quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Nossa Senhora de Lignou


Couterne - França



O Santuário de Nossa Senhora de Lignou é muito frequentado, e dista cerca de 4 quilômetros da cidade termal de Bagnoles-dell'Orne, e 2 quilômetros da encantadora igreja de Couterne.

O Santuário é situado no cimo de uma ridente colina, em uma pequena e tranquila aldeia.

A sua torre é coroada por uma branca estátua de Maria, que os raios do sol fazem resplandecer. 

O Santuário domina toda a região, o imenso horizonte da Normândia inteira, e do Maine, que se estende a seus pés. 

Segundo a tradição, o título - "de Lignou"  originou-se de "Lignum", que quer dizer lenho, madeira, referindo-se provavelmente à "árvore" onde a imagem foi encontrada.

As peregrinações a este Santuário são realizadas durante o mês de maio, assim como no dia 15 de agosto.

A imagem de Nossa Senhora é preta, de uma mistura de terra cozida e de substância metálica difícil de precisar, e tem 0,80 c. de altura, sendo extraordináriamente pesada; permaneceu durante muito tempo em uma árvore, uma espinha branca ou pibriteiro, onde foi encontrada, e aonde, segundo a lenda, ela tornou a se fixar depois de três retiradas. Defronte desta árvore foi construída uma capela para a imagem. 

Uma  notícia publicada em 1869 faz remontar ao século XI um dos teixos que havia perto da capela, atualmente desaparecidos, e sabe-se, pela tradição, que, quando construiram um edifício religioso, plantavam ao redor ou perto alguns teixos, para que essas árvores fôssem testemunhas de sua idade.

Em 1928 foi concluído o novo Santuário, obra do arquiteto Pignard. O pibriteiro legendário é renovado de geração em geração, em lembrança do encontro da imagem milagrosa, e é até hoje respeitado, e os peregrinos gostam de levar consigo fragmentos dessa árvore, conservando-os  com devoção.

(Versão um tanto resumida do livro "Mille Pèlerinages de Notre-Dame", de I. Coutrier de Chefdubois).

Fonte: Livro Maria e seus gloriosos títulos, de Edésia Aducci.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Nossa Senhora da Paz

Toledo (Espanha)

Festa a 9 de julho



A origem da devoção a Nossa Senhora da Paz tem suas raízes na cidade de Toledo (Espanha).

Nessa cidade, em um templo consagrado a Maria Santíssima e muito venerado pelos fiéis, a Rainha do céu tinha visitado e agraciado diversas vezes a Santo Ildefonso.
Entretanto, mais tarde foi esse templo transformado pelos mouros em mesquita e profanado com os cultos e ritos de sua falsa religião; e quando, em 1085, o rei Afonso VI tomou a cidade, viram os cristãos, com grande mágoa, que nos tratados jurados por ele ficava o referido templo em poder dos mouros.

Partindo Afonso VI para Castela, deixou em Toledo sua esposa, a Rainha D. Constança, e o Arcebispo eleito, D. Bernardo, os quais, compartilhando o desejo ardente dos cristãos, e levados também pelos próprios sentimentos, que julgavam uma indignidade estar o templo principal em poder dos inimigos, resolveram assaltá-lo, uma noite, com pessoas armadas, e apoderar-se dele. E assim o fizeram.

Indignado o Rei, por não ter sido respeitado o seu juramento, dirigiu-se à cidade, resolvido a castigar severamente os principais autores daquela afronta. Grande foi o contentamento dos mouros em contraste com a tristeza dos cristãos. Vendo estes que o Rei já se achava às portas da cidade, sairam em procissão pelas ruas, vestidos de luto e cilício e implorando clemência; outros, no templo, de joelhos, imploravam a Maria Santíssima que tocasse no coração do Monarca. E eis que realmente  se opera o milagre: seu coração abranda-se inteiramente.

Os mouros, que antegozavam o castigo que cairia sobre os cristãos e a vingança de sua injúria, começaram a recear que o castigo se voltasse contra eles, tirando-lhes a liberdade e tornando-lhes a vida dura e insuportável; pressurosos apresentaram-se, portanto, ao Rei, e prostados a seus pés, suplicaram-lhe que perdoasse à Rainha e o Arcebispo, deixando eles o aludido templo em poder dos cristãos.

Acedeu o Rei com prazer ao pedido dos mouros, transformando a sua ira em benevolência, e a sua tristeza em alegria.

A procissão entrou triunfante na cidade, e, dirigindo-se ao templo da Virgem, renderam-lhe graças por haver outorgado a paz à cidade. E para que se perpetuasse, na memória das gerações vindouras, essa graça tão singular, foi instituída a festa de Nossa Senhora  da Paz.

(Esta notícia foi extraída do livrinho "História, novena e missa de Nossa Senhora da Paz", do Revmo. Pe. Sebastião Maria, SS. CC.)

