Edição da Juventude Católica de Lisboa.
1. Este mandamento proíbe o matar injustamente o nosso semelhante, e também o matar-se alguém a si mesmo.
2. Dizemos injustamente, porque há casos em que pode ser lícito o matar alguém, como seria em própria defesa, numa guerra justa ou por sentença de magistrados.
3. Não é somente réu de homicídio aquele que mata com as próprias mãos; também o é quem para ele concorre com ordem, conselho, auxílio, ou de qualquer outro modo.
4. Nunca é permitido o matar-se alguém a si mesmo, por mais infeliz que seja, porque a nossa vida pertence a Deus e só ele tem direito de lhe pôr termo.
5. Aquele que se mata a si expõe-se a maior das desgraças, porque ordinariamente não tem tempo para fazer penitência do seu crime e cai sem remorso na condenação eterna.
6. O matar alguém, chama-se homicídio, o matar-se a si mesmo chama-se suicídio.
7. O suicídio é um crime tão grande, que a Igreja recusa a sepultura cristã aquele que se suicida, quando se sabe ao certo que gozava das suas faculdades.**
8. Desejar a morte a alguém é pecado, quando é por ódio, impaciência, ou outro fim interesseiro e mau.
9. Não é permitido abreviar a vida de alguém com o fim de acabar com seus sofrimentos.
10. Nunca é lícito, nem mesmo a autoridade pública, matar um inocente, ainda que o bem comum o exigisse e que o inocente o consentisse, porque ninguém é senhor da vida.
11. Não nos é lícito desejar a morte a não ser para gozarmos a presença de Deus no céu ou ainda para não o tornar a ofender na terra.
12. Os que se provocam a desafio cometem dois crimes, porque se expõem a si próprios à morte, e procuram matar os outros.
13. As testemunhas dos que se batem em duelo são tão culpadas como aqueles, porque autorizam o duelo com a sua preseça.
14. Diz Nosso Senhor no Evangelho: Tendes ouvido que foi dito: amarás ao teu próximo, e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos tem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque se vos não amais senão os que vos amam, que recompensa haves de ter? Não fazem os publicanos também a mesmo? E se vos saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os Gentios? Sede vos logo perfeitos como também Vosso Pai celestial é perfeito.
15. Este mandamento proíbe também o ódio e a vingança.
Explicação da gravura
16. Na parte superior está representado Caim que acaba de matar a seu irmão Abel. Quando procura fugir, chama-o Deus, censura-lhe o crime cometido, lança-lhe a maldição e o expulsa da sua presença.
A inveja foi que causou este primeiro homicídio.
17. Na parte inferior direita vê-se Architofel que se enforcou na sua casa depois de ter velado Absalão à revolta contra o rei Davi, seu pai com o fim de usurpar o trono.
18. Na parte inferior esquerda estam representados dois homens que se desafiaram. Chega um bom cristão que, interpondo-se, os acalma e lhes mostra a cruz da qual Nosso Senhor os vê e condena o seu procedimento.
** Hoje a Igreja não nega mais sepultura aos suicídas porque depois do advento da ciência psiquiátrica, ela entende que a pessoa pode estar sob o efeito de doença cerebral ou uso de entorpecentes; abrandando assim sua culpabilidade.
Albert (França)
As peregrinações ao Santuário de Nossa Senhora das Ovelhas são célebres em toda a região do norte, e resultaram, diz a lenda, da descoberta, nos arredores da cidade, no século XI, de uma imagem milagrosa de Nossa Senhora, que se acha hoje na capela absidal, e cujo título provém da imagem, que tem uma ovelhinha deitada aos pés da Santíssima Virgem.
As peregrinações a este Santuário são realizadas de 15 de agosto e 8 de setembro.
(Versão do livro "Mille Pèlerinages de Notre-Dame", de I. Couturier de Chefdubois.)
Maria e seus gloriosos títulos - Edéssia Aducci
Mauriac (França)
Situada ao pé de uma colina vulcânica, Mauriac é uma cidade antiga, cuja fundação é atribuída a São Mário, seu padroeiro, apóstolo da alta Auvergne; porém há uma lenda que tende a atribuir a fundação de Mauriac não a São Mário, mas a Santa Teodechilde, filha de Clóvis, que, depois de várias visões sobrenaturais, mandou construir nesse lugar uma capela, onde um círio devia arder permanentemente diante da imagem de Nossa Senhora. A lenda adjunta que essa capela foi construída com materiais provenientes de um templo de Mercúrio, e que Santa Teodechilde doou seus bens aos Monges de São Pedro o Vivo, com a condição de eles cuidarem do Santuário.
Um mosteiro foi construído, por isso, ao lado da capela.
Em 1050 os restos de São Mário, foram enterrados nessa Capela, onde são conservados, como preciosidades, algumas relíquias do Santo, que atraem muitos visitantes.
O título - Nossa Senhora dos Milagres provém dos muitos milagres que Nossa Senhora operou, por meio dessa imagem, a favor de seus filhos.
Sua igreja é um belo edifício do século XIII.
A imagem de Nossa Senhora dos Milagres é muito antiga, tão antiga, sem dúvida, quando o Santuário, e provavelmente é a mesma que Clóvis enviou a sua filha.
Outrora a festa de Nossa Senhora dos Milagres era a 9 de maio, com um ofício litúrgico próprio, dando-lhe um caráter muito particular, e distinguindo-a das outras peregrinações da alta Auvergne.
Depois da Concordata, a peregrinação oficial é realizada no domingo que segue o dia 9 de maio, mas outras peregrinações particulares são realizadas no decorrer do ano.
(Versão do livro "Mille Pèlerinages de Notre-Dame", de I. Couturier de Chefdubois.)
Maria e seus gloriosos títulos - Edéssia Aducci
"Cristão, para melhor compreenderes o que és - disse São João Crisóstomo - "aproxima-te de um sepulcro, contempla o pó, a cinza e os vermes, e chora". Observa como aquele cadáver, de amarelo que é, se vai tornando negro. Não tarda a aparecer por todo o corpo uma penugem branca e repugnante. Sai dela uma matéria pútrida, nasce uma multidão de vermes, que se nutrem das carnes. Às vezes, se associam a estes ratos para devorar aquele corpo, saindo por cima dele, enquanto outros penetram na boca e nas entranhas. Caem em pedaços as faces, os lábios e o cabelo; descarna-se o peito, e em seguida os braços e as pernas. Quando as carnes estiverem todas consumidas, os vermes passam a se devorar uns aos outros, e de todo aquele corpo só resta afinal um esqueleto fétido que com o tempo se desfaz, desarticulando-se os ossos e separando-se a cabeça do tronco.
"Reduzindo como a miúda palha que o vento leva para fora da eira no tempo do estio" (Dn 2,35). Isto é um homem: um pouco de pó que o vento dispersa.
Onde está agora aquele cavalheiro a quem chamavam alma e encanto da conversação? Entra em seu quarto; já não está ali. Visita o seu leito; foi dado a outro. Procura suas roupas, suas armas; outros já se apoderaram de tudo. Se quiseres vê-lo, acerca-te daquela cova onde jaz em podridrão e com a ossada descarnada. Ó meu Deus! A que estado ficou reduzido esse corpo alimentado com tanto mimo, vestido com tanto gala, cercado de tantos amigos? Ó santos, como haveis sido prudentes: pelo amor de Deus - fim único que amastes neste mundo - soubeