quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Obras espirituais de misericórdia

 



1. As obras espirituais de misericórdia são sete: 1º dar bons conselhos; 2º ensinar os ignorantes; 3º castigar os que erram; 4º consolar os tristes; 5º perdoar as injúrias; 6º sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7º rogar a Deus por vivos e defuntos. 

2. Chamam-se espirituais porque se referem à alma do próximo. 

3. No juízo final temos de ser julgados acerca das obras de misericórdia. Com efeito, assim fala Nosso Senhor no Evangelho: Quando o Filho de homem vier em sua glória, e todos os Anjos com ele, então se assentará sobre o trono da sua glória, e perante ele serão ajuntadas todas as gentes, e apartá-los uns dos outros como o pastor aparta as ovelhas dos cabritos. E porá as obvelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai; possui reino que vos está aparelhado desde a fundação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; fui estrangeiro, e me recolhestes; nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; estive na prisão, e viestes a mim. Então lhe responderão os justos, dizendo: Senhor, quando é que te vimos faminto, e te alimentamos; ou sedento, e te demos de beber? E quanto te vimos estrangeiro, e te recolhemos; ou nu, e te vestimos? Ou quando te vimos enfermo ou na prisão, e viemos a ti? E o Rei respondendo-lhes dirá: Em verdade, vos digo que quando o fizestes a um destes meus irmãos mínimos, a mim o fizestes. 


Explicação da gravura

5. A gravura representa as quatro principais obras espirituais de misericórdia.


Ensinar os ignorantes

6. Acima vê-se São João Batista ensinando o povo, e dando bons conselhos à multidão que o interroga. 

7. Ao ângulo superior esquerdo, vê-se um irmão das escolas cristãs ensinando e educando crianças. 


Dar bons conselhos

8. Esta obra está representada na gravura, à esquerda, por São João Batista censurando Herodes, exprobarando lhe o mal comportamento e dizendo-lhe: "Não te é lícito viver com a mulher do teu irmão ainda vivo."


Consolar os tristes

9. Esta obra representada à direita por Nosso Senhor consolando a viúva de Naim e ressuscitando-lhe o filho. Lemos no Evangelho: Ia Jesus para a cidade chamada Naim, e iam com ele seus discípulos e uma grande turba. E chegando perto da porta, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe que era viúva, e ia com ela muita gente da cidade. E vendo-a o Senhor, moveu-se a compaixão dela, e disse-lhe: Não chores. E chegando-se, tocou a tumba ( e os que a levavam pararam) e disse: Mancebo, a ti te digo, levanta-te, e o defunto se assentou, e começou a falar, e deu-o a sua mãe. 

10. No ângulo superior direito, vê-se um rapaz que, apartando-se dos pais, consola o irmão mas novo, mostrando-lhe o céu, onde hão de encontrar-se um dia. 


Rogar a Deus por vivos e defuntos

11. Essa obra está representada na parte inferior da gravura por Judas Macabeus rogando a Deus com o exército pelos soldados mortos na batalha. Acabando de rezar, fez um peditório, mandando o produto a Jerusalém com ordem de oferecer um sacrifício pelos pecados dos defuntos soldados. 

12. Vê-se também no ângulo direito inferior uma mulher rezando na campa dos seus defuntos. 

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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 

Obras corporais de misericórdia




 Explicação da gravura 

1. A misericórdia é uma virtude que nos leva a ter compaixão das misérias do próximo e a aliviá-las. 

2. Há duas classes de obras de misericórdia, as corporais e as espirituais. 

3. As corporais são as que se referem ao corpo do próximo. 

4. São sete: 1º dar de comer a quem tem fome; 2º dar de beber a quem tem sede; 3º vestir os nus; 4º visitar os enfermos e encarcerados; 5º dar hospedagem aos peregrinos; 6º remir os cativos; 7º enterrar os mortos. 