NOTA- A imagem de Nossa Senhora da Paz representa Maria Santíssima sustendo no braço esquerdo o Menino Jesus, e na mão direita segura um ramo de oliveira, símbolo da paz. O Menino tem na mão esquerda uma bola que representa o mundo, e na direita um ramo de oliveira.

Fonte: Livro Maria e seus gloriosos títulos, de Edésia Aducci.

Nossa Senhora de Walsingham





Inglaterra




O Santuário Nacional de Nossa Senhora, para os ingleses, é o Santuário de Walsingham, o ponto central da veneração de Maria Santíssima na ilha; a sua história está intimamente ligada à história da Igreja Católica na Inglaterra.

O que deu origem ao título e à veneração de Nossa Senhora de Walsingham foi uma visão que teve Richeldis de Faverches.

A esta senhora apareceu a Mãe de Deus conduzindo-a em espírito à sua casinha de Nazaré, perto da qual lhe recomendou que tomasse medidas exatas de sua casa, para que pudesse ser edificada em Walsingham uma casa semelhante; mas só depois que a aparição se repetiu três vezes, começou Richeldis alegremente a dar cumprimento ao desejo de Nossa Senhora.

Segundo John Belland, investigador do século XVI, estes acontecimentos se deram no ano de 1061.
O filho de Richeldis, Geoffrey de Faverches, deixou como seu substituto, antes de sua peregrinação à Terra Santa, o Capelão Edvoy, dando-lhe a incumbência de erigir um convento em suas terras, e confiar a "Santa Casa" à proteção de uma Ordem religiosa. A essa Ordem seria também conferido o padroado da igreja de Todos os Santos.

Estas incumbências foram ratificadas por Richard de Clare, duque de Gloucester, sucessor de Geoffrey. 

De 1146 a 1174 encarregaram-se do Covento os Cônegos Agostinianos, que ficaram sendo também os guardas da "Santa Casa" até a destruição do Convento e a proibição das peregrinações na Inglaterra.

Mas... retrocedamos ao ano de 1061: diz a tradição que, quando Richeldis tratou de começar a construção da "Santa Casa", viu certa manhã, com espanto, olhando para um prado, dois pedaços planos do terreno misteriosamente não atingidos pelo orvalho, e esses dois planos correspondiam exatamente às dimensões dos alicerces da casa de Nazaré, que Richeldis havia medido na sua visão; porém, quando ela fazia começar a  construção num daqueles lugares assinalados, o qual ficava na proximidade de duas fontes, sobrevieram singulares acontecimentos, que estorvavam ou retardavam os trabalhos iniciados. Tudo falhava, e ninguém acreditava que a capela fosse algum dia acabada.

Mas Richeldis voltou-se aflita para a Mãe de Deus, pedindo-lhe auxílio e proteção para a sua obra, e eis que, na madrugada de uma noite de oração fervorosa e confiante, seu pedido é satisfeito de modo maravilhoso: Richeldis encontra o Santuário (a "Santa Casa") muito bem construído a 200 pés de distância do lugar que tinham começado a construí-lo.

A este grande  milagre uniram-se muitas curas maravilhosas e o livramento dos mais variados perigos e necessidades.

A fama de Walsingham como lugar de graças extraordinárias espalhou-se rapidamente, e começaram a afluir peregrinos de toda a parte.

Ao longo das estradas por onde passavam as peregrinações foram erigidas de espaço a espaço capelas e outros lugares de oração. Duas capelas ainda existem: uma fica em King´s Lynn e é denominada Capela de Nossa Senhora da Colina Vermelha; a outra, situada em Houghton-in-the-Dale, é dedicada a Santa Catarina de Alexandria e conhecida por "Capelinha dos chinelos", porque aí tiravam os peregrinos os sapatos, continuando o trajeto descalços.

Já muito antes da extinção deste lugar de culto católico por ordem do Cromwell, no ano de 1538, já muito antes tinha começado o calvário de Walsingham, depois de ter o culto católico florescido durante três séculos naquele lugar bendito. 

Mas... não falemos nas perseguições, porque os perseguidores desaparecem, e Deus continua vencendo até os dias de hoje.

Mais ou menos trezentos anos depois da destruição da imagem milagrosa de Walsingham, começou o movimento de Oxford, que visava o florescimento da fé católica na Ilha, e, com esse movimento, foi pouco a pouco renascendo a veneração da SS. Virgem Maria; com este fim uniram-se os veneradores de Nossa Senhora em 1848; em 1880 nasceu a Confraria das Filhas de Maria, em 1904 a Liga de Nossa Senhora, e nos anos seguintes muitas outras organizações semelhantes.

Em 1921 resolveram mandar fazer uma cópia da antiga imagem, e, como a antiga capela estava ainda como a tinham deixado depois da pilhagem, colocaram a imagem na igreja paroquial.




