sábado, 18 de janeiro de 2014

Nossa Senhora de Núria

Espanha
Século VIII


Dos Pirineus Orientais, onde está situado o vale de Núria, ocupam importante extensão as rochas graníticas, que vão diminuindo para o lado do ocidente.
Entre água, luz, sol e mole granítica, vive o vale suas admiráveis jornadas de devoção a Nossa Senhora de Núria, Rainha do vale. Este título, como tantos outros, é proveniente do nome do lugar em que foi encontrada a imagem. 
Está o vale rodeado de montanhas de mais de oitenta metros de altura. O Santuário, encravado no vale, tem sua imagem milagrosa e sua história. 
A história de São Gil é a história de Núria. Era ele de Atenas e nasceu no meado do século VII; era bom e caritativo e procedia de família nobre. Fugiu de sua terra, e a tempestade o enviou a terras francesas, de onde passou para os Pirineus Orientais. 
Diz a tradição que São Gil habitou e fez penitência na cova onde foi encontrada a santa imagem, e que foi ele mesmo quem a esculpiu, escondendo-a, quando de lá se retirou. 
Há diferentes versões acerca do tempo em que São Gil esteve em Núria; a mais admitida é a de Santo Antônio, Arcebispo de Florença, que crê ter sido pelo ano 700. Pode-se conjeturar que São Gil ficou em Núria três ou quatro anos (700-704), e que, tendo estalado a perseguição contra os cristãos, no reinado de Vitiza, o Santo voltou para Roma, pois sabe-se que ele lá morreu, tendo sido enterrado em um mosteiro; seu corpo foi encontrado incorrupto, e transladado para Tolosa. Na Dalmácia vivia um homem que, por sua bondade, era chamado Amadeu; apareceu-lhe um anjo uma noite e transmitiu-lhe o encargo de edificar uma capela em determinado lugar de Núria, onde acharia uma pedra branca.
Partiu ele para Dalmácia em 1702, e embarcou para a França, até alcançar o vale de Núria. 
Desde a partida de São Gil até a chegada de Amadeu haviam transcorrido 368 anos. 
Três anos depois de haver sido edificada a capela, encontraram a imagem de Nossa Senhora, um dia em que os pastores não podiam explicar a insistência dos mugidos de um touro em determinado lugar da montanha. Desconfiados, começaram a examinar o local, e na cova de São Gil, que outro não era o lugar em questão, acharam a imagem de Nossa Senhora, uma cruz, um sino e uma panela de cobre. 
O pároco de Gueralps levou solenemente para a capela a imagem milagrosa, que foi logo venerada pelo povo; durante a noite das primeiras romarias uma luz vivíssima iluminava aquelas alturas. 
A cruz ficou na cova, a assinalar a morada de São Gil. 
O sino, que talvez não seja o primitivo é contudo antigo e também considerado milagroso, assim como a panela; nesta os devotos metem a cabeça, implorando graça, especialmente para as enfermidades cerebrais, e, quanto ao sino, dizem que as suas badaladas são uma súplica de fecundidade para os casados que visitam o Santuário. 
A imagem é de madeira escura; a Virgem está sentada em um trono, tendo no colo o Menino Jesus sorridente, abençoando com a mão direita, e tendo na esquerda um livrinho apoiada no joelho esquerdo. Parece que foi talhada por São Gil, e assim o admite a tradição.
Os anos de 1633, 1642, 1648 e 1728 são as datas inolvidáveis das sucessivas reformas da capela e igreja; ricas lâmpadas votivas estavam sempre acesas diante da imagem. 
Em 1863 começaram as obras do alojamento para peregrinos e aumenta-se o Santuário. 
Os milagres operados por intercessão de Nossa Senhora de Núria são incontáveis. 

