sábado, 16 de novembro de 2024

O Juízo




O JUÍZO PARTICULAR 
 

1. O juízo particular é o que se faz à hora da morte. Segundo a opinião comum, este juízo faz-se no próprio lugar onde morremos. 

2. Depois da morte, a nossa alma estará na presença de Jesus Cristo para ser julgado pelas suas obras e ouvir pronunciar a sentença que há de fixar a sua sorte eterna. 

3. O Evangelho nos ensina quão necessário é pensar no juízo particular. 

4. Como se tivessem ajuntado à roda de Jesus muitos gentios, de sorte que uns a outros se atropelavam, começou Ele a dizer a seus discípulos: Guardai-vos do fermento dos Fariseus que é a hipocrisia, porque nenhuma coisa há oculta que não venha a descobrir-se. As coisas que dizestes nas trevas, às claras serão ditas, e o que falastes ao ouvido no gabinete será apregoado sobre os telhados. A vós pois, amigos meus, os digo, que não tenhais medo daqueles que matam o corpo, e depois disto não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem haveis de temer: temei aquele que depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, eu vos digo, temei a este. Não se vendem cinco pardais por dois asses* e nem um deles só está em esquecimento diante de Deus? E até os cabelos da vossa cabeça todos estão contados. Pois não temais, porque de maior valia sois vós que muitos pardais. Ora eu vos declaro que todo o que me confessar diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos Anjos de Deus; o que porém me negar diante dos homens, também será negado diante dos Anjos de Deus. E todo o que proferir uma palavra contra o Filho do Homem ser-lhe-á dado perdão; mas aquele que blasfemar, contra o Espírito Santo, não lhe será isto perdoado... (Lc 12,1-10). Estejam cingidos os vossos lombos e nas vossas mãos tochas acesas, e sede vós semelhantes aos homens que esperam a seu Senhor ao voltar das bodas, para que quando vier e bater à porta, logo lhe abram. Bem-aventurados aqueles servos, a quem o Senhor achar vigiando quando vier; na verdade vos digo que ele se cingirá e os fará sentar à mesa e passando por entre eles, os servirá. E se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e assim os achar, bem-aventurados são os tais servos. Mas sabeis isto, que se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e, não deixaria minar a sua casa. Vós pois estais apercebidos, porque à hora que não cuidais, virá o Filho do homem. Disse-lhe então Pedro: Senhor, tu propôs esta parábola respeititiva só a nós, ou também a todos? E o Senhor lhe disse: Quem crês é o dispenseiro fiel e prudente, que pôs o Senhor sobre a sua família para dar a cada um a seu tempo a ração de trigo? Bem-aventurado aquele servo, que quando o Senhor vier, o achar assim obrando. Verdadeiramente vos digo que ele o constituirá administrador de tudo quanto possui. Porém se disser o tal servo no seu coração: Meu Senhor tarda em vir; e começar a espancar os servos, e as criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, virá o Senhor daquele servo no dia em que ele o não espera, e na hora em que ele não cuida, e removê-lo-á, e pôr-lo-á à parte com os infiéis. (Lc 12,35-47). 


Explicação da gravura

5. A gravura representa o juízo particular que terá lugar logo depois da morte. 

6. A esquerda está o juízo do justo, e a direita o juízo do pecador. O tribunal de Cristo vê-se elevado na própria casa onde acabam de expirar. 

7. A alma do justo é apresentada a Jesus pelo anjo da guarda, precedido da Virgem e de São José. Um anjo sustenta na mão esquerda a coroa para premiá-lo, e na direita a balança da justiça, onde se pesam os merecimentos do difunto.

8. A alma do pecador comparece também diante do juíz supremo, mas esconde a sua face. Está acompanhada pelos demônios e ligada por uma cadeia a Lúcifer. Jesus Cristo repele-a e da contra ela a sentença da eterna reprovação.

*Asses: pequena moeda chamada dipônio entre os romanos.

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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

A morte do justo e a do pecador

 



1. Morte boa e feliz é a morte do Cristão que está em graça.

2. Morte desgraçada é a do pecador em estado de pecado mortal: é a suprema desgraça para o homem. 

3. Diz a Sagrada Escritura que a morte dos pecadores é péssima.

4. Péssima é, 1º porque o pecador sente muito deixar os bens temporais aos quais ele unicamente se afeiçoou, e que lhe lembram os seus pecados; 2º porque há de sofrer em breve no inferno o terrível castigo duma vida criminosa.