5. A gravura representa as principais. 


Dar esmola aos pobres

6. A primeira obra corporal de misericórdia é acudir aos pobres nas suas necessidades. 

7. A gravura na parte superior, representa o profeta Elias multiplicando a farinha e o azeite da viúva de Sarepta. 

No tempo em que a fome matava muita gente no reino de Israel, o Senhor disse a Elias: "Vai para Sarepta, na terra dos Sidônios, porque ordenei a uma viúva que cuidasse de teu sustento. Obedeceu Elias, e logo ao entrar nas portas da cidade encontrou a viúva. Tinha Elias muita sede, pelo que lhe disse: "Dá-me um pouco d'água". E como a mulher ia já andando para buscá-la, gritou-lhe Elias: "Peço-te que me tragas também um bocado de pão". Respondeu a viúva: "Viva o senhor teu Deus, que pão não tenho: só me resta um punhado de farinha na panela e uma lágrima de azeite na almotolia; andando aqui apanhar alguns gravetos para ir fazer umas papas para mim e meu filho, e depois de havermos comido esse pouco que nos resta, é preparar-nos para morrer. "Disse-lhe Elias: "Não temas, faze primeiro para mim dessa pouca farinha um pãozinho cozido no recaldo e traze-me; para ti e teu filho o farás depois. Porque eis aqui o que diz o Senhor Deus: "Não faltará a farinha na panela, nem diminuirá o azeite na almotolia". Foi a mulher e fez como Elias lhe tinha dito; e desde aquele dia não faltou a farinha nem o azeite. Logo depois morreu o filho desta mulher. Então Elias clamou a Deus, "Ó Senhor e Deus meu, por quem sois, fazei que a alma desde menino torne a entrar no seu corpo". Ouviu o Senhor a oração de Elias e o menino ressuscitou. 

Vê-se, neste exemplo, que Deus gosta de premiar os que praticam a caridade para com os pobres. 

9. No ângulo superior de esquerda vê-se uma mulher que dá esmola a um necessitado.


Visitar os enfermos e encarcerados

10. Esta obra acha-se representada pelo bom Samaritano do Evangelho, à esquerda da gravura. 

11. Um homem descia de Jerusalém para Jericó, e caiu em mãos de salteadores, os quais também o despojaram, e dando-lhe muitas pancadas, foram-se, deixando-o meio morto. E sucedeu que certo sacerdote ia pelo mesmo caminho, e vendo-o, passou de largo. E o mesmo fez um levita. Porém um certo samaritano, indo de caminho, veio junto a ele, e vendo-o, moveu-se de compaixão, e chegando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhe nelas azeite e vinho, e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o à estalagem e teve cuidado dele. E partindo no dia seguinte, tirou dois dinheiros, e deu-os ao estalajadeiro, e disse-lhe: Tem dele cuidado, e tudo o que demais gastares, quando tornar, te pagararei. 

12. No ângulo inferior da esquerda vê-se uma irmã da caridade cuidando de um doente. 


Dar pousada aos peregrinos

13. Está representada esta obra de misericórdia na gravura por Abraão oferecendo a hospedagem aos Anjos que iam a destruir as cidades de Sodoma e Gomorra. 

14. No ângulo inferior da direita vê-se um frade dando hospedagem a um peregrino.


Enterrar os mortos

15. Está representada esta obra pelo santo homem Tobias, sepultando um dos companheiros do seu cativeiro. 

16. No ângulo superior da direita vê-se um Padre aspergindo com água benta a campa de um defunto que acabam de enterrar. 

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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 


As virtudes evangélicas ou conselhos




1. As virtudes evangélicas são as que se referem as virtudes cardeais e que são especialmente aconselhadas no evangelho, chamando-se por isso conselhos evangélicos. 

2. São três: pobreza voluntária, castidade perpétua e obediência inteira as quais se pode acrescentar a humildade cristã.

3. Se pratica a pobreza voluntária renunciando, por amor de Deus, à posse dos bens terrenos. 

4. Se pratica a castidade perpétua vivendo castamente, abstendo-se não só de toda a sorte de pecado carnal, mas ainda do matrimônio [continência]. 

5. Se pratica a obediência inteira, renunciando, por amor de Deus, à própria vontade para se submeter à dos superiores em tudo que não seja pecado. 