E assim começou a aumentar a devoção a Nossa Senhora, começando também dentro em pouco as romarias a serem organizadas regularmente.

Poucos anos depois foi necessário aumentar a igreja, e por isso resolveram reconstruir a "Santa Casa" segundo o modelo e o tamanho da primitiva, encerrando-a, porém, numa construção maior.

A obra foi começada em 1931, e em 1937 foi consagrada à igreja, que foi anexada ao antigo edifício. 


A devoção a Nossa Senhora de Walsingham foi-se tornando sempre mais intensa, e inúmeras foram as graças concedidas pela Mãe de Deus, tanto nos doentes como aos sãos, havendo também muitas conversões e muitas curas milagrosas.

Nossa Senhora de Walsingham é o título de Nossa Senhora mais amado e invocado na Inglaterra.

(Versão resumida do livro "Wallfahrtsorte Europas", quem desejar notícia mais detalhada consulte o livro "Walsingham, the History of a famous Shine!, de H. M. Sillett).

Fonte: Livro Maria e seus gloriosos títulos, de Edésia Aducci.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

LONGAS AUSÊNCIAS


“Era demais o agarramento de Irma com sua mãe. Das filhas era a mais ‘beijoqueira’ e... a mais desobediente. Dia e noite derretia-se  em meiguices para com a mãezinha. Fazia-lhe companhia à noite,  acompanhava-a nas visitas. No colégio, os olhos vermelhos  de pranto ‘saudoso’ favoreciam as caçoadas  das colegas.
Casou-se e fez uma cena daquelas para deixar a mãezinha. O bom rapaz que lhe era esposo notou, tempos depois, uns ares tristes na esposa. Saudades, no mínimo, calculou ele. Estudava um jeito para remediá-las. Um dia Irma vem atirar-se nos braços do marido e, desfeita em pranto, com ares de criança, dizia:
- Não aguento mais as saudades de mamãe!
- Irás vê-la quanto antes, meu bem. – Tal foi a resposta e dali em diante surgiram economias e sacrifícios ignorados pela esposa.  Não queria o marido contrariá-la nessa exigência, ainda mais no estado em que ela se achava. Levou-a para a casa da mãe e, após o nascimento do filhinho, voltou para a gerência da importante firma aos seus cuidados. A permanência de Irma prolongou-se ao lado da mãezinha cúmplice. Ele foi comendo em hotéis, foi sentindo a solidão no lar, foi notando o desarranjo na casa, foi achando falta de muita coisa.
E todos os anos Irma dava pranto saudoso e permanência risonha ao lado da mãe, longe do marido. Certa vez ele observou que ela lhe fazia falta.
- Mas como você é egoísta! Isso não é amor: bem vejo que você não me quer bem, que nunca me quis bem... (Linguagem de todas as pessoas contrariadas).
Ferido em sua sinceridade, acanhado diante de certas explicações delicadas, o marido concordava em viver solitário por vários meses. Digo mal. Não vivia solitário. Vivia compensado, após ter lutado contra a tentação insidiosa e meiga. A companhia que a esposa lhe roubava era criminosamente substituída...
Um dia tudo veio à tona do conhecimento. Irma fez uma cena tresloucada. A mãe reclamou para perto de si a filha ‘inocente’ e traída. Ruiu o lar, sepultando a felicidade de vários corações.
De quem foi a culpa? Dividamo-la antes de tudo entre a mãe e a filha. A primeira viciou a futura esposa, mostrou incompreensão da natureza moça e sadia  do genro. Faltou à segunda a séria obrigação que toda esposa tem, em consciência, de estudar e conhecer, acompanhar e assistir o marido. Obrigação de adivinhar-lhe até os desejos, ainda que sejam sem nome e expressões.  Foi cruel  para um erro da qual foi mãe e causa.
Ao jovem marido faltou a coragem de dizer um não categórico às manhas  e saudades da  esposa,  aos desejos de menina de colégio.
Gravíssima imprudência é, por conseguinte, a longa ausência entre jovens casais. Os médicos, os pastores de almas, os experimentados da vida a desaconselham e reprovam. A moral cristã exige razões sérias para a permitir, acompanhando tudo de sábios conselhos à esposa. O próprio São Paulo desconfia dessa ausência e a quer só por pouco tempo.
Leitora manda embora teu sentimentalismo lacrimoso e saudoso da mãezinha! Hoje pertences a teu marido e lhe deves fazer companhia. Se ele fidalgamente te oferecer ausências, aceita-as com muita parcimônia e prudência.
Não queres parar com teu choro de saudades, ao qual o marido não se abranda, pela qual até te cesura? Toma o chapéu e vai dar uma volta, olhando... os novos modelos de chapéus e vestidos. Perante a terceira vitrina as lágrimas já terão secado."

As três chamas do lar