5. Morte péssima foi a de Herodes que nos é narrada nos Atos dos Apóstolos: Herodes, tendo feito buscar a Pedro (que o anjo livrara da prisão), e não o achando, feito exame a respeito dos guardas, os mandou justiçar, e passando da Judéia e a Cesaréia, deixou-se aqui ficar. Ora Herodes estava irritado contra os de Tiro e de Sidônia. Mas estes, de comum acordo o foram buscar, e com o favor de Blasto, que era seu camarista, pediram paz, porque das terras do rei é que o seu país tirava a subsistência. E um dia assinado, Herodes vestido em traje real, se assentou no tribunal e lhes fazia uma falta. E o povo o aplaudia dizendo: Isto são vozes de Deus e não de homem. Porém subitamente o feriu o anjo do Senhor, pelo motivo de que não tinha tributado honra a Deus, e comido de bichos, expirou. (At 12, 19-24).

6. Péssima também foi a morte de Judas o traídor, cuja narração lemos nos mesmos Atos: Então (depois da Ascenção do Senhor) os Apóstolos voltaram para Jerusalém... e tendo entrado em certa casa, subiram aos quartos de cima onde permaneciam Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago filho de Alfeu, Simão o zeloso, e Judas, irmão de Tiago. Todos estes perseveraram unanimamente na oração com as mulheres e com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos deles. Naquele dias, levantando-se Pedro no meio dos irmãos (e montava a multidão dos que ali se achavam juntos a quase cento e vinte pessoas) disse: Varões irmãos, e necessário que se cumpra a Escritura, que o Espírito Santo predisse por boca de Davi acerca de Judas, que foi o condutor daqueles que prenderam a Jesus, o qual estava entre nós alistado no mesmo número, e a quem coube a sorte deste ministério. E este possui de fato um campo do preço da iniquidade, e depois de se pendurar rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. E tão notório se fez a todos os habitantes de Jerusalém aquele sucesso, que se ficou chamando aquele campo, na língua deles, Haceldama, isto é, campo de sangue. (At 1,12-20). 

10. A Sagrada Escritura diz que a morte dos justos é preciosa aos olhos do Senhor.

11. A morte do justo é preciosa, 1º porque ela livra o justo de todos os males desta vida; 2º porque o justo ama a Deus e tem a consciência em paz; 3º porque o justo está para receber no céu o prêmio das boas obras que praticou durante a vida.

Explicação da gravura

12. Representa a gravura a morte do justo, e a morte do pecador. O justo, resignado e sossegado recebe as últimas consolações da religião, cercado dos parentes e amigos que oram por ele, animado pelo santo anjo da guarda; Jesus Cristo e a Virgem Santíssima o contemplam do céu, e o demônio envergonhado e raivoso foge para o inferno. 

13. O pecador repele com desprezo o sacerdote: o seu anjo da guarda afasta-se chorando, e os demônios cercam a cama, esperando o último suspiro do doente para se apoderarem da alma pecadora.

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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 


segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Os últimos fins do homem - A morte


 

A MORTE

1. Os últimos fins ou novíssimos do homem são a morte, o juízo, o inferno e o paraíso.

2. É bom lembrarmo-nos frequentemente os nossos últimos fins; esta lembrança afasta o pecado e nos excita ao fervor e ao zelo no serviço de Deus. Diz a Escritura sagrada: "Lembra-te de teus últimos fins e nunca mais hás de pecar."


A morte

3. A morte é o fim da vida, a separação da alma do corpo, a passagem da vida à eternidade.

4. Depois da morte do corpo corrompe-se e desfaz-se em pó; mas há de ressuscitar no fim do mundo.

5. A alma vai comparece na presença de Deus para ser julgada pelas suas obras.

6. Pelo pecado dos nossos primeiros pais entrou a morte do mundo. Proibiu-lhes Deus que comessem do fruto da árvore sita no meio do paraíso, ameaçando-os de morte de desobedecessem. Pelos pérfidos conselhos do demônio transgrediram aquele mandamento e foram condenados à morte, eles e todos os seus descendentes.

7. É pois certíssimo que todos os homens hão de morrer. São Paulo diz: "Decretado foi: todos os homens hão de morrer uma vez."

8. Mas quando morreremos? Quando aprouver a Deus; incerta é a hora da morte. Por isso Nosso Senhor disse: "Vigiai e orai, porque não sabeis nem o dia nem a hora". Quis Deus que a hora da morte fosse incerta e desconhecida, para que estivéssemos sempre preparados para morrer, já que todos os dias podemos morrer.