6. São três e não mais os conselhos evangélicos principais, porque são também três os impedimentos da perfeição, os quais são tirados pelos ditos conselhos. Esses impedimentos são: o amor dos bens da fortuna, o amor dos prazeres carnais, o amor das honras humanas. 

7. Estes conselhos servem para observar mais facilmente os mandamentos de Deus e unir-vos mais estreiramente com Ele, sacrificando-lhe todos os nossos bens. 

8. Estes conselhos, quando se convertem em lei por meio de votos solenes, formam os estados perfeitos da religião cristã, que se chamam ordens religiosas ou religiões, segundo a regra de cada um dos fundadores. 

9. A humildade é uma virtude pela qual, reconhecendo os nossos defeitos e fraquezas referimos a Deus o pouco de bom que em nós encontramos. Nos leva pois esta virtude a submeter-nos de coração não só aos superiores, mas ainda aos inferiores e iguais. 

10. Eis aqui como Nosso Senhor, no Evangelho, chama um jovem ao caminho da perfeição: "Um dia um Jovem de qualidade fez a Jesus esta pergunta: Bom Mestre, que devo eu fazer para possuir a vida eterna? Jesus lhe respondeu: Tu sabes os mandamentos: não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás pai e mãe. Disse o homem: todos estes mandamentos tenho um guardado desde a minha infância. O tendo ouvido Jesus disse-lhe: Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me. Quando o moço ouviu isto, se entristeceu porque era muito rico. E Jesus, vendo que ele ficara triste, disse: Que dificultosa coisa é entrarem os ricos no reino de Deus; é mais fácil entrar um camelo pelo fundo duma agulha. E disseram os que ouviam: Visto isso, quem é que pode salvar-se? Respondeu-lhes Jesus: O que é impossível aos homens, é possível a Deus. (Lc 18, 18-27). 


Explicação da gravura

11. Representa a gravura superior, à esquerda, um exemplo de humildade dado por São João Batista. Um dia, os Judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas a João para lhe perguntar: Quem és tu? E ele confessou e não negou: Eu não sou o Cristo, nem Elias, nem profeta. E o enviados perguntaram-lhe: Porque pois batizas, se tu não és o Cristo nem Elias, nem profeta? João lhes respondeu: Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele a quem não conheceis. Este é o que virá após mim, e já era antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia das sandálias. 

12. Os primeiros cristãos praticavam de um modo perfeito a pobreza voluntária. Os que tinham terras e prédios, vendiam-os, e como se vê na gravura superior, à direita, traziam aos Apóstolos o valor deles que depois era distribuídos dos pobres. 

13. A gravura inferior, à esquerda, nos representa um exemplo de perfeita obediência de São Tiago e de São João, filhos de Zebedeu. Um dia que estavam concertando suas redes, Nosso Senhor os chamou para serem seus discípulos. E eles logo deixando o barco, as redes e os pais o seguiram. 

14. Na parte inferior da gravura, à direita, está representado Nosso Senhor Jesus Cristo, o amigo dos corações puros, e ao pé dele quatro santos que sobressaíram na castidade mais perfeita, que é a virginal. São, à direita do Salvador, Maria Santíssima e São João Batista; à esquerda São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, e São João Evangelista, o apóstolo predileto. 


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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 



terça-feira, 7 de janeiro de 2025

As virtudes cardeais



1. As virtudes morais são aquelas que tendem diretamente a regular os nossos costumes. 

2. Há muitas virtudes morais; as principais são: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança. 

3. Chamam-se virtudes cardeais porque são a fonte e a base de todas as outras virtudes morais. 


Prudência

4. A Prudência é uma virtude que nos faz atentos e acautelados para as diferentes circusntâncias da vida, sabermos discernir o que nos convêm praticar ou omitir. 


Justiça

5. A Justiça é uma virtude que nos leva a dar a cada um o que lhe pertence.

Serve também para regular os nossos pensamentos e sentimentos para com os outros, torna-nos humildes e desconfiados para conosco. 


