segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Da obediência e submissão

Para poder falar de modéstia e também da virtude da temperança precisamos falar da virtude maior, aquela que nos dá condições para seguir adiante praticando todas as outras. 
E esta virtude se chama: Obediência. 
Isso me remete a um trecho de um livro valiosíssimo, 'Imitação de Cristo'.


"Grande coisa é viver na obediência, às ordens de um superior e não ser senhor de si. Muito mais seguro é obedecer que mandar. Muitos obedecem mais por necessidade que por amor; sofrem e, facilmente, murmuram. Esses não alcançaram a liberdade de espírito, se não submeterem, de todo o coração, por amor de Deus. Para onde quer que te voltes, não encontrarás sossego, senão na humilde sujeição à autoridade do superior. A imaginação e a mudança dos lugares têm enganado a muitos. 
É verdade que cada um gosta de seguir seu próprio parecer e mais se inclina para aqueles que lhe partilham a opinião. Se, porém, estamos animados pelo espírito de Deus, faz-se necessário que, algumas vezes, renunciemos ao nosso parecer, por amor da paz. Quem é tão sábio que possa conhecer perfeitamente todas as coisas? Não confieis, pois, muito em teus próprios conhecimentos; antes, de boa vontade, procura consultar aos de outrem. Se o teu parecer é bom e, por amor de Deus, o deixares, para seguir o dos outros, mais te aproveitará. 
Muitas vezes ouvi dizer que mais seguro é ouvir e tomar conselhos que os dar. Pode também acontecer que seja bom o parecer de qualquer um; mas não querer ceder aos outros, quando a razão e as circunstâncias o mandam, é sinal de soberba e obstinação".

REFLEXÕES

Se o Filho de Deus se fez obediente até à morte e morte de Cruz, que homem há que recuse obedecer? No mundo não há ordem nem vida senão pela obediência: ela é o laço dos homens entre si e seu autor, o fundamento da paz e o princípio da harmonia universal. A família, a cidade, a Igreja, não subsistem senão pela obediência; a mais alta perfeição das criaturas não é mais que uma perfeita obediência: ela só nos preserva do erro e do pecado.
Quando obedecemos a um homem revestido de autoridade, obedecemos a Deus; ele é o único monarca, e todo o poder legítimo é uma emanação de sua onipotência eterna e infinita. " Todo o poder vem de Deus", diz o Apóstolo, e está sujeito a uma regra divina, tanto na ordem temporal como na espiritual; de sorte que, obedecendo ao pontífice, ao príncipe, ao pai, a quem realmente é " Ministro de Deus para o bem", a Deus só obedecemos. 
Feliz daquele que compreende esta celeste doutrina: livre da escravidão do erro e das paixões, dócil à voz de Deus e da consciência, goza " da verdadeira liberdade dos filhos de Deus" (Rom 8,21).

Deus e Senhor meu, contra cujos conselhos nada pode a humana malícia, dai-me aquele espírito de obediência e sujeição que tanto distingue vossos servos, pelo qual me assimilarei a vosso Filho que por minha salvação se fez obediente até à morte e assim terei parte nos merecimentos de seu sangue preciosíssimo. 

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