9. A melhor preparação para a morte é uma vida cristã. 

10. A preparação próxima para a morte é uma boa confissão e a recepção dos últimos sacramentos. É preciso não esperar os últimos dias da enfermidade ou doença para preparar-se para a morte, porque é expôr-se à condenação eterna, morrendo impenitente, como o indica Nosso Senhor no seguinte lugar do Evangelho: Um dia, um homem da plebe disse a Jesus: Dize a meu irmão que reparta comigo da herança. Porém Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu a mim juíz ou partidor sobre vós-outros? Depois lhe disse: Guardai-vos e acautelai-vos de toda a avareza, porque a vida de cada um não consiste na abundância das coisas que possui. Sobre o que lhe propôs esta parábola dizendo: O campo de um homem rico tinha dado abundantes frutos, e ele revolvia dentro de si estes pensamentos dizendo: Que farei, que não tenho aonde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto; derrubarei os meus celeiros e far-lo-ei maiores, e neles recolherei todas as minhas novidades e os meus bens. E direi à minha alma: Alma minha, tu tens muitos bens em depósito para largos anos; descança, come, bebe, regala-te. Mas Deus disse a este homem: Néscio, esta noite, te virão a demandar a tua alma, e as coisas que tu ajuntaste para quem serão? - Assim é o que entesoura para si e não é rico para Deus. (Lc 12, 13-22)


Explicação da gravura

11. A gravura representa a São Francisco de Borja, fidalgo da corte do imperador Carlos V. Tendo falecido a esposa do imperador, foi Francisco encarregado de levar o cadáver da imperatriz à Grenada. Chegado o préstito à cidade, abriu-se o féretro ou caixão para que se certificasse que o corpo nele contido era o da imperatriz. À vista do cadáver já podre e desfigurado, tão comovido ficou Francisco de Borja que resolveu renunciar às vaidades e ao mundo. Entrou na Compahia de Jesus, onde se tornou um grande santo.

12. Nos ângulos superiores vê-se um homem e uma mulher mirando-se ao espelho, e vendo a sua caveira. Na cabeça deles está a palavra Hoje, e no espelho a palavra: Amanhã. 

13. Na parte inferior vê-se um cemitério com cruzes e monumentos funerários e inscrições, com campas abertas deixando ver esqueletos.

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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 






sábado, 9 de novembro de 2024

Da Saudação Angélica

 



Explicação da gravura

1. A gravura trata da saudação angélica, chamada vulgarmente Ave-Maria, porque principia por estas palavras. Chama-se saudação angélica porque as primeiras palavras referem-se à saudação que o Arcanjo Gabriel dirigiu à Virgem de Nazaré, quando foi mandado por Deus, anunciar-lhe o mistério da Encarnação.

2. Essas palavras são: "Ave-Maria, cheia de graça o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres."

3. As outras palavras são parte de Santa Isabel, parte da Igreja. - As de Santa Isabel são: "E bendito é o fruto do vosso ventre", dirigidas a Nossa Senhora quando foi a visitar Santa Isabel, sua prima. - As palavras da Igreja são: "Jesus, Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Assim seja."

4. A oração principia pela saudação Ave-Maria, para testemunhar-lhe o nosso profundo respeito, chamando-lhe Senhora e Rainha, que tanto significa o nome de Maria, - Estas palavras estão representadas da gravura pela Anunciação do Anjo. 

5. Chamamos à Maria cheia de graça, porque, havendo de ser mãe de Deus, foi enriquecida de todas as graças que podem convir a uma pura criatura. - Palavras representadas na gravura pela Imaculada Conceição.

6. Dizemos: O Senhor é convosco, para significar que o Senhor foi sempre com a Virgem desde o princípio da sua conceição que por isso foi isenta de toda a culpa tanto original como atual. - Palavras representadas pela Virgem tendo ao colo a Nosso Senhor. 

7. "Sois bendita entre as mulheres" - quer dizer que a Virgem foi cheia de maiores graças que qualquer outra criatura. Foi, com efeito, preservada da culpa original: foi Mãe de Deus sempre Virgem: foi a criatura mais santa e mais agradável a Deus por todas as suas virtudes, abaixo da alma de Jesus Cristo. - Palavras representadas por Maria no meio de mulheres e mais elevada do que todas elas.

8. "Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus," quer dizer que assim como o seu divino Filho é bendito sobre todas as coisas, assim também Maria, como Mãe sua, é bendita sobre todas as puras criaturas tanto na terra, como no céu. - Palavras representadas na gravura por a Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel, e pela Virgem tendo o menino Jesus ao colo e ao pé de si São João Batista. 