Fortaleza

6. A Fortaleza é uma virtude que nos dá animo para cumprir os deveres do cristão. 


Temperança

7. A Temperança é uma virtude que põe freio aos desejos desordenados e nos leva a usar com moderação dos bens temporais.


Explicação das gravuras

8. A Prudência está representada na parte superior da gravura à esquerda pelo Juízo de Salomão. 

Um dia apresentaram-se diante de Salomão duas mulheres pedindo-lhe que decidisse uma contenda. Disse uma: "Esta mulher e eu moramos sós na mesma casa e cada uma de nós tinha um menino. Uma noite morreu o filho desta mulher. Enquanto eu dormia, veio ela, tirou o meu filho, e pôs no lugar dele o seu filho morto. Quando me levantei, dei com o menino morto, mas reparando bem vi que não era o meu." Interrompeu-a a outra mulher dizendo. Não é assim como tu dizes; o teu filho é que morreu, o meu está vivo". E assim se disputavam perante o Rei. Então disse Salomão: "Trazei uma espada, e parti o menino vivo ao meio, e dai metade a uma mulher, metade a outra". 

A verdadeira mãe do menino, ouvindo estas palavras, ficou transpassada de susto, e toda cheia de angústia e amor maternal, disse a Salomão: "Ah! Senhor, por quem sois, dai-o a ela vivo, e não o mateis". Ao contrário dizia a outra: "Não seja nem para mim, nem para ti, parta-se ao meio". Salomão pronunciou então a sentença; "Não se parta o menino, mas dê-se inteiro e vivo aquela, porque essa é sua mãe.

9. A gravura, na parte superior, à direita, representa Nosso Senhor ensinando a justiça aos Fariseus e aos Herodianos. Tendo-lhes estes perguntando se era lícito ou não dar tributo à César, disse-lhes Jesus: "Mostrai-me a moeda do tributo. De quem é esta imagem e esta inscrição? - Disseram eles: "De César". Então lhes disse Jesus: "Dai pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

10. Na parte inferior esquerda a gravura, como exemplo de fortaleza, representa a história de Judite. Vendo esta santa mulher que a cidade de Betulia onde vivia estava para cair nas mãos do general assírio Holofernes, resolveu salvar a pátria ou morrer. Ornada de suas mais custosas galas, foi ao arraial dos Assírios. Holofernes recebeu-a com todo o agrado, deu em honra dela um grande banquete, e tendo bebido em demasia adormeceu profundamente. Então Judite, tomando a própria espada do general decepou-lhe a cabeça. 

11. Representa a gravura na parte inferior direita o Rei Davi, dando um grande exemplo de temperança. Um dia que guerreava Davi contra os Filisteus que ocupavam Belém, levado pela sede, exclamou: "Quem me dera um pouco de água da cisterna que está ao pé da porta de Belém"! - Imediatamente três valentes atravessaram o acampamento dos Filisteus e trouxessem a Davi água da cisterna. Mas este não quis bebê-la e ofereceu-a ao Senhor dizendo: "Deus me livre de beber o sangue daqueles valentes que assim expuseram a vida"! 

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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 

domingo, 5 de janeiro de 2025

As virtudes teologais




1. A virtude é uma disposição ou hábito da alma que nos leva a obrar o bem e a evitar o mal.

2. A virtude é natural e sobrenatural.

3. Virtude natural é aquela que nos leva a obrar o bem por motivos simplesmente naturais, como dar esmola a um pobre porque a razão nos diz que devemos socorrer o nosso semelhante. 

4. Virtude sobrenatural é aquela que nos leva a obrar o bem por motivos de fé, como dar esmola a um pobre porque a fé nos mostra nele o próprio Jesus Cristo.

5. As virtudes sobrenaturais são de duas classes: as teologais e as morais. 

6. São três as virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade. 

7. Chamam-se teologias porque têm a Deus por objetivo imediato. A Fé refere-se a Deus como primeira verdade; a Esperança refere-se a Deus como nosso sumo bem; a Caridade refere-se a Deus como sumo bem em si mesmo.

8. Estas três virtudes propriamente não se adquirirem; são dons gratuitos de Deus em que nós as infunde pelo santo Batismo; mas desenvolvem-se com as práticas que a religião nos ensina. 


