1. As virtudes evangélicas são as que se referem as virtudes cardeais e que são especialmente aconselhadas no evangelho, chamando-se por isso conselhos evangélicos.
2. São três: pobreza voluntária, castidade perpétua e obediência inteira as quais se pode acrescentar a humildade cristã.
3. Se pratica a pobreza voluntária renunciando, por amor de Deus, à posse dos bens terrenos.
4. Se pratica a castidade perpétua vivendo castamente, abstendo-se não só de toda a sorte de pecado carnal, mas ainda do matrimônio [continência].
5. Se pratica a obediência inteira, renunciando, por amor de Deus, à própria vontade para se submeter à dos superiores em tudo que não seja pecado.
6. São três e não mais os conselhos evangélicos principais, porque são também três os impedimentos da perfeição, os quais são tirados pelos ditos conselhos. Esses impedimentos são: o amor dos bens da fortuna, o amor dos prazeres carnais, o amor das honras humanas.
7. Estes conselhos servem para observar mais facilmente os mandamentos de Deus e unir-vos mais estreiramente com Ele, sacrificando-lhe todos os nossos bens.
8. Estes conselhos, quando se convertem em lei por meio de votos solenes, formam os estados perfeitos da religião cristã, que se chamam ordens religiosas ou religiões, segundo a regra de cada um dos fundadores.
9. A humildade é uma virtude pela qual, reconhecendo os nossos defeitos e fraquezas referimos a Deus o pouco de bom que em nós encontramos. Nos leva pois esta virtude a submeter-nos de coração não só aos superiores, mas ainda aos inferiores e iguais.
10. Eis aqui como Nosso Senhor, no Evangelho, chama um jovem ao caminho da perfeição: "Um dia um Jovem de qualidade fez a Jesus esta pergunta: Bom Mestre, que devo eu fazer para possuir a vida eterna? Jesus lhe respondeu: Tu sabes os mandamentos: não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás pai e mãe. Disse o homem: todos estes mandamentos tenho um guardado desde a minha infância. O tendo ouvido Jesus disse-lhe: Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me. Quando o moço ouviu isto, se entristeceu porque era muito rico. E Jesus, vendo que ele ficara triste, disse: Que dificultosa coisa é entrarem os ricos no reino de Deus; é mais fácil entrar um camelo pelo fundo duma agulha. E disseram os que ouviam: Visto isso, quem é que pode salvar-se? Respondeu-lhes Jesus: O que é impossível aos homens, é possível a Deus. (Lc 18, 18-27).
Explicação da gravura
11. Representa a gravura superior, à esquerda, um exemplo de humildade dado por São João Batista. Um dia, os Judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas a João para lhe perguntar: Quem és tu? E ele confessou e não negou: Eu não sou o Cristo, nem Elias, nem profeta. E o enviados perguntaram-lhe: Porque pois batizas, se tu não és o Cristo nem Elias, nem profeta? João lhes respondeu: Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele a quem não conheceis. Este é o que virá após mim, e já era antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia das sandálias.
12. Os primeiros cristãos praticavam de um modo perfeito a pobreza voluntária. Os que tinham terras e prédios, vendiam-os, e como se vê na gravura superior, à direita, traziam aos Apóstolos o valor deles que depois era distribuídos dos pobres.
13. A gravura inferior, à esquerda, nos representa um exemplo de perfeita obediência de São Tiago e de São João, filhos de Zebedeu. Um dia que estavam concertando suas redes, Nosso Senhor os chamou para serem seus discípulos. E eles logo deixando o barco, as redes e os pais o seguiram.
14. Na parte inferior da gravura, à direita, está representado Nosso Senhor Jesus Cristo, o amigo dos corações puros, e ao pé dele quatro santos que sobressaíram na castidade mais perfeita, que é a virginal. São, à direita do Salvador, Maria Santíssima e São João Batista; à esquerda São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, e São João Evangelista, o apóstolo predileto.
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