9. Dizemos "Santa Maria Mãe de Deus" porque, havendo de interessar a Senhora no despacho que lhe pedimos, nos lembra a Igreja que Ela é Mãe de Deus, isto é, que nada pode ser superior ao seu valimento. - Palavras representadas por Maria coroada no céu Rainha dos Anjos e dos homens.

10. Acrescentamos: "Rogai por nós pecadores", para movê-la à piedade para conosco que somos miseráveis pelo pecado. - Palavras representadas por Maria ajoelhada diante de Jesus Cristo e rogando por nós. 

11. Dizemos: "Agora e na hora de nossa morte", porque sempre temos necessidade do seu auxílio, especialmente na hora da morte em que é perigosíssimo o combate. - Palavras representadas pela Virgem aparecendo a um moribundo.

12. Devemos tributar à Virgem Maria respeito profundo e terna confiança, porque é Mãe do Salvador e Mãe nossa, Rainha dos Anjos e dos homens, e a mais santa das criaturas.

13. Devemos pois invocá-la muitas vezes, pedindo-lhe a sua proteção, celebrar as suas festas com piedade filial, e fazer diligência por imitar as suas virtudes.

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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 




domingo, 3 de novembro de 2024

A oração dominical

 




Explicação da gravura

1. A gravura trata da oração dominical ou Pai-Nosso; oração dominical quer dizer oração do Senhor, porque Nosso Senhor Jesus Cristo foi quem a compôs, para nos ensinar a orar. 

2. Consta a oração dominical de uma invocação e de sete petições.

3. As palavras da invocação são: Pai Nosso que estais no céu, que são como um pequeno prefácio, ou exordio para a oração dominical.

4. Chamamos a Deus nosso Pai, porque Jesus Cristo quer que oremos a Deus com amor e confiança filial. 

5. Dizemos Pai nosso e não Pai meu porque devemos orar como irmãos uns dos outros, e como membros da Igreja, pertencentes a mesma família do Pai celestial.

6. Acrescentamos: que estais no céu, para levantar nossos corações a contemplar o infinito poder de Deus que resplandece particularmente na obra dos céus, e ainda para nos advertir que a nossa oração, para obter os bens temporais, deve ser também encaminhada a conseguir os bens celestiais.

7. 1º petição: Santificado seja o vosso nome. - Pedimos nesta primeira petição que Deus seja conhecido em todo o mundo e que o seu santo Nome seja honrado e glorificado como cumpre. Podemos todos santificar o nome de Deus, reconhecendo como dom seu todo bem assim espiritual como temporal, mas santificar-se particularmente aquele santo nome obedecendo ao que ele nos manda. Está representada esta petição pela cura dum coxo, operada por São Pedro quando disse: Em nome de Jesus, levanta-te e anda.

8. 2º petição: Venha a nós o vosso reino. - Pedimos com estas palavras que venha depressa o reino de Deus, isto é, que Deus reine nas almas dos cristãos pela graça, e que acabamos as batalhas que temos com o mundo, o demônio e a carne, cheguemos à eterna bem-aventurança. Mas devemos fazer violência a nós mesmo para arrebatar esta glória. Está representada esta petição por Tobias profetizando o advento do reino de Deus. 

9. 3ª petição: Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. - Pedimos a graça para cumprir os mandamentos, venerada e obedecida em todo o mundo de tão bom grado como os Anjos obedecem no céu. Está representada no centro da gravura por Nosso Senhor orando no jardim das Oliveiras.

10. 4ª petição: O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Pedimos assim o pão quotidiano tanto espiritual que é a graça de Deus, como temporal, que é o sustento necessário para nos conservar no serviço de Deus. Representada está a 4ª petição por um anjo que traz um pão ao profeta Elias. 

11. 5ª petição: Perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos nossos pecados como perdoamos as ofensas que nos fazem. O perdão das injúrias é uma condição sem a qual é uma condição sem a qual não podemos receber de Deus o perdão de nossos pecados. A petição quinta está representada por Jesus Cristo perdoando na cruz aos seus verdugos, e por Davi poupando a Saul que o perseguia para matá-lo.

12. 6ª petição: Não nos deixeis cair em tentação, - Pedimos a Deus que nos livre das tentações, ou não permitindo que sejamos tentados, ou dando-nos a graça de não sermos vencidos. As tentações, se não consentimos nelas, são úteis e meritórias, porque nos fazem ser humildes e recorrer à Deus: vem a ser uma ocasião de merecimento na terra, e de glória no céu quando ficamos vencedores. Para não sermos tentados devemos fugir particularmente três coisas: a ociosidade, o dormir muito e a intemperança. 
A gravura representa a tentação de Nosso Senhor no deserto.