A fé

9. A Fé é uma virtude sobrenatural pela qual cremos em Deus e tudo aquilo que Ele revelou à santa Igreja e que ela nos propõe para crer.

10. Devemos crer nas verdades reveladas, porque Deus é a própria verdade que nem pode enganar-se nem quer enganar-nos.

11. A Fé é de absoluta necessidade para a salvação.


A esperança

12. A Esperança é uma virtude sobrenatural pela qual desejamos e esperamos a vida eterna que Deus nos prometeu, e os auxílios para alcançá-la. 

13. Os motivos da nossa esperança são a onipotência e a bondade de Deus, a fidelidade de suas promessas, e os merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

14. Aplicaremos à nós mesmos os merecimentos de Jesus Cristo por meio das boas obras feitas com os auxílios da sua graça. 


A caridade 

15. A caridade é uma virtude sobrenatural pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. 

16. Amar a Deus sobre todas as coisas é preferir a Deus a toda e qualquer coisa, e estar pronto a perder tudo, e até a própria vida antes que separar-mo-nos dele. 

17. Devemos amar a Deus porque é infinitamente perfeito, infinitamente bom, infinitamente amável e porque é o nosso supremo bem e o nosso último fim. 

18. Daremos a conhecer que amamos a Deus, pela fidelidade em observar os seus mandamentos. 


  Explicação da gravura

19. A Fé está simbolizada na parte superior da estampa por uma virgem sustendo a cruz com a mão direita e tendo na esquerda um archote aceso, para indicar que a fé ilumina a nossa alma. 

20. O santo patriarca Abraão praticou a fé de um modo heróico, crendo que Deus, que lhe ordenara de imolar o seu filho Isaac, cumpriria contudo a promessa que lhe fizera de dar-lhe uma posteridade numerosa.

21. A Esperança está simbolizada à esquerda por uma virgem tendo na mão direta uma coroa e na esquerda uma âncora. 

22. Vê-se na parte inferior esquerda o patriarca Jó que no excesso do seu padecer sempre esperou em Deus e não foi baldada a sua esquerda. 

23. A caridade está simbolizada à direita por uma virgem tendo na mão um cálice com a hóstia e mostrando com a esquerda o seu coração em chamas. 

24. Vê-se no ângulo inferior direito a Nosso Senhor sentado a mesa de Simão o Fariseu, e Maria Madalena que lançando-se aos pés de Jesus, os banha de lágrimas, os enxuga com os cabelos, beija-os e os perfuma com bálsamo. 


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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

A inveja - A ira - A preguiça


 


A inveja

1. A inveja é um sentimento que temos do bem do próximo, e uma alegria interna do mal que lhe acontece. 

2. Este vício dá-se a conhecer quando estamos desfazendo nos merecimentos e nos louvores alheios, ou falamos com gosto nos defeitos do próximo.

3. Os principais pecados do que a inveja é causa são o ódio do próximo, a alegria dos seus males, o desejo de os causar, as maledicências, as calúnias e toda a sorte de injustiças. 

4. A virtude oposta a inveja é o amor fraternal, virtude pela qual desejamos ao próximo aquele bem que quereríamos para nós mesmos, e nos entristecemos dos seus males como se fossem nossos próprios. 

5. Os remédios contra a inveja são: 1º lembrarmos que somos todos filhos do mesmo Deus e irmãos em Jesus Cristo; 2º rezar por aqueles a quem nós temos inveja e fazer-lhes bem; 3º aplicar-se na prática da humildade.


A ira 

6. A ira é uma alteração desordenada da alma que nos faz repelir com violência o que nos desagrada, a qual anda acompanhada do desejo de vingança. 

7. Os principais pecados do que a ira é causa são: as blasfêmias, as imprecações ou pragas, as injúrias, as rixas e os homicídios.  

8. As causas ordinárias da ira são a soberba e a teima na própria opinião. 

9. A ira não é pecado quando tem por fim opôr-se ao mal e o que está regulada pela moderação. 

10. Por falta de advertência e de consentimento o primeiro movimento da ira não é pecado; ms devemos reprimi-lo logo que demos por ele. 