(Versão resumida da "Colección Nuestros Santos".)

fonte: Livro Maria e seus gloriosos títulos

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Nossa Senhora de Bolonha

França
Século VII


A origem do título - Nossa Senhora de Bolonha é a seguinte: Diz a lenda que no ano de 636 apareceu no porto de Bolonha uma embarcação sem tripulantes e trazendo uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços, e que ao mesmo tempo a Virgem Santíssima apareceu na igreja da cidade alta e revelou que aos que lá se achavam que havia escolhido aquele lugar para a veneração daquela sua imagem, e acrescenta a lenda a suposição de que, para livrarem aquela milagrosa imagem da profanação dos sarracenos, confiaram-na ao mar, que a transportou para a costa da França, e acreditam, com fundamento histórico, que a imagem veio de Jerusalém ou de Antioquia. 
A imagem foi recolhida e levada triunfalmente para a igreja, começando logo a ser muito venerada e amada, e o foi sem interrupção por mais de 1.200 anos, mas os marítimos foram os que mais se salientaram na devoção a Nossa Senhora de Bolonha (assim a intitulou o povo, por ter a imagem aportado em Bolonha), que nunca deixou de livrá-los das tempestades, até milagrosamente, quando por eles invocada. 
Mas a imagem milagrosa, por desígnios de Deus, que não podemos compreender, teve também os seus maus dias. 
No ano de 1544, no reinado de Henrique VIII, soldados ingleses saquearam a igreja e levaram a imagem para a Inglaterra, como um troféu, e só voltou para o seu trono da França, quando a peste expulsou os conquistadores. 
Em 1767, protestantes franceses, não tendo podido destruir a imagem, enterraram-na nas proximidades do castelo de Houvault, tendo sido mais tarde desenterrada e jogada num poço; mas, quando o dono do castelo se converteu, restituiu a imagem à sua igreja. O mencionado poço ainda existe. 
Refere a lenda que a gente ouve, nesse poço, de vez em quando, uma gota d'água cair, qual uma lágrima que, para manter a fé do povo, chora ainda hoje o sacrilégio. 
Finalmente, no ano de 1793, conseguiram os revolucionários destruir a imagem; só uma das mãos conseguiram salvar, e essa mão é ainda hoje venerada pelos peregrinos. 
No ano de 1814 um sacerdote parisiense tomou a resolução de reconstruir o Santuário e colocar nele uma cópia da imagem milagrosa. Os seus esforços foram coroados de êxito, e em 1866 foi consagrada a nova Catedral.
A capela da Santíssima Virgem, na cripta, ficou logo novamente cheia de ex-votos, principalmente corações de ouro e de prata, e placas de mármore com inscrições. 
Nossa Senhora, em uma barquinha, é novamente venerada, como na antiguidade. 
Todos os anos, no dia 15 de agosto, é realizada uma grande procissão, que sai da igreja e continua o trajeto por mar. As ruas são enfeitadas com as redes dos pescadores e o cordame dos navios, recordando assim o especial Patronato de Nossa Senhora de Bolonha. 

(Livro consultado para esta notícia histórica - "Walfahtsorte Europas", do Dr. Rudolf Kriss e Lenz Rettenbeck.)

fonte: Livro Maria e seus gloriosos títulos.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Modéstia masculina


Modéstia dos olhos

Quase todas as paixões que se revoltam contra o espírito têm sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam nos homens, de ordinário, as inclinações desregradas.

Santo Agostinho diz: "Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência". Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela, porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e belo; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência.

Por isso nos assegura São Jerônimo que o demônio só necessita de nosso começo: dá-se por satisfeito se lhe abrimos a metade da porta, pois ele saberá conquistar a outra metade. Um olhar voluntário, lançado a uma pessoa do outro sexo, acende uma faísca infernal que precipita a alma na perdição. "As primeiras setas que ferem as almas castas, diz São Bernardo (De mod. ben. viv., serm. 23), e não raro as matam, entram pelos olhos". Por causa dos olhos caiu Davi, esse homem segundo o coração de Deus. Por causa dos olhos caiu Salomão, esse instrumento do Espírito Santo. Por causa dos olhos, quantas almas não se perderam eternamente?

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade". "Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria". É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.

Suposto mesmo que a liberdade que se concede aos olhos não produzisse outros males, impediria sempre o recolhimento da alma durante a oração; pois tudo o que vimos e nos impressionou, apresenta-se aos olhos de nossa alma e nos causa uma imensidade de distrações. Quem já tem recolhimento de espírito durante a oração, tome muito cuidado para não se ver privado dessa graça dando liberdade a seus olhos.