13. 7ª petição: << Mas livrai-nos do mal. >> Pedimos a Deus que nos livre de todo o mal tanto da alma como do corpo, no tempo e para a eternidade. Nas adversidades devemos sofrer com paciência e submeter-nos à vontade de Deus. 
A gravura representa Daniel miraculosamente preservado da fúria dos leões. 


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Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Ponto III - Preparação para a morte




 Neste quadro da morte, caro irmão, reconhece-te a si mesmo, e considera o que virás a ser um dia: "Recorda-te que és pó, e em pó te converterás". Pensa que dentro de poucos anos, quiçá dentro de alguns meses ou dias, não serás mais que vermes e podridão. Este pensamento fez de Ló um grande santo: "À podridão eu disse: tu és meu pai; aos vermes: sois minha mãe e minha irmã".

Tudo se há de acabar, e se perderes a tua alma na morte, tudo estará perdido para ti. "Considera-te desde já como um morto, - disse São Lourenço Justiniano - pois sabes que necessariamente hás de morrer". Se já estivesse morto, que não desejaria ter feito por Deus? Portanto, agora que vives, pensa que algum dia cairás morto. Disse Boaventura que o piloto, para governar o navio, se coloca na extremidade traseira do mesmo; assim o homem, para levar uma vida boa e santa, deve imaginar sempre o que será dele na hora da morte. Por isso, exclama São Bernardo: "Considera os pecados de tua mocidade e cora; considera os pecados da tua idade viril e chora; considera as desordens da vida presente, e estremece", e apressa-te em remediá-la prontamente. 

 São Camilo de Lélis, ao aproximar-se de alguma sepultura, fazia estas reflexões: Se estes mortos voltassem ao mundo, que não fariam pela vida eterna? E eu, que disponho de tempo, que faço eu por minha alma? Este Santo pensava assim por humildade; mas tu, querido irmão, talvez com razão receies ser considerado aquela figueira sem fruto, da qual disse o Senhor: "Três anos já que venho buscar frutas a esta figueira e não os achei (Lc 13,7).

Tu, que há mais de três anos estás neste mundo, considera quais frutos tens produzido? Considera - diz São Bernardo - que o Senhor não procura somente flores, mas quer frutos; isto é, não se contenta com bons propósitos e desejos, mas exige a prática de obras santas. É preciso, pois, que saibas aproveitar o tempo que Deus, por sua misericórdia, te concede, e não esperes com a prática do bem até que seja tarde, no instante solene quando se diz: Vamos, chegou o momento de deixar este mundo. Depressa! O que está feito, está feito. 


AFETOS E SÚPLICAS

Aqui me tendes, Senhor, sou aquela árvore que há muitos anos merecia ouvir de vós estas palavras: "Cortai-a, pois, para que debalde há de ocupar terreno? (Lc13,7). Nada mais certo, porque, em tantos anos que estou no mundo, ainda não dei frutos senão cardos e espinhos do pecado. Mas vós, Senhor, não quereis que desespere. Dissestes a todos: aquele que me procurar, achar-me-á (Mt 7,7). Procuro-vos, meu Deus, e quero receber vossa graça. Detesto, de todo coração, as ofensas que cometi e quisera morrer de dor por elas. No passado fugi de vós, mas agora prefiro vossa amizade à posse de todos os reinos do mundo. Não quero mais resistir ao vosso chamamento. Quereis-me todo para vós e sem reserva entrego inteiramente. Na cruz, deste-vos todo a mim; todo me dou a vós. 

Senhor, vós dissestes: "Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a darei" (Jo 14,14). Meu Jesus, confiado nessa grande promessa, pelo vosso santo nome e pelos vossos méritos, peço a vossa graça e o vosso amor. Fazei que deles se replete a minha alma, onde antes morava o pecado. Agradeço-vos por me terdes inspirado o pensamento de dirigir-vos esta oração, sinal evidente de que quereis ouvir-me. Ouvi-me, pois, meu Jesus! Concedei-me grande amor por vós, dai-me, um grande desejo de agradar-vos e depois a força de cumpri-lo. 

Ó Maria, minha excelsa intercessora, escutai-me vós também e rogai a Jesus por mim!



Santo Afonso Maria de Ligório - Preparação para a morte.