou no celibato consagrada (abstenção que cobre o curso de uma existência inteira)? e) na virgindade ou no celibato não consagrado (daqueles que, não sentindo o apelo de Deus à vida religiosa ou sacerdotal, não se casaram por circunstâncias diversas, alheias ou não à sua vontade, e servem a Deus  e ao próximo na sua profissão, no seu ambiente ou no seu lar)? 
Sim. É possível e relativamente fácil com a ajuda que Deus sempre dá (graça atual) a quem a procura com humildade e perseverança. Como, porém, "nada é desejável sem ser primeiro conhecido", só quem conhece a beleza da castidade será capaz de praticá-la, nas condições acima.

Como o homem procura e obtém a graça atual, que o torna forte contra todos os inimigos espirituais, e, por isso, também no combate pela castidade?
O homem procura e obtém a graça atual, seguindo o exemplo dos santos de todos os tempos, idades e estados, e particularmente o exemplo singularíssimos e excelso da Virgem Maria, a única criatura a ostentar maravilhosamente sobre a sua fronte o duplo dilema da Maternidade Divina e da Sagrada Virgindade, antes, durante e depois do parto, e desenvolvendo no seu interior uma adequada Vida Espiritual, com o recurso frequente à oração, à mortificação e aos Sacramentos, e com a observância de uma conveniente higiene e disciplina de vida. 

Quais são, porém, os dois meios essenciais de que a vida espiritual dispõe?
Os dois meios essenciais de que a Vida Espiritual dispõe são a oração e a mortificação (cf. Mc 9,29; Gál 5,17-24; 1 Cor 9,12; Mt 5, 28-29).

Entre as várias práticas de mortificação, qual a mais eficaz na luta pela castidade?
É certamente a fuga das tentações e das ocasiões de pecado (cf. SV, 52-55). "Fujo para não ser vencido", dizia São Jerônimo. O Espírito Santo afirma: "Quem ama o perigo nele perecerá" (Eclo 3,27). E Santo Agostinho: "Não digais que tendes almas puras se tendes olhos impuros, porque os olhos impuros são mensageiros dum coração impuro". 
Significativos os exemplos de José, que fugiu e foi vitorioso (cf. Gên 39,12); e de Davi, que não fugiu e cometeu adultério e homicídio (cf. 2Sam 11, 2-5).

Além da fuga, qual é outro meio muito importante nesta luta?
É a mortificação exigida para praticar as normas do pudor cristão, que pode definir-se como a "prudência da castidade". 

Como se manifesta o pudor cristão?
O pudor: a) previne o perigo que ameça; b) impede de expor-se a ele; c) não se compraz com palavras torpes ou menos honestas; d) aborrece a mais leve imodéstia; e) afastar-se da familiaridade suspeita com pessoas do outro sexo ou do mesmo sexo; f) tem horror a qualquer pecado de impureza; g) e retira-se ao primeiro assomo da sedução (cf. SV, 56-58).

Se os meios sobrenaturais ocupam o primeiro lugar na luta pela castidade, é necessário usar também os meios naturais?
Certamente também os meios naturais ajudam na luta pela castidade, especialmente: a) ocupar bem o tempo, evitando a ociosidade; b) cuidar da higiene no repouso e na alimentação (praticar esporte; evitar a temperança, o uso exagerado de bebidas alcoólicas e de excitantes; etc); c) interessar-se por bons ideais; d) cultivar amizades, que estimulem a virtude, somem energias e experiências, e criem um clima propício ao crescimento espiritual; e) ter um conhecimento prudente e exato, proporcionado à idade e ao desenvolvimento físico e psíquico, dos problemas da vida sexual. 

Para quem profanasse gravemente a pureza, estariam fechadas todas as portas da volta à beleza da virtude?
Aqueles que conheceram os desregramentos dos sentidos e experimentaram todos os tipos de concupiscência, por uma vida de luxúria, poderão, quando dóceis à graça de Deus, renunciar, pelo arrependimento sincero e a penitência confiante, a esse passado de vícios e abraçar conscientes, e com toda a generosidade, o caminho de uma nova castidade por amor a Deus, servindo-O com fidelidade onde quer que estejam. Cristo exaltou a virtude recuperada, ao referir-se à pecadora: "Seus numerosos pecados lhe são perdoados porque muito amou" (Lc 7,47). Ele já o dissera claro na parábola do filho pródigo, que, mesmo depois de servir aos porcos, viu devolvidos todos os títulos de filho (Lc 15,22-24). E a história da Igreja está cheia desses prodígios maravilhosos da Graça, que produziu um Santo Agostinho, uma Santa Margarida de Cortona, entre tantos. O amor vence tudo!

Qual a orientação da Igreja com respeito à educação sexual?
"Que as crianças e os jovens, de acordo com a idade, sejam preparados por uma educação sexual positiva e prudente" (GE,1); "eles devem ser instruídos convenientemente e a tempo sobre a dignidade, a função e o exercício do amor conjugal, a fim de que, preparados no cultivo da castidade, possam passar, na idade própria, do noivado honesto às núpcias" (GS,49). Entende-se por "educação sexual positiva e prudente", uma iniciação ou instrução "fortemente ligada a uma constante disciplina, a um vigoroso domínio de si mesmo, ao uso, sobretudo, das forças sobrenaturais da oração e dos Sacramentos" (Pio XII aos Pais de Famílias Francesas, 18-09-1951), que leve ao "cultivo da castidade".

A quem cabe a delicada tarefa da educação sexual?
A educação sexual deve ser dada pelos pais, cuja principal preocupação pedagógico-cristã será a de mostrar o fundamental e íntimo relacionamento do sexo com amor, de modo que a criança ou jovem veja, no instinto sexual, um convite que Deus faz ao homem a participar do seu amoroso poder criador, para propagar a vida. Que a criança compreenda que a mãe ou a mulher grávida realiza, no plano da vida física, o mais belo trabalho existente no universo: gera nova vida. Se os pais não puderem dar educação sexual aos filhos, hão de substituí-los, com sua autorização explícita, outras pessoas qualificadas (médicos, professores, sacerdotes ou parentes mais próximos) nas quais as crianças sintam confiança.

Um adolescente ou um jovem, que já recebeu uma sã educação sexual, possui, normalmente, a capacidade de aplicar com prudência e equilíbrio os meios de combate pela castidade?
Não. Por isso, é sumamente recomendável a prática da Direção Espiritual, que se converte no meio mais importante para viver uma vida casta e para descobrir a vontade de Deus acerca do caminho a seguir: o matrimônio ou a virgindade.

Que é a direção espiritual?
É a arte de guiar as pessoas individualmente, com um trabalho constante e progressivo, para posse do grau da perfeição à qual Deus as chama. 

Como deve ser praticada a direção espiritual?
A Direção Espiritual deve ser praticada: com sinceridade, com docilidade e com perseverança. 


Pe. Vitório Lucchesi

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