Está fora de dúvida que um cristão que vive sem recolhimento de espírito não pode praticar as virtudes cristãs da humildade, da paciência, da mortificação, como deveria. Guardemo-nos, por isso, de olhares curiosos, e só olhemos para objetos que elevam para Deus o nosso espírito. "Olhos baixos elevam o coração para o Céu", dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: "Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia". Com isso não quero, porém, dizer que nunca se deva levantar os olhos ou considerar coisa alguma; pelo contrário, é até bom, às vezes, olhar coisas que elevam nosso coração para Deus, como santas imagens, prados floridos, etc, já que a beleza dessa criatura nos atrai à contemplação do Criador.

Nosso ideal mais perfeito de modéstia foi, porém, o nosso Divino Salvador mesmo, pois, como nota um célebre autor, os Evangelistas dizem, várias vezes, que o Redentor levantou os olhos em certas ocasiões, dando a entender, com isso, que tinha ordinariamente os olhos baixos. Por isso exalta o Apóstolo a modéstia de seu Divino Mestre, escrevendo a seus discípulos: "Rogo-vos pela mansidão e modéstia de Cristo" (II Cor 10, 1).

Concluo com as palavras de São Basílio a seus monges: "Se quisermos que nossa alma tenha suas vistas sempre postas no Céu, filhos queridos, conservemos nossos olhos sempre voltados para a terra".De manhã, ao despertar, devemos já pedir, com o Profeta: "Afastai meus olhos, Senhor, para que não vejam a vaidade" (Sl 118, 37).

Como se deve evitar a excessiva familiaridade

Não abras teu coração a qualquer homem; mas trata de teus negócios com o sábio e temente a Deus. 
Raramente estejas entre os jovens e estranhos.
Não lisonjeies aos ricos e, por própria vontade, não te apresentes aos poderosos. 
Procura a companhia dos humildes e simples, dos homens piedosos e morigerados e fala com eles sobre coisas edificantes.
Não sejas familiar com mulher alguma; em geral, porém, recomenda a Deus todas as que são virtuosas. 
Deseja intimidade com Deus somente e com os seus anjos e evita ser conhecido dos homens. 

Devemos ter caridade para com todos, mas a familiaridade não convém. 
Acontece, muitas vezes, que se forma bom conceito de uma pessoa desconhecida e a sua presença desagrada aos que a veem. 
Outras vezes pensamos agradar aos demais pela convivência e mais lhes desagradamos, pelos defeitos que em nós vão descobrindo. 

Reflexões
Havemos de prestar-nos aos homens, e só nos darmos a Deus. 
Se no mundo a familiaridade é coisa de menos preço, nas coisas de Deus o demasiado trato com a criatura divide a alma e a enfraquece. 
Não foi ela criada para a terra, senão para viver em mais alta morada, "Nossa conversação é no Céu", diz São Paulo (Fl 3,20).
Enquanto, porém, vivemos com os homens, o melhor é ter geral afabilidade para com todos, e com nenhum particular familiaridade. 

Virtude da Temperança

Primeiro de tudo conserva-te em paz e depois procurarás pacificar os outros. O homem pacífico vale mais que o letrado. 
O homem apaixonado converte o próprio bem em mal e, facilmente, acredita no mal.
O bom e pacífico transforma tudo em bem. (...) Exerce, pois, primeiro o zelo sobre ti mesmo e depois, com justiça, poderás zelar sobre o teu próximo. 
Bem sabes colorir e desculpar os teus defeitos, não queres, porém, aceitar as desculpas alheias. 
Seria mais justo que a ti mesmo acusasse e desculpasse ao teu irmão. Suporta os outros, se queres que te suportem a ti. 
Considera quão longe ainda estás da verdadeira caridade e humildade, a qual não sabe irar-se e revoltar-se, senão contra si própria. (...)
Toda a paz desta miserável vida deve consistir antes em sofrer com humildade que em não sentir contrariedades. 
Quem melhor sabe sofrer, goza de maior paz, porque se tornará vencedor de si mesmo, senhor do mundo, amigo de Cristo e herdeiro do Céu.

