sábado, 12 de outubro de 2013

A castidade extraconjugal


“Um encontro sexual, que não é vivido no contexto de um compromisso total e de um amor fiel, assemelha-se, à primeira vista, a um ato de amor, mas de fato difere de tal maneira dele, como a flor cortada difere da flor viva: a flor cortada pode parecer bela e cheia de vida, mas está condenada, quer se queira quer não, a murchar brevemente” (AS,6)

Que exige a castidade por parte das pessoas que não vivem no matrimônio?
A castidade exige por parte das pessoas que não vivem no matrimônio a renúncia a qualquer uso voluntário do instinto sexual. Mas tudo o que escapa ao domínio da vontade, retamente ordenada e, portanto, ao campo da liberdade (impulsos involuntários, sonhos, tentações não aceitas, etc.), sai do âmbito da responsabilidade e, pois, do pecado.

Quais são os principais pecados contra a castidade de pessoas não casadas?
Os principais pecados externos contra a castidade de pessoas não casadas são:
  a) O adultério (união sexual com pessoa de outro ou do mesmo sexo casada);
b) A fornicação (união sexual com pessoa de outro sexo não casada);
  c)  A sodomia (cópula anal);
 d) A homossexualidade (prática sexual com pessoa do mesmo sexo);
  e) A bestialidade (prática sexual com animais);
f)   A masturbação (procura solitária do prazer sexual);
Esses mesmos pecados cometidos por pessoas casadas incluem normalmente uma gravidade ainda maior. 

A homossexualidade é grave desordem moral também quando “os homossexuais são definitivamente tais, por força de uma espécie de instinto inato ou de uma constituição patológica considerada incurável” (PH,8)?

Sim. “... Segundo a ordem moral objetiva, as relações homossexuais são atos destituídos da sua regra essencial e indispensável. Elas são condenadas na Sagrada Escritura como graves depravações e apresentadas aí também como uma consequência triste de uma rejeição de Deus (cf. Rom 1,24-27). Este juízo exarado na Escritura Sagrada não permite, porém, concluir que todos aqueles que sofrem de tal anomalia são por isso pessoalmente responsáveis; mas atesta que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados e que eles não podem, em hipótese nenhuma, receber qualquer aprovação” (PH,8).

Por que a masturbação voluntária é uma grave desordem moral?
“Tanto o Magistério da Igreja, na linha de uma tradição constante, quanto o sentir moral dos fiéis, afirmaram sem hesitações que a masturbação voluntária é um ato intrínseca e gravemente desordenado. A razão principal disso é a seguinte: qualquer que seja o motivo que o determine, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz essencialmente à sua finalidade. Falta-lhe, de fato, a relação sexual requerida pela ordem moral, aquela relação que realiza ‘o sentido integral de uma doação recíproca e da procriação humana num contexto de autêntico amor’” (PH,9 e GS,51).

O que dizer da procura de um prematuro “ajuste sexual’ no caso das assim ditas “experiências pré-matrimoniais”?
É um comportamento gravemente ilícito, e ainda sem sentido também psicologicamente falando, já que o “ajuste sexual” não é condição de amor, mas, pelo contrário, deverá ser o amor a buscar esse ajuste, devendo para tanto os casados, e somente eles, usar de todos os meios legítimos, inclusive os de caráter médico.

As relações sexuais antes do matrimônio são ilegítimas também “naqueles casos em que uma intenção firme de o contrair e uma afeição de algum modo já conjugal existente na psicologia de ambas as pessoas demandam esse complemento que elas reputam conatural; isso, principalmente, quando a celebração do matrimônio se acha impedida pelas circunstâncias, e essa relação íntima se afigura necessária para que o amor seja conservado” (PH,7)?

“Sim, são ilegítimas. Segundo a doutrina cristã, é no contexto do matrimônio que se deve situar todo o ato genital do homem... Pelo matrimônio, de fato, o amor dos esposos é assumido naquele amor com que Cristo ama irrevogavelmente a Igreja (cf. Ef 5,25-32), ao passo que a união corporal na imoralidade (cf. 1Cor 6,12-20) profana o templo do Espírito Santo que o cristão se tornou. A união carnal, por conseguinte, não é legítima se entre o homem e a mulher não se tiver instaurado, primeiro e de maneira definitiva, uma comunidade de vida” (PH,7).

