1. Sendo a Igreja uma sociedade perfeita, recebeu do seu divino fundador Jesus Cristo o poder de fazer leis.
2. Todos os cristãos estão obrigados a obedecer à Igreja, porque Jesus Cristo declarou que desobedecer à Igreja é desobedecer a Ele mesmo.
3. A Igreja nos impõe mandamentos para nos dirigir na observância dos mandamentos de Deus, e tornar-nos mais fácil a prática do Evangelho.
4. Os principais mandamentos da Igreja são cinco:
1º Ouvir missa inteira nos domingos e dias santos.
2º Confessar ao menos uma vez por ano.
3º Comungar pela Páscoa da Ressurreição.
4º Jejuar na Quaresma, nas quatro temporas e nas vigílias de algumas festas.**
** Hoje este mandamento é: Jejuar na Quarta-feira de cinzas e Sexta-feira da Paixão.
5º Não comer carne nas sextas feiras e nos sábados.**
** Embora o mandamento de abstinência de carne nas sextas-feiras ainda vigore, hoje o quinto mandamento da Igreja é: Pagar o dízimo segundo o costume.
5. Disse que eram cinco os mandamentos principais da Igreja, porque há outros que não são gerais para todos os fiéis, ou que se acham suprimidos ou comutados, tal é o de pagar dízimos e primícias. Não se achando hoje em vigor este preceito, devemos em consciência pagar o que a lei nos prescreve para a manutenção do culto e sustentação dos ministros do altar.
6. Cumpre-se este mandamento assistindo ao santo sacríficio da missa com modéstia de corpo, com atenção do espírito e com devoção do coração.
7. Deseja a Igreja que os fiéis assistem a missa paroquial ou conventual, 1º porque os membros da frequesia unem-se todos para orarem juntos com o pároco; 2º porque participam mais abundantemente daquele sacrifício que por eles principalmente se oferece; 3º porque ouvem as máximas do Evangelho, que os párocos devem explicar à estação desta missa; 4º porque ficam sabendo as ordens particulares da Igreja que à essa missa se publicam, assim como as pastorais e circulares dos prelados, diocesanos.
8. A Igreja nos manda ouvir missa nos domingos e dias santos, porque, com ouvir missa, se exercita o ato mais excelso da nossa santa Religião, sendo a missa o sacrifício do corpo e sangue de Jesus Cristo oferecido sobre nossos altares debaixo das espécies do pão e vinho, em memória do sacrifício da cruz que nela se renova e continua. O sacrifício da missa difere porém do sacrifício da cruz somente em que na cruz o sacrifício foi cruento isto é, derramando sangue, e na missa não porque é incruento; na cruz morreu Jesus Cristo realmente, e na missa somente misticamente.
9. A vítima do sacrifício da missa é o mesmo Jesus Cristo que foi a vítima da cruz; o sacerdote principal é Jesus Cristo, o mesmo que também foi o sacerdote no sacrifício da cruz. O padre que diz a missa é também em certo modo o sacerdote, mas é porque fala em nome de Jesus Cristo e fazendo a sua figura.
10. Jesus Cristo, na missa, está realmente no altar, desde a consagração até a comunhão, como vítima e como sacerdote, oferecendo aquele sacrifício pela sua Igreja, e pedindo pelos que ouvem aquela missa, oferecendo ao Pai toda a sua vida, morte e merecimentos.
11. Além dos domingos, os dias de festas de obrigação são atualmente em todo o Portugal, os dias: do Natal, Ano Bom (Santa Maria, Mãe de Deus), dos Reis, da Ascenção, do Corpo de Deus, do Coração de Jesus, desde o meio dia da quinta-feira santa até ao meio dia da sexta-feira: os dias da Purificação, Anunciação, Assunção e Imaculada Conceição de Nossa Senhora; os dias de São João Batista, São Pedro e São Paulo e de Todos os Santos.
12. Há outros dias da guarda para outras partes do reino, como o dia de São Vicente no Patriarcado e no Algarve, é o dia de Santo Antônio no Patriarcado.
Explicação da gravura
13. Representa a gravura o sacrifício da missa, as festas principais do ano, a devoção particular aos dias da semana.
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.