Firmeza nas tentações

Cristo: - Filho, nunca estarás seguro nesta vida; enquanto viveres, terás sempre necessidade de armas espirituais. Andas entre inimigos, que à direita e à esquerda, te assaltam. 
Se, pois, de todos os lados, não usares o escudo da paciência, não poderás, por muito tempo, ficar incólume. Além disso, se não firmares em mim o teu coração, com sincera vontade de tudo sofrer por meu amor, não poderás suportar o ardor da peleja, nem conquistar a palma dos bem-aventurados. 
Importa, pois, que atravesses, varonilmente, todas as dificuldades e uses de mão forte contra tudo que te seja adverso. Ao vencedor será dado o maná e ao covarde muita miséria o aguarda. 
Se buscas descanso nesta vida, como chegarás ao repouso eterno?
Não te prepares para grande descanso, senão para muita paciência. 
Procura a verdadeira paz, não na terra, mas no céu; não nos homens e nas demais criaturas, mas somente em Deus. 
Por amor de Deus deves suportar tudo de boa vontade: trabalhos, dores, tentações, vexações, ansiedades, pobreza, enfermidades, humilhações, injúrias, castigos e desprezos. 
Estas coisas ajudam à virtude, provam o novel soldado de Cristo e preparam a coroa celestial.

Temperança nos divertimentos

As danças e os bailes são coisas de si inofensivas; mas os costumes de nossos dias tão afeitos estão ao mal, por diversas circunstâncias, que a alma corre grandes perigos nestes divertimentos. Dança-se à noite e nas trevas, que as melhores iluminações não conseguem dissipar de todo, e quão fácil é que debaixo do manto da escuridão se façam tantas coisas perigosas num divertimento como este, que é tão propício ao mal. Fica-se aí até alta hora da noite, perdendo-se a manhã seguinte e conseguintemente o serviço de Deus. (...) Todo baile está cheio de vaidade e emulação e a vaidade é uma disposição muito favorável às paixões desregradas e aos amores perigosos e desonestos, que são as consequências ordinárias dessas reuniões. 
Referindo-me aos bailes, Filotéia, digo-te o mesmo que os médicos dizem dos cogumelos, afirmando que os melhores não prestam para nada. Se tens que comer cogumelos, vejas que estejam bem preparados e não comas muito, porque, por melhor preparados que estejam, tornam-se, todavia, um verdadeiro veneno, se são ingeridos em grande quantidade. 
Se em alguma ocasião, não podendo te escusar, fores coagida a ir ao baile, presta ao menos atenção que a dança seja honesta e regrada em todas as circunstâncias pela boa intenção, pela modéstia, pela dignidade e decência, e dança o menos possível, para que teu coração não se apegue a essas coisas. (...) Do mesmo modo, essas reuniões à noite arrastam para o seu meio ordinariamente todos os vícios e pecados que vão alastrando pela cidade - os ciúmes, as pedanterias, as brigas, os amores loucos; e, como o aparato, a afluência e a liberdade, que reinam nestas festas, agitam a imaginação, excitam os sentidos e abrem o coração a toda sorte de prazeres, caso a serpente murmure aos ouvidos uma palavra indecente ou aduladora, caso se seja surpreendido por algum olhar dum basilisco, os corações estarão inteiramente abertos e predispostos a receber o veneno. 
Diz-se que, depois de comer cogumelos, é preciso beber um gole do melhor vinho existente; e eu digo que, depois de assistir a estas reuniões, convém muito refletir sobre certas verdades santas e compenetrantes para precaver e dissipar as tentadoras impressões que o vão prazer possa ter deixado no espírito.

