25 de maio
Urbano vem de "urbanidade", ou então de ur, "luz" ou "fogo", e de banal, "resposta". Foi "luz" pela honestidade de sua conduta, "fogo" por sua ardente caridade, "resposta" por sua doutrina. Foi "luz" porque esta é agradável à vista, imaterial na essência, celeste na origem, utilíssima no uso. Esse santo também foi amável na conversa, imaterial no desprezo pelo mundo, celeste na contemplação, útil na pregação.
Urbano sucedeu ao papa Calisto em um período de enorme perseguição aos cristãos, quando se tornou imperador Alexandre, cuja mãe, Amaéia, havia sido convertida ao cristianismo por Orígenes. As súplicas maternas conseguiram que seu filho interrompesse a perseguição aos cristãos. Contudo Almáquio, o prefeito da cidade que mandara decapitar a bem-aventurada Cecília, continuou cruelmente a ameaçá-los. Ele encarregou um de seus oficiais, Carpásio, de diligentemente buscar Santo Urbano, encontrado por fim em uma gruta com três padres e três diáconos, e todos foram encarcerados. Almáquio acusou Urbano de ter, junto com a sacrílega Cecília e os ilustres Tibúrcio e Valeriano, convertido 5 mil homens. Ele também exigiu os tesouros de Cecília¹.
Urbano replicou: "Vejo que é mais a cupidez do que a veneração aos deuses que o leva a perseguir os santos. O tesouro de Cecília subiu ao Céu pela mão dos pobres". Enquanto ele e seus companheiros eram açoitados com chicotes de pontas de chumbo, Santo Urbano pôs-se a invocar o nome do Senhor, chamando-o de Elyon², o que levou o prefeito a comentar, sorrindo: "Esse velho quer se passar por sábio falando palavras desconhecidas".
Como os torturadores não conseguiam superá-los, foram levados de volta à prisão, onde Santo Urbano batizou três tribunos que foram vê-lo, assim como o carcereiro Anolino. Ao ser informado de que este último tinha se tornado cristão, o prefeito mandou-o realizar sacrifícios e, diante da recusa, decapitou-o. Quando a Santo Urbano e seus companheiros, foram levados diante de um ídolo e forçados a lhe ofertar incenso. Mas Urbano fez uma oração e o ídolo caiu, matando 22 sacerdotes encarregados de manter aceso o fogo de seu culto. Os cristãos foram duramente torturados e a seguir forçados a sacrificar, mas escarraram no ídolo, fizeram na testa o sinal-da-cruz e, depois de terem dado beijos da paz uns nos outros, receberam a coroa do martírio. Foram decapitados sob o governo de Alexandre, por volta do ano do Senhor de 220.
Imediatamente Carpásio foi possuído pelo demônio, blasfemou contra seus deuses e, contra a vontade, fez um grande elogio dos cristãos antes de ser sufocado pelo demônio. Ao ver isso, sua mulher, Armênia, a filha Lucina e toda a família receberam o batismo das mãos do santo padre Fortunato, e depois sepultaram honrosamente os santos corpos.
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1. Conforme o capítulo 163.
2. A Vulgata traduz por "excelso": Salmos 46,3; 82,19; 96,9. Conforme Isidoro de Sevilha (Etimologias, VII, I, 9, ed. W. M. Lindsay, trad. J. Oroz Reta e M. A. Marcos Casquero, Madri, BAC, 1982, vol. I, pp. 624-7), este era o quinto nome que os hebreus davam a Deus.
Legenda Áurea - Jacopo de Varazze
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