terça-feira, 19 de novembro de 2013

O controle da natalidade

"Estejam todos certos de que a vida dos homens e a missão de a transmitir não se continuam no tempo presente, nem se podem medir ou entender por esse tempo apenas, mas que estão sempre relacionados com a destinação eterna dos homens" (GS, 51).


 Podem os cônjuges achar-se em circunstâncias tais em que, ao menos por certo tempo, o número de filhos não deve crescer?
A nossa mãe Igreja está bem consciente de que isso possa acontecer. De fato, no recente Concílio Vaticano II, assim se expressou: "O Concílio sabe que os esposos encontram muitas vezes obstáculo na organização harmoniosa da vida conjugal por certas condições modernas de vida. E podem achar-se em circunstâncias em que, ao menos por certo tempo, o número de filhos não deve crescer; é nelas que com dificuldade se conservam o cultivo do amor fiel e a plena intimidade de vida. 
Existem os que ousam trazer soluções desonestas a esses problemas e não recuam até mesmo diante da destruição da vida. Mas a Igreja torna a lembrar que não pode haver verdadeira contradição entre as leis divinas sobre a transmissão da vida  e o cultivo do autêntico amor conjugal" (GS, 51).

A decisão sobre o número dos filhos a procriar cabe aos esposos ou à autoridade pública?
Cabe aos esposos. "Em virtude do direto inalienável do homem ao matrimônio e à geração da prole, a decisão sobre o número de filhos a procriar depende do juízo reto dos cônjuges. De maneira alguma pode ser atribuída ao critério da autoridade pública. Mas como a decisão dos esposos supõe uma consciência bem formada, é de máxima importância que a todos se dê a possibilidade de chegar ao nível de uma responsabilidade reta e verdadeira humana com relação à lei divina, de acordo com as circunstâncias da realidade do tempo" (GS, 87), de modo que os cônjuges, retamente "harmonizando o amor conjugal com a transmissão responsável da vida" (GS, 51), "exerçam a função de procriar com responsabilidade generosa, humana e cristã" (GS,50), lembrando que "tudo isso é impossível se a virtude da castidade conjugal não for cultivada com sinceridade" (GS,51).  Este direito for cultivada com sinceridade" (GS,51). Este direito dos esposos, assim compreendido, exclui qualquer interpretação no sentido de arbitrariedade egoísta.

Que pensar da esterilização do homem ou da mulher imposta pelo Estado por razões do "bem comum" ou procurada pelo interessados como meio de "controle"?
Trata-se, no caso da Autoridade Civil, de um abuso intolerável que conduz à degradação mais abjeta do ser humano. As chamadas razões de "bem comum" não passam de considerações meramente econômicas e até políticas, que nascem de uma concepção materialista do homem e totalitária do Estado.
Entretanto, nem ao indivíduo é lícito mutilar-se, a não ser nos casos em que a extirpação de um órgão deteriorado é necessária à sobrevivência. Nem se apele ao princípio da totalidade, isto é, que a esterilização, por exemplo a ligadura  de trompas, beneficiaria o conjunto de tal vida matrimonial posto em perigo pela possibilidade da concepção. A Igreja lembra antes o bem ético da pessoa que está em jogo e toda a ordem moral ameaçada pelas mutilações individuais, destinadas a fugir das consequências naturais do uso do sexo (Doc. da Sagr, Congr. Doutr. Fé, sobre a esterilização - 13.03.75, L´OSSERVATORE ROMANO de 19.12.75).
Quando se fala tanto em paternidade responsável, conviria insistir igualmente, ao menos tanto, no uso responsável do sexo, pois o sexo sem responsabilidade perde toda a sua grandeza. 

É lícito a um casal jovem evitar  a procriação durante alguns anos  até que tenha consolidado sua situação emocional e  econômica, e gozado livremente uma vida conjugal sem filhos?
A entrada no matrimônio com estas disposições pode criar sérios entraves ao amor que "não é olhar um para o outro, mas ambos na mesma direção".
A esterilização voluntária do amor retarda ou impede a consolidação emocional que precisamente se objetiva. Pelo contrário, a generosa abertura para a fecundidade, se bem que não exclua a prudência, é o clima do autêntico amor, tão oposto ao egoísmo, ainda que "a dois".
Os reais problemas econômicos não são tão reais, quando se pensa que o amor se nutre de sacrifícios e que vale a pena lutar contra a mentalidade da assim chamada "sociedade de consumo", em que o homem, vítima da propaganda, se torna escravo de tantas "necessidades" secundárias pré-fabricadas. 