Eis algumas que muito te aconselho:
1. Naquelas mesmas horas que passastes no baile, muitas almas queimavam no inferno por pecados cometidos na dança ou por suas más consequências.
2. Muitos religiosos e pessoas piedosas nessa mesma hora estavam diante de Deus, cantando os seus louvores e contemplando a sua bondade; na verdade, o seu tempo foi muito mais bem empregado que o teu!...
3. Enquanto dançavas, muitas pessoas se debatiam em cruel agonia, milhares de homens e mulheres sofriam dores atrocíssimas em suas casas ou nos hospitais. Ah! eles não tiveram um instante de repouso e tu não tiveste a menor compaixão deles; não pensas tu agora que um dia hás de gemer como eles, enquanto outros dançarão?!...
4. Nosso Senhor, a Santíssima Virgem, os santos e os anjos te estavam vendo no baile. Ah! quanto os desgostastes nessas horas, estando o teu coração todo ocupado com um divertimento tão fútil e tão ridículo!
5. Ah! enquanto lá estavas, o tempo se foi passando e a morte se foi aproximando de ti; considera que ela te chame para a terrível passagem do tempo para a eternidade e para uma eternidade de gozos ou de sofrimentos.


Modéstia no vestir


10 mandamentos do homem que se veste bem

1. Virilidade: hoje em dia pode até parecer natural que homens usem brincos, tornozeleiras, piercing no nariz, brilho labial, tenham as sobrancelhas feitas, as pernas depiladas, dentre outras manifestações estéticas ditas normais. No entanto, tudo o que descaracteriza a virilidade, masculinidade do homem é certamente reprovável do ponto de vista religioso e até mesmo biológico. O uso de objetos tradicionalmente femininos, ainda que se diga fruto de uma sociedade avançada, não passa de uma rebeldia contra a natureza que o homem que quer se vestir bem deve combater com todas as suas forças.

2. Sobriedade: é comum principalmente na adolescência que se queira chamar atenção. Ora, isso me lembra do pavão que, segundo a biologia, quando quer chamar a atenção da fêmea exibe suas plumas balançando-as de um lado para o outro. Assim, seguindo uma moda Restart, não é raro ver homens com calças ridiculamente fluorescentes que fariam corar até mesmo o mais brega dos cantores de lambada de antigamente.

3. Simplicidade: muita gente acha que para um homem ser elegante, é preciso gastar fortunas com roupas de marca caríssimas, mas é justamente o contrário. Diferente das mulheres, que necessitam de um vestido de corte diferente, de cores da moda, de sapatos com design arrojado, no caso do homem o menos é sempre mais. Nada como uma camisa de cor neutra e um sapato social preto para torná-lo mais apresentável diante das mais diversas ocasiões.

4. Personalidade: ainda que a tendência seja sempre a simplicidade, o homem não deve se fazer “feito em série”. Buscar combinações de gravatas e camisas é sempre recomendável. Além disso, uma abotoadura particular ou um relógio diferente farão muito mais pela personalidade do homem que um moicano ou uma tatuagem. Para as mulheres como para os homens, a roupa deve manifestar um senso de respeito e mistério que farão com que o outro sempre tenha um motivo a mais para se interessar por aquela pessoa.

5. Bom senso: não basta vestir roupa social (isso não é requisito algum). Já cansei de ver nos telejornais os âncoras vestindo combinações medonhas. Não dá para se vestir bem a depender apenas do que acho estar bom para mim. Dar uma olhada em catálogos, em sites especializados no assunto, dentre outras opções, é um importante passo para a formação do bom senso.

6. Adequação: tem gente que só por se sentir bem acha que camiseta e tênis é algo sociável e infalível para todas as situações. Sei lá, acho que pelo fato de os homens estarem vivendo mais tempo na casa dos pais, eles acabem externando essa síndrome de adolescência tardia nas roupas. No entanto, vai chegando uma idade em que você deve adequar sua roupa tanto para os lugares que vai quanto para a idade que se tem.

7. Praticidade: eu fico pensando na quantidade de tempo da vida que algumas mulheres perdem no ritual da beleza. Ninguém quer pregar aqui que se deixe de lado a sadia preocupação com o visual, porém é bom sempre pensar na questão do tempo porque isso pode ser medida para percebermos quando esse ponto se torna um problema. Nesse contexto, percebo que os homens estão demorando-se cada vez mais na tarefa do embelezamento. Porém, diferentemente da mulher, esse embelezamento todo só serve para gastar tempo e dificilmente acrescenta ao que é útil para a boa apresentação social.