11. A virtude oposta a ira é a paciência, pela qual sofremos em paz as injúrias e as tribulações por amor de Deus. 

12. Os remédios contra a ira são: 1º Lembrar-nos frequentemente da mansidão e paciência de Nosso Senhor Jesus Cristo na sua vida, na sua paixão e na cruz. 2º Acostumar-se a calar e a reprimir-se. 


A preguiça

13. A preguiça é um gosto desordenado de descanso e uma frouxião e desprazer em cumprir o próprio dever. Há também a preguiça espiritual, chamada acídia, que é uma desordenada tristeza e fastio das coisas de Deus. 

14. Os principais pecados de que a preguiça é causa são a ociosidade, o desalento, a frouxidão, a negligência dos deveres de cristão, e a desesperação. 

15. A preguiça é mãe de todos os vícios; produz a inconstância e a inutilidade da vida. 

16. A virtude oposta a preguiça é a diligência e o zelo ao serviço de Deus. A diligência é uma virtude pela qual com facilidade e prontidão cumprimos os nossos deveres e exercitamos as obras de zelo.

17. Para vencer a preguiça é preciso: 1º lembra-se que o trabalho é uma lei imposta por Deus a todos os homens; 2º fazer um regulamento de vida e cumpri-lo; 3º não dormir muito; 4º não perder inutilmente o tempo. 


Explicação da gravura

18. São três gravuras. A primeira representa a José que, por inveja, foi pelos seus irmãos vendido a mercadores ismaelita que o levaram para o Egito. 

19. A segunda representa Esaú voltando da caça furioso ao saber que o irmão Jacó tinha recebido a bênção do pai. 

20. A terceira representa o preguiçoso deitado na sua fazenda inculta. 


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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 

A avareza - A luxúria - A gula


 A avareza

1. A avareza é um amor desordenado dos bens temporais, principalmente do dinheiro.

2. Os sinais da avareza são: 1º o desejo inquieto e desmedido de adquirir bens temporais; 2º o buscá-los por meio injustos; 3º ou não os gastar no que é preciso.

3. Os efeitos e principais pecados de que a avareza é causa são: 1º o esquecimento de Deus; 2º a dureza para com os pobres; 3º a insensibilidade pela própria conservação; 4º a velhacaria e a injustiça. 

4. A avareza é um grande pecado. São Paulo diz que os avarentos não hão de entrar no reino dos céus. 

5. Os pobres podem ser avarentos, porque este pecado consiste também no desejo desmedido dos bens temporais.

6. A virtude oposta à avareza é a liberalidade, virtude pela qual se gasta moderadamente a própria riqueza. 

7. Os remédios principais contra a avareza são: 1º Lembrarmos que Nosso Senhor foi pobre; 2º a lembrança da morte que há de tirar-nos todos os nossos bens; 3º a esmola aos pobres, segundo as nossas posses. 


A luxúria

8. A luxúria é um apetite desordenado dos prazeres sensuais; é o vício vergonhoso da impureza condenado pelo sexto mandamento. 

9. Os efeitos e principais pecados de que a luxúria é causa são: 1º o ódio contra Deus; 2º o esquecimento dos deveres de cristão; 3º a cegueira do entendimento; 4º a dureza do coração; 5º a impiedade. 

10. A virtude oposta à luxúria é a castidade, virtude com que se refreia e doma a carne rebelde. 

11. Os remédios são: a oração, a modéstia, a mortificação, a devoção à Santíssima Virgem, mãe nossa.


A gula 

12. A gula é o gosto desordenado de comer e beber mais do que é necessário. 

13. Os principais pecados de que a gula é causa são: a embriaguez, a sensualidade, as descomedimentos, a blasfêmia, as rixas. 

14. A embriaguez voluntária é um pecado mortal porque priva o homem do uso da razão, desfigura nele a imagem de Deus tornando-o semelhante aos brutos, e porque o expõe a toda a sorte de crimes e de desordens. 

15. As virtudes opostas à gula são a temperança e a abstinência. A abstinência é uma virtude pela qual se refrea o apetite desordenado de comer e de beber em demasia. 