Não parece a Igreja exageradamente severa e até anacrônica ao reafirmar, pela declaração “Persona Humana”, sua doutrina tradicional acerca da ética sexual?
Queremos lembrar que a Igreja é, ao mesmo tempo, Mãe e Mestra. E um mestre e pastor da Igreja Católica no Brasil, Cardeal Dom Aloísio Lorscheider, Arcebispo de Fortaleza e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao comentar a publicação do documento da Santa Sé sobre a ética sexual, assim falou: “Num mundo de permissividade a clarinada da Santa Sé não foi só oportuna, mas também necessária. A castidade sempre esteve presente na formação das personalidades fortes e de grande fibra. A impureza, ao contrário, este historicamente sempre na origem da corrupção dos povos e no seu desfibramento. Quem quiser enfraquecer um povo, leve-o pelo caminho da impureza.
Tantos delitos cometidos em nossos dias têm a sua origem na impureza de muitas vidas. Tantos casamentos com mau êxito devem procurar a causa fundamental na inobservância da castidade. Julgo, pois, um grande benefício à nossa sociedade este gesto profético da Congregação para a Doutrina da Fé (“L’OSSERVATORE ROMANO” – Ed. Port. De 1-02-76).

Pode-se pecar contra a castidade apenas com o pensamento?
Sim, é pecado pensar voluntariamente, isto é, com consentimento da vontade, no que é pecado fazer. A esta complacência pecaminosa ajunta-se, de frequente, o mau desejo, estigmatizados ambos por Cristo quando afirma: “Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração”. (Mt 5,28).

Pode pecar contra a castidade apenas com as palavras?
Sim; consideram-se impuras as conversas em que os fatos sagrados relativos ao amor, ao sexo e à origem da vida sejam comentados maliciosamente. Isto acontece quando são considerados apenas no seu aspecto físico, animal, ou como simples fonte de prazer. São conversas impuras as anedotas triviais e equívocas, as historietas com duplo sentido, etc.

Pode-se pecar contra a castidade por outro modo, que não sejam pensamentos, palavras e atos?
Tudo aquilo (olhares, leituras, divertimentos, músicas, “amizades”) que pode representar um excitamento da sexualidade, quando procurado, aceito ou alimentado deliberadamente, é pecado contra a castidade e sua gravidade depende das circunstâncias. A advertência plenamente se justifica, sobretudo diante da onda de certos livrinhos, revistas, gravuras, “slides” e filmes pornográficos produzidos com propósito de uma excitação sexual.

Vale também para a castidade a palavra humana e divina do Mestre: “A verdade vos libertará” (Jo 8,32)?
Sim. De fato, “a felicidade de nos sentirmos puros concede, a quem chega a realizar a pureza integral, um sentido de verdadeira liberdade, de grande equilíbrio e autodomínio, e de sublimidade repousante. Isso faz com que, em vez de sermos impedidos de amar, sejamos inundados pela luminosa beleza de um amor, liberto de qualquer escravatura dos sentidos ou da paixão, e vibrante de intensa espiritualidade. Esse amor reverte sobre a própria família, sobre os companheiros e sobre o próximo, com alegre simplicidade”. (Luisa Guarnero, O Mistério do Amor, Ed. Marietti).

Quem oferece, por qualquer motivo, ocasião aos outros de pecar contra a castidade (produtores e distribuidores de filmes pornográficos; gerentes de casas de prostituição; editoras que imprimem publicações obscenas; revendedoras das mesmas, etc.) comete pecado grave?

Sim. Gravíssimo! De impureza (6° mandamento) e de escândalo (5° mandamento). Contra eles Jesus clamou com uma das expressões mais duras do Evangelho: “Caso alguém escandalize um destes pequeninos que creem em mim, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada pedra e seja precipitado nas profundezas do mar. Aí do mundo por causa dos escândalos” (Mt 18, 6-7).

fonte: Pe. Vitório Lucchesi

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