8. Retidão de Princípios: nos últimos tempos as roupas passaram a expressar ideologias (feministas, homossexuais, socialistas, etc), mas tudo isso se perde diante da lei da modéstia que é a principal finalidade de o corpo ser coberto. Quando se perde de vista essa lei, tanto faz eu como homem estar de calça ou de saia (como já vi em desfiles pela Europa). O que mais importa é passar uma mensagem e assim a roupa vira veículo de toda sorte de causas quando ela só precisaria cobrir dignamente o corpo.

9. Economia: vivemos numa sociedade de consumo exagerado. Isso faz com que a utilidade das roupas durem apenas o tempo de uma estação do ano (ex. coleção primavera-verão). Porém, se se usa roupas segundo os princípios já mencionados, como: simplicidade e sobriedade, as coleções tornam-se apenas modismos passageiros. No mais das vezes você pode economizar um dinheiro que poderia ser investido em coisas muito mais relevantes.

10.Visão histórica: é preciso ter em mente o que os homens já usaram no decorrer da história para não corrermos o risco de cair em erros do passado. Houve época em que o homem  usava salto, maquiagem, peruca,  saia e por aí vai. No entanto, houve épocas como a Belle Époque  que, ao menos na minha opinião, o homem  nunca tenha se vestido de modo tão coerente com a modéstia e a condição natural que o Criador lhe deu. Portanto, ponderar erros e acertos do passado é uma lição de casa para qualquer homem que pretenda se vestir bem.

Exame do estado da alma para consigo mesma 

1. Que amor tens para contigo mesma? Não te amas demasiadamente com amor mundano? Se é assim, desejarás ficar muito tempo no mundo e terás cuidado de estabelecer-te aí; mas, se é para o céu que te amas, terás grande desejo de deixar esta terra; ao menos te conformarás facilmente a deixá-la, quando for a vontade de Deus.

2. É bem regrado este amor para contigo mesma? O amor desregrado é, pois, a nossa própria ruína. Ora, o amor regrado quer que amemos mais a alma que o corpo, que tenhamos mais cuidado de adquirir virtudes do que tudo o mais e que estimemos mais a glória eterna do que as honras mundanas e passageiras. Um coração regrado diz muitas vezes a si mesmo: Que dirão os anjos, se penso nisto ou naquilo? E não dirá: Que dirão os homens?

3. Que amor tens à tua alma? Não te aborrece cuidar dela em suas enfermidades? Ah! deves-lhe este cuidado, quando as paixões a atormentam; é preciso deixar tudo por isso e ainda por cima procurar a caridade de outros. 

4. Que pensas de ti mesma perante Deus? Que és um nada, sem dúvida; mas por isso não te deves ter em conta de mais humilde do que se julgas que uma mosca não é nada em comparação com uma montanha, uma gota d'água em comparação com o mar, uma faísca em comparação com o sol; a humildade consiste em não te preferir aos outros e em não querer que os outros te deem essa preferência. Como estás neste ponto?

5. Quanto à tua língua, não te vanglorias duma maneira ou doutra? Não te lisonjeias falando de ti mesma?

6. Quanto a tuas ações, busca algum divertimento contrário à tua saúde, quero dizer, divertimentos e prazeres vão, inúteis, até alta noite, etc.?


