Espanha
Festa a 25 de outubro
O antigo e venerado Santuário de Collell pertence à paróquia de Torn, província e bispado de Gerona.
Origem do Santuário e do título: Pelo ano de 780 vivia um dos primeiros barões de Cartellá, combatente do sarraceno invasor, o qual tinha um filho doente em Collell.
Vendo baldados seus esforços para restituir-lhes a saúde, invocou a Santíssima Virgem, prometendo-lhe que edificaria uma ermida ou capela naquele lugar, se o filho sarasse.
A excelsa Mãe de Deus ouviu a sua súplica, e a capela foi edificada, começando-se então de tributar-lhe culto sob o título de Nossa Senhora de Collell, porque assim se chamava a montanha em que foi construída a capela, e também aquele povoado.
O filho do Barão de Cartellá, para mostrar-se grato pelo favor recebido de Nossa Senhora, mandou construir junto à capela um mosteiro, onde se exaltavam as grandezas de Maria.
Refere a tradição que um dia foi cometido um crime naquele templo, que, com o correr dos anos, tinha sido objeto de constantes e importantes melhoramentos: abandonaram então os monges o mosteiro e a igreja, ficando um como custódio e administrador.
Cerradas durante trinta anos as portas do mosteiro, só a tristeza e o pecado viviam em seus arredores, afastando-se o povo daquele piedoso recinto, então interdito.
Algumas pessoas boas choravam, entretanto, o silêncio e a orfandade em que os deixara o cenóbio fechado.
Mas eis que, inesperadamente, acontece um fato extraordinário. No histórico dia 25 de outubro de 1483, um lavrador do povoado a que pertencia o Santuário, homem simples e piedoso, chamado Miguel Noguer, saiu de casa para caçar, levando a tiracolo o arco e a aljava cheia de flechas; ao pôr do sol regressava para casa, mas antes de dispôs a cumprir um dever sagrado que se havia imposto voluntariamente: todos os dias estimulava a vizinhança à oração e ao recolhimento, tocando o sino do Santuário abandonado, à hora do Ângelus.
Segundo o costume, pois, depois de tocar o sino prostrou-se diante da porta fechada do Santuário, e saudou piedosa e fervorosamente a Mãe de Deus; ia levantar-se, quando ouviu como que um lamento e pranto, que parecia vir do interior do templo e, comovido, continuou rezando; de repente vê, com espanto, abrir-se a porta principal e sair uma formosíssima donzela de vestido branco como a neve, com as mãos unidas, em atitude de fervorosa súplica, pedindo a Jesus misericórdia para o seu povo. Perguntou Miguel a causa daquele pranto e daquelas súplicas, e Ela declarou que era a Virgem Maria, e que desejava se restituísse o que fora roubado, se pagassem os direitos da igreja, se guardasse o domingo e se abstivessem de blasfemar, levantando-se então, no prazo de trinta dias, a interdição do Santuário. Insistiu ainda na conversão do povo; se não, seria dizimado pela peste; por fim recomendou que fossem feitas procissões de penitência das paróquias vizinhas e outras que quisessem agregar-se, dando ele notícia de tudo ao Bispo de Gerona.
Como mais tarde em Lourdes e em Fátima, a Mãe de Deus se comove com a desgraça de tantas almas que viviam no erro e no pecado, convidando o povo a orar e a fazer penitência, com a ameaça de gravíssimos castigos.
Tal é a chamada Aparição de Nossa Senhora de Collell ao piedoso lavrador Miguel Noguer.
Cumpriu-se a mensagem da Senhora, celebrando-se piedosas procissões e outros atos de pública reparação e penitência, e reabrindo-se o Santuário ao culto.
Começaram logo a acudir peregrinos até de terras distantes, e, como digna correspondência à generosidade da Rainha dos Céus, floresceu sobremaneira o culto na época subsequente à aparição.
Muitas obras benéficas foram-se fundando no decorrer dos tempos no admirável Santuário, e no Mosteiro anexo recebiam hospitalidade e bom tratamento os numerosos peregrinos que para lá se dirigiam, aos quais se referem as crônicas e outros manuscritos do ano de 1600, confirmando a sua fama.
Posteriormente, ao finalizar a primeira metade ao século XIX, fundou-se em Collell o Seminário Menor do Bispado, para cujo fim, em 1851, se reconstruiu o Mosteiro, para adaptá-lo ao novo plano.
Um novo edifício estava em projeto quando a perseguição desencadeada contra a Igreja impediu que a obra fosse levada a efeito, transformando-se o Colégio em cárcere e lugar de martírio e morte de inocentes vítimas, entre os horrores da revolução.
A restauração começou logo depois da libertação do Santuário, e num domingo do mês de maio de 1939 foi recolocada em seu camarim a antiquíssima imagem de Nossa Senhora de Collell, salva providencialmente, reabrindo-se no mês de outubro o curso acadêmico com inegável êxito. Logo depois foram embelezados os arredores com novos monumentos.
Desde então Collell continua a ser um lugar de devoção mariana, como demostra a continuação das obras de construção e embelezamento da grandiosa Basílica, que há de ser um dia o palácio condigno da gloriosa Rainha dos Anjos e dos homens.
(Versão resumida da Colección "Nuestros Santos".)
Fonte: livro Maria e seus gloriosos títulos
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