Por que a continência ou abstenção sexual periódica é considerada pela Igreja "uma via lícita" no que tange o controle da natalidade?
Porque a continência periódica consiste em "fazer uso natural de fenômenos naturais". Ligada à aplicação dos métodos naturais da regulação da natalidade, que se fundamentam em um fato biológico, ou seja, na existência de alguns dias fecundos no curso da vida reprodutiva de toda mulher, a omissão da  omissão da relação conjugal durante tais dias torna inviável a concepção.

Os vários métodos artificiais de controle da natalidade - que são, moralmente ilícitos- além de falharem mais em seu objetivo (impedir a concepção) que os métodos naturais, trazem também graves inconvenientes à saúde da mulher?
Sim. Os métodos anticoncepcionais artificiais (recursos a substâncias químicas, em pomada, pó ou líquido, a meios mecânicos ou relações antinaturais, a "pílula anticoncepcional, etc) podem constituir, por si mesmos, ameça à saúde d a  mulher: "Quando a mulher é privada do valor nutritivo do líquido espermático por métodos anticoncepcionistas artificiais, produzem-se em seu organismo alterações de caráter local como geral" (Dr. Frederich J. MacCann, em "A influência das práticas anticonceptivas sobre os órgãos sexuais femininos").
Podem surgir problemas muito sérios, como: o efeito hipertensiogênico (os anticoncepcionais desencadeiam pressão arterial alta das mulheres predispostas); o efeito diabetogênico; o efeito carcinogênico (particularmente se houver antecedentes de câncer de mama) e, além disso, os efeitos colaterais que prejudicam a sua estética, como por exemplo: o cloasma (manchas no rosto, de cura mais difícil do que as semelhantes que às vezes ocorrem em gestantes), as varizes, o aumento de peso (que tem diminuído paralelamente com a redução dos hormônios). Isto sem falar de consequências mais comuns do uso de contraceptivos mecânicos ou químicos, como infecções pélvicas, peritonites, lesões mais ou menos sérias, etc.

Qual dos três métodos naturais de controle da natalidade (Ogino- Knaus, Doyle, Billings) é o mais seguro?
É o método Billings, assim chamado porque foi estudado e elaborado com particular êxito pelo casal de médicos australianos John e Evelyn Billings; o método tem sido aplicado com grande resultado evidenciando ser seguro. 
A utilização, no entanto, conjugada dos três métodos mencionados comporta, surpreendentemente, uma margem diminuta de  apenas um por cento de  erros (ou seja, noventa e nove por cento de êxito), o que nem o mais sofisticado anovulatório moderno consegue oferecer, sem que se corra o perigoso para a saúde física e moral, tão ardilosamente encoberto pela extraordinária máquina publicitária. 

Em que consiste o método Billings ou da ovulação ou da mucosidade ou da "clara  de ovo"?
O método Billings se chama também método da ovulação porque nos indica uma maneira fácil e segura para reconhecer a aproximação e a verificação da ovulação.
De fato, um indicador seguro do período da ovulação e, por isso, dos dias em que a mulher pode ser fecundada é a presença do sintoma ou fluxo mucoso (derrame de secreção uterina de composição alcalina), que, nos dias mais fecundos, se assemelha à "clara de ovo", apresentando-se suave e elástico com sensação de "molhado", escorregadio e lubrificante na área genital ao redor da vagina. 
Toda mulher pode aprender, pela simples observação, a interpretar corretamente seu fluxo mucoso, distinguindo-o do líquido seminal, que é outra coisa. 

Em quais casos, portanto, deverão os esposos, se quiserem licitamente evitar a concepção, abster-se de relações conjugais?
Nos dias fecundos da mulher, isto é:
a)durante a menstruação;
b) quando houver fluxo mucoso e nos três dias seguintes;
c) se houver hemorragia durante o ciclo menstrual, e nos três dias seguintes a esta hemorragia.

O método Billings é de ajuda também aos casais que têm dificuldades em conseguir nova gravidez?
Sim. O reconhecimento do sintoma mucoso, que preanuncia a ovulação, pode ser de grande ajuda aos casais que têm dificuldade em conseguir nova gravidez. De fato, a melhor possibilidade de obter uma gravidez verifica-se quando as relações conjugais ocorrerem nos dias em que a mulher percebe em nível máximo a sensação de umidade e lubrificação produzida pelo muco cervical ou fluxo mucoso.

Em que sentido a ciência pode contribuir para o bem do matrimônio e da família, e a paz das consciências?
"Os especialistas em ciências, mormente biológicas, médicas, sociais, podem contribuir grandemente para o bem  do matrimônio e da família, e a paz das consciências, se, mediante estudos comparados, se esforçarem por esclarecer mais profundamente as condições que favorecem a honesta regulação da procriação humana" (GS, 52).

Pe. Vitório Lucchesi


Nenhum comentário:

Postar um comentário