Oração

Da corrupção da natureza e da eficácia da Divina graça

Senhor meu Deus, que me criastes à vossa imagem e semelhança, concedei-me a vossa graça, que mostrastes ser tão grande e necessária à salvação, para que eu vença a minha natureza corrompida, que me arrasta ao pecado e à perdição.
Porque sinto na própria carne a lei do pecado, contrária à lei do espírito, que me leva cativo a obedecer, em muitas coisas, à sensualidade; nem poderei resistir às suas paixões, a não ser que me assistia a vossa santíssima graça, infundida, ardentemente, em meu coração.
Faz-se mister a vossa graça, e grande graça, para que eu possa vencer a natureza, sempre inclinada ao mal desde a infância. 
Porquanto, decaída no primeiro homem, Adão, e viciada pelo pecado, transmite a todos os homens a pena deste crime; de sorte que esta mesma natureza, que criaste boa e reta, deve ser considerada fraca e enferma, visto que, entregue a si mesma, os seus movimentos nos arrastam para o mal e para as coisas da terra. 
Na verdade, a pouca força, que lhe ficou, é como uma centelha coberta de cinzas. 
É na mesma razão natural envolta em densas trevas, possuindo ainda o discernimento do bem e do mal, e fazendo a distinção do verdadeiro e do falso; todavia, sente-se incapaz de cumprir o que aprova, pois já não possui a plena luz da verdade, nem a pureza dos seus afetos. 
Daqui vem, meu Deus, que, segundo o homem do interior, eu me rejubilo com a vossa lei, reconheço quanto são bons, justos e santos os vossos mandamentos, reprovo todo o mal e pecado, como coisa de que se deve fugir. 
Mas pela carne estou sujeito à lei do pecado, porquanto obedeço mais à sensualidade que à razão. 
Porque querer o bem está em mim, mas não tenho forças para praticá-lo. 
Daqui vem que proponho muitas coisas boas, faltando-me, porém, a graça, que me ampare a fraqueza, recuo e desfaleço à menor resistência. 
Resulta daí que eu conheço o caminho da perfeição e assaz claramente vejo como devo proceder; mas, oprimido pelo peso da própria corrupção, não me elevo ao que é mais perfeito.
Oh! Quão grandemente me é necessária, Senhor, a vossa graça para começar, continuar e aperfeiçoar o bem!
Sem ela, nada de bom posso fazer; em vós, porém, tudo posso, confortando-me a vossa graça.
Ó verdadeira e celeste graça, sem a qual não há méritos próprios e em nada devem ser tidos os dons da natureza!
Sem a vossa graça, Senhor, nada valem, diante de vós, as artes, as riquezas, a beleza e a força, o talento e a eloquência. 
Na verdade, esses dons naturais são comuns a bons e maus; não assim a graça ou a caridade, que é o dom próprio dos eleitos; com ela adornados, tornam-se dignos da vida eterna.
Tão excelente é esta graça que nem o dom de profecia, nem o poder de operar milagres, nem a mais alta contemplação valem alguma coisa sem ela.
Nem a fé, nem a esperança, nem outras virtudes são agradáveis sem a graça e a caridade. 
Ó beatíssima graça, que do pobre de espírito fazeis rico de virtudes e ao opulento dos bens da fortuna converteis em humilde de coração!
Vinde, descei sobre mim, enchei, desde já, minha alma com as vossas consolações, para que, nos desfalecimentos e na aridez de espírito, não esmoreça o meu ânimo. 
Se for tentado e molestado com muitas tribulações, não temerei mal algum, enquanto estiver comigo a vossa graça. 
É a minha fortaleza, o meu conselho e o meu auxílio; é mais poderosa que todos os meus inimigos, mais sábia que todos os sábios. 
É a mestra da verdade e da disciplina, a luz do coração e o lenitivo das angústias; ela afugenta a tristeza, dissipa o temor, alimenta a piedade e produz santas lágrimas. 
Que sou eu, faltando-me ela, senão lenha seca, tronco inútil, que se lança fora?
Previna-me, pois, Senhor e me acompanhe sempre vossa graça e me conserve, continuamente, na prática de boa obras por Jesus Cristo, vosso Filho. Amém. 


Fontes: http://modestiasaojose.blogspot.com.br
Livros: Filotéia - São Francisco de Sales 
            Imitação de Cristo

