Espanha - Madri
Quando Madri foi tomada definitivamente aos mouros, Nossa Senhora de Almudena, passou a ser, justamente com Nossa Senhora de Atocha, padroeira do povo madrileno.
O título - Nossa Senhora "de Almudena" provém do lugar em que foi encontrada a imagem, que, como tantas outras, havia sido escondida, para não ser profanada.
Todos estão de acordo que a imagem foi escondida na muralha que circundava a vila de Madri, e que aí foi encontrada, mas não concordam no que se refere à época e às circunstâncias em que se deu a sua descoberta.
Há duas tradições acerca do encontro da imagem: uma diz que foi encontrada durante o assalto do exército de Afonso VI à muralha de Madri, parte da qual desmoronou, aparecendo a imagem; a outra tradição é contada da seguinte maneira: logo que o rei D. Afonso se apoderou de Madri, procedeu-se à purificação da igreja de Santa Maria, que havia sido profanada pelos mouros, e, como não tinha sido encontrada a imagem da Virgem levada para lá por São Tiago, a qual tinha ocupado o altar-mór do mencionado templo, mandou o Rei que pintasse e fosse colocada em seu lugar outra imagem, que foi chamada - da Flor, por causa de uma flor que o pintor lhe pôs na mão, pintura esta que depois foi colocada no fundo da igreja, quando foi recolocada em seu lugar a antiga imagem.
Como o Rei sabia da existência dessa imagem antes da irrupção maometana, fez o voto de procurá-la com toda a diligência, e, depois de desembaraçar-se dos encargos mais urgentes, e de fazer que se restabelecesse o culto na igreja de Santa Maria, organizou de acordo com a autoridade eclesiástica uma procissão de rogativa, para impetrar do Senhor o encontro da sagrada imagem, ao redor das muralhas da vila.
Organizado o piedoso cortejo, foi circundando todo o recinto murado, entoando cânticos e recitando com fervor diversas orações, para obterem da misericórdia divina que lhes mostrasse o lugar onde estava oculta a milagrosa imagem.
Deste modo chegaram à parte da muralha que dava para a "Cuesta de la Vega", onde se verificou o prodígio de desmoronar-se um pedaço da muralha, deixando a descoberto a imagem pelas lâmpadas que ali deixaram acesas os cristãos, antes de taparem o nicho em que ficou encerrada.
Em virtude de que fenômeno ardiam aquelas duas lâmpadas, que a um e outro lado tinha a imagem, como se uma mão diligente tivesse o cuidado de alimentá-las, para que não se apagassem?...
Foi forçoso admitir a intervenção do sobrenatural, porque foi impossível demonstrar que por via ordinária pudesse alguém acender as duas misteriosas lâmpadas!
É tradição que a imagem foi ali escondida pelos cristãos quando da invasão maometana.
Passados os primeiros momentos de júbilo que produziu tão portentoso achado, dispôs o Rei que no dia seguinte se fizesse a transladação da sagrada imagem para sua antiga igreja, e que uma cópia dela fosse colocada entre duas lâmpadas constantemente acesas, no nicho da muralha que durante mais de três séculos havia ocupado a imagem autêntica, e assim se fez no meio das demonstrações de fervor e de júbilo do povo de Madri, que enfim encontrara a venerada imagem à qual deram o título de "Almudena", que quer dizer mercado ou celeiro, porque a parte da muralha onde foi descoberta a imagem fica perto do lugar onde os mouros tinham seu mercado e depósito de cereais.
Não tardou o povo de Madri a experimentar os benéficos efeitos da poderosa intercessão da SS. Virgem sob o título de Nossa Senhora de Almudena, tanto nas necessidades públicas como nas individuais.
Entre os primeiros é digno de menção especial o eficaz auxílio que prestou à vila nos dois cercos que lhe puseram os mouros, depois de haver sido reconquistada por D. Afonso VI.
Em ambos deu o triunfo às armas cristãs, desbaratando os muçulmanos, e remediou os horrores da fome, que já se fazia sentir pela falta de víveres, fazendo-os chegar em abundância aos sitiados, por via milagrosa.
A antiga igreja paroquial de Santa Maria (são várias e contraditórias as versões que circulam acerca da época da construção desta igreja), de Madri, onde foi venerada Nossa Senhora de Almudena, quase nada de notável oferecia no que se refere a sua arquitetura, mas a figura saliente do citado templo era a imagem de Nossa Senhora, cujo formoso rosto, majestoso aspecto e a bem executada escultura do Divino Infante que a Virgem sustenta em seus braços, justificam a crença de que a dita obra de arte foi executada, por inspiração divina, por artífices dos tempos apostólicos.
A imagem é de madeira olorosa, que recorda os cedros do Líbano, e a pintura que a cobre é tão consistente, que os estragos naturais do tempo não tem podido deteriorá-la.
As jóias doadas à milagrosa imagem são muitas e de grande valor, assim como os mantos com que reis e rainhas, príncipes, nobres e outras pessoas de todas as classes sociais se comprazem em adorná-la.
A revolução de julho de 1854 derrubou o histórico templo, e a veneranda imagem teve de receber hospitalidade na próxima igreja do Sacramento, para onde foi transladado também o culto da paróquia.
Grande vergonha era para os madrilenos estar a milagrosa imagem de sua excelsa Padroeira numa igreja que não era sua; por isso foi projetada a construção de um grandioso templo dedicado a Nossa Senhora de Almudena, e que ao mesmo tempo servisse de Catedral da diocese de Madri-Alcalá.
(Versão resumida do livro "La Virgem en Espanã".)
Fonte: Livro Maria e seus gloriosos títulos, Edésia Aducci
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