16. Os remédios contra a gula são: 1º rezar antes e depois das comidas; 2º praticar algumas mortificações nas mesmas comidas; 3º evitar as tavernas e as pessoas que à elas nos poderíam levar.

17. A gula, disse o Espírito Santo nas Escrituras sagradas, matou e mata mais gente do que a espada. 


Explicação das gravuras

18. São três gravuras.

A primeira representa a Judas vendendo Jesus Cristo por trinta dinheiros.

19. A segunda nos mostra o filho pródigo guardando porcos. 

20. A terceira representa a Esaú que chegando cansado da caça vende à Jacó o seu direito de primogênito ( o morgado) por um guisado de lentilhas.

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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 


A soberba




1. O pecado atual ou pessoal é aquele que cometemos com a nossa própria vontade tendo chegado ao uso da razão. 

2. Pode se pecar de quatro modos, a saber: por pensamentos, palavras, obras e omissões.

3. Pecados de pensamento são os que se cometem pela mente e com o coração, tais como a inveja, o ódio, os juízos temerários, os maus desejos, etc. 

4. Pecados de palavras são os que se cometem falando, como as mentiras, as calúnias, as murmurações, as blasfêmias, etc.

5. Pecados de obras são os que se cometem por meio dos sentidos do corpo, como o roubar, o espancar, o ferir e matar, etc. Os sentidos corporais são cinco: ver, ouvir, cheirar, gostar e apalpar. 

6. Os pecados de omissão são aqueles que se cometem quando se deixa culpadamente de cumprir aquilo que estamos obrigados a fazer. 

7. O pecado atual divide-se em mortal e venial.

8. O pecado mortal é aquele que se comete transgredindo gravemente a lei de Deus, com perfeita advertência do entendimento e pleno consentimento da vontade. 

9. Chama-se mortal porque tira da alma a graça de Deus que é a vida sobrenatural da alma, como a alma é a vida do corpo. 

10. O pecado mortal: 1º torna-nos inimigos de Deus; 2º faz-nos escravos do demônio; 3º priva-nos do mérito das boas obras; 4º faz-nos réus do inferno.

11. O pecado venial é a transgressão da lei de Deus em matéria leve, ou em matéria grave, quando não haja perfeita advertência ou pleno consentimento. 

12. O pecado venial não destroí a caridade, mas diminui-lhe o fervor, e por isso desagrada a Deus. Deve evitar-se o pecado venial, porque desagrada a Deus, dispõe para o pecado mortal, e porque Deus o pune nesta vida e na outra. 

13. O remédio do pecado mortal é uma confissão bem feita, e enquanto esta não se faz, um ato de contrição perfeita e propósito firme de emenda. 

14. O pecado venial tem muitos remédios, mas o melhor é um ato de arrependimento verdadeiro e a emenda da culpa. 


Pecados capitais 

15. São sete: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Chamam-se capitais, porque são origem e cabeça de outros muitos pecados menores. Chamam-se vulgarmente mortais, mas nem sempre o são. São mortais ou veniais segundo a matéria, a advertência do espírito e o consentimento da vontade. 

A soberba

16. A soberba é uma estima desordenada de si mesmo e desprezo dos outros.

Os efeitos e sinais da soberba são: 1º a grande estimação e presunção de si; 2º a preferência aos outros; 3º o grande amor dos louvores e vanglória; 4º a ambição; 5º a teima na sua opinião; 6º a impaciência no padecer. 

Deus castiga este pecado na vida, permitindo que os soberbos façam coisas com que sejam humilhados e confundidos. 

A virtude oposta a soberba é a humildade, virtude pela qual o homem se submete de coração aos seus superiores, e sendo necessário, até aos iguais e inferiores. 


Explicação da gravura

17. A gravura representa o combate dos anjos bons com os maus que se rebelaram contra Deus por soberba. 

18. No ângulo inferior esquerdo vê-se a torre de Babel, que os descendentes de Noé queriam, por soberba, levantar até ao céu. 

19. No ângulo inferior direito vê-se o Fariseu orgulhoso e o publicano humilde a orar no templo. 


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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.