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Nossa Senhora Achiropita



Conta-se que no ano de 590, em Rossano (Calábria, Itália), o eremita Santo Efrém obteve de Maurício, imperador de Constantinopla, a permissão de transformar a gruta em que ele habitava em um templo dedicado a Nossa Senhora. 
A gruta do Eremita ficou encerrada entre os murros da nova igreja.
O governador Filípico, cunhado de Maurício, determinou que se pintasse a imagem de Nossa Senhora no fundo da gruta, tendo sido escolhidos hábeis artistas de Bizâncio para esse fim; mas o que era pintado pelos artistas durante o dia desaparecia misteriosamente à noite. 
Filípico, desconfiado e aborrecido com o contratempo, ordenou que fosse a gruta vigiada. 
Estava o guarda em seu posto, durante a noite, quando viu surgir repentinamente uma senhora de rara beleza, toda resplandecente e vestida de seda alvíssima, a qual lhe pediu que se retirasse. 
Na manhã seguinte, informado do extraordinário fato, Filípico dirigiu-se com outras pessoas para a gruta, e verificaram todos, com grande admiração, estar a imagem de Maria magnificamente pintada no lugar em que os artistas desejavam pintá-la. 
A Virgem, na sua incomensurável condescendência, havia pintado o seu próprio retrato.
Eis porque a imagem tão cara aos corações dos fiéis devotos de Nossa Senhora foi denominada Achiropita, isto é, "não pintada por mão humana". 
Explicação da palavra Achiropita: A, prefixo grego = não; chiro - mão; pita, de pittuare, pintar. A ortografia atual é: Aquiropita. 
Emigrantes calabreses, vindos para Sâo Paulo, trouxeram uma cópia fiel desta imagem, e os Padres Missionários da Divina Providência, (Obra de Dom Orione) lhe dedicaram a sua igreja, construída com o auxílio de muitos italianos à rua 13 de maio, 488, São Paulo. 

(Esta notícia histórica foi extraída duma folhinha avulsa distribuída aos fiéis na referida igreja (Paróquia Nossa Senhora de Achiropita), tendo sido um tanto desenvolvida com a notícia da desta publicada no jornal "Fanfulla", de Sâo Paulo, de 13 de agosto de 1950. Tanto na folhinha como no jornal foram-me enviados por uma amiga de São Paulo.

fonte: livro Maria e seus gloriosos títulos.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Nossa Senhora do Porto

Clermont- Ferrand (Dep. du Puy-de-Dome, França)



A notável Igreja de Nossa Senhora do Porto, mais antiga que a Catedral, parece remontar aos primeiros séculos do estabelecimento do cristianismo na Gália, e é incontestavelmente o mais importante dos Santuários de devoção Mariana de Áuvergne, sendo as suas peregrinações as mais frequentados da Diocese.
Mas há outra causa, difícil de descrever, por ser de natureza espiritual, que torna este Santuário notável: a acumulação de orações e a concentração de tantos atos de devoção ao pé da antiga imagem durante tantos séculos, por tantos piedosos cristãos, encheram a Cripta, morada de Nossa Senhora do Porto, duma presença maravilhosa, invisível, é verdade, porém que a muitos fiéis se torna sensível...
A sua maior festa é no dia 15 de maio ou no domingo seguinte. 
Sobre a origem deste Santuário não há documentos anteriores ao século XIII, mas lê-se na vida de Santo Avit, bispo de Clermont (571-594), que este bispo fez construir, num lugar que desde as mais remotas eras tinha o nome de "Le Port" (daí o título de - Nossa Senhora do Porto) - uma vistosa igreja em honra de Nossa Senhora.
Da linda igreja atual, o Santuário propriamente dito de Maria é a Cripta aonde os fiéis vão rezar diante da milagrosa imagem de Nossa Senhora do Porto. 
A imagem tem apenas 30 cm. de altura e é feita de madeira, uma espécie de nogueira muito escura, e é do tipo das Madonas bizantinas, que sobreviveram nos ícones gregos e russos, e que a arte italiana do século XIII adotou. 
Não é possível determinar com certeza quem a esculpiu nem em que século foi esculpida.
Na festa de 15 de maio é levada em procissão, e neste mês é ininterrupto o movimento de peregrinos. 
Do ano de 1514 em diante espalhou-se pela França inteira a fama dos milagres de Nossa Senhora do Porto, que é por isso invocada em todas as possíveis necessidades. 
Enfim, foi diante desta imagem que príncipes e outros personagens ilustres se fizeram Cruzados, antes de embarcar ao grito de - "Deus o quer!"
A peregrinação principal é, como já vimos, do domingo que segue o dia 15 de maio, com procissão triunfal, acompanhada por uma considerável multidão. 

(Esta notícia histórica é versão adaptada dos livros "Wallfahrtsorte Europas" e "Mille Pèlerinages de Notre Dame"). 

fonte: Livro Maria e seus gloriosos títulos