Apenas a alma tiver saído do corpo, comparecerá logo perante o Supremo Juiz. A primeira coisa que torna este comparecimento terrível à alma do pecador, é que a alma se encontrará sozinha na presença de um Deus desprezado, de um Deus que conhece todos os segredos do nosso coração, todos os nossos pensamentos. E que levaremos conosco? Levaremos aquele pouco de bem ou de mal que tivermos feito durante a vida. Não se pode então inventar nem escusa, nem pretexto nenhum.
Impossível descrever o terror de quem parte desta vida em estado de pecado e se encontra face a face com a majestade de um Deus irritado. Que proveito nos darão as lágrimas dos parentes e amigos? Jamais lágrima alguma poderá salvar quem, então achar sem a graça divina.
Ante o Supremo Juiz, tão somente às boas obras será confiada a nossa defesa.
Qual será, porém, o nosso destino, se nos vier a faltar tão precioso elemento? Compreendemos, então, a vaidade do mundo que hoje amamos e o apreço das virtudes cristãs que hoje menosprezamos como irrisórias.
- De onde vens? - perguntará o Senhor.
- Senhor, eu venho da terra.
- E quem lá te colocou? - continuará o mesmo juiz.
- Senhor, fostes Vós.
- E para que fim?
- Para Vos conhecer, amar e servir.
- E tens tu cumprido as minhas ordens?
Serão então abertos os dois livros: " o livro da vida" e "o livro da morte". Relatará o primeiro todas as boas ações que tivermos tido a dita de praticar, todas até um copo de água dado ao podre. O segundo, todas as culpas cometidas, todas até o mais imperceptível pensamento.
Se, por infelicidade, nossas mãos forem achadas vazias, se nossa vida não houver sido mais que uma sucessão de culpas, uma série de transgressões à lei de Deus, um acúmulo de rebeldias, ingratidões, violências e impurezas, será proferida a sentença de maldição.
- Amaldiçoado? Como, Senhor, não sois Vós o próprio Jesus que nos amou até a morte no Calvário?
- Sim, mas tu desprezaste o meu amor, responderá Ele.
-Não sois Vós o bom Pastor a correr incansável em busca da ovelha desgarrada?
- Sim, mas tu recusaste abrigar-te no meu aprisco. Preferiste as tendas dos pecadores aos meus tabernáculos.
-Não sois o Jesus que perdoou a Madalena, a Pedro, ao bom ladrão?
- Sim, porque eles se arrependeram. Tu, porém, não fizestes na tua vida senão desprezar-me. Chamei-te à confissão, não obedeceste. Dei-Te a Eucaristia. Não a quiseste.
Não nos lisonjeemos apelando para um Deus misericordioso. A misericórdia envolve o homem neste mundo, no outro brilhará tão somente o sol da justiça.
Há certo tempo um sacerdote era chamado à cabeceira de uma jovem prestes a morrer e a quem a felicidade sorriria sempre cumulando-a de flores e de prazeres.
-Jovem, morre feliz, pois, nuvem alguma veio toldar o céu de tua mocidade!
Outro, porém, foi o seu último grito de dor:
- Padre vou morrer. Colhi todas as flores. Não tenho um fruto sequer. Como me aterroriza o comparecer com as mãos vazias perante Deus!
Não será, porventura, este o grito de dor no derradeiro momento de nossa vida?
Se neste momento se abrissem os dois livros; o da vida e o da morte, qual dos dois se avantajaria?
Felizes de nós que ainda temos tempo. Felizes de nós se começarmos a compor o livro da vida.
Não veremos a face de um Deus irado, mas o Cristo propício a repetir: Entra, servo fiel, a gozar o reino dos céus, que o meu Pai Celestial te preparou desde o começo do mundo!
RESOLUÇÃO:
Devo salvar-me - Eu vou ser julgado de tudo que fizer na minha vida.
Quando? - Não sei. Será no momento da morte.
-Mas eu não sei quando será minha morte.
-Procurarei fazer sempre o bem.
Todos os dias, na oração da noite, farei meu exame de consciência, e rezarei o ato de contrição. Eu devo viver como quero morrer. " Só vivendo e morrendo em estado de graça, é que o Juiz Divino dará o Céu."
JACULATÓRIA: Virgem Santíssima, ajudai-me, protegei-me na vida e na morte e especialmente quando me apresentar ao vosso Filho para ser julgado.
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