Espanha
Século VIII
Dos Pirineus Orientais, onde está situado o vale de Núria, ocupam importante extensão as rochas graníticas, que vão diminuindo para o lado do ocidente.
Entre água, luz, sol e mole granítica, vive o vale suas admiráveis jornadas de devoção a Nossa Senhora de Núria, Rainha do vale. Este título, como tantos outros, é proveniente do nome do lugar em que foi encontrada a imagem.
Está o vale rodeado de montanhas de mais de oitenta metros de altura. O Santuário, encravado no vale, tem sua imagem milagrosa e sua história.
A história de São Gil é a história de Núria. Era ele de Atenas e nasceu no meado do século VII; era bom e caritativo e procedia de família nobre. Fugiu de sua terra, e a tempestade o enviou a terras francesas, de onde passou para os Pirineus Orientais.
Diz a tradição que São Gil habitou e fez penitência na cova onde foi encontrada a santa imagem, e que foi ele mesmo quem a esculpiu, escondendo-a, quando de lá se retirou.
Há diferentes versões acerca do tempo em que São Gil esteve em Núria; a mais admitida é a de Santo Antônio, Arcebispo de Florença, que crê ter sido pelo ano 700. Pode-se conjeturar que São Gil ficou em Núria três ou quatro anos (700-704), e que, tendo estalado a perseguição contra os cristãos, no reinado de Vitiza, o Santo voltou para Roma, pois sabe-se que ele lá morreu, tendo sido enterrado em um mosteiro; seu corpo foi encontrado incorrupto, e transladado para Tolosa. Na Dalmácia vivia um homem que, por sua bondade, era chamado Amadeu; apareceu-lhe um anjo uma noite e transmitiu-lhe o encargo de edificar uma capela em determinado lugar de Núria, onde acharia uma pedra branca.
Partiu ele para Dalmácia em 1702, e embarcou para a França, até alcançar o vale de Núria.
Desde a partida de São Gil até a chegada de Amadeu haviam transcorrido 368 anos.
Três anos depois de haver sido edificada a capela, encontraram a imagem de Nossa Senhora, um dia em que os pastores não podiam explicar a insistência dos mugidos de um touro em determinado lugar da montanha. Desconfiados, começaram a examinar o local, e na cova de São Gil, que outro não era o lugar em questão, acharam a imagem de Nossa Senhora, uma cruz, um sino e uma panela de cobre.
O pároco de Gueralps levou solenemente para a capela a imagem milagrosa, que foi logo venerada pelo povo; durante a noite das primeiras romarias uma luz vivíssima iluminava aquelas alturas.
A cruz ficou na cova, a assinalar a morada de São Gil.
O sino, que talvez não seja o primitivo é contudo antigo e também considerado milagroso, assim como a panela; nesta os devotos metem a cabeça, implorando graça, especialmente para as enfermidades cerebrais, e, quanto ao sino, dizem que as suas badaladas são uma súplica de fecundidade para os casados que visitam o Santuário.
A imagem é de madeira escura; a Virgem está sentada em um trono, tendo no colo o Menino Jesus sorridente, abençoando com a mão direita, e tendo na esquerda um livrinho apoiada no joelho esquerdo. Parece que foi talhada por São Gil, e assim o admite a tradição.
Os anos de 1633, 1642, 1648 e 1728 são as datas inolvidáveis das sucessivas reformas da capela e igreja; ricas lâmpadas votivas estavam sempre acesas diante da imagem.
Em 1863 começaram as obras do alojamento para peregrinos e aumenta-se o Santuário.
Os milagres operados por intercessão de Nossa Senhora de Núria são incontáveis.
(Versão resumida da "Colección Nuestros Santos".)
fonte: Livro Maria e seus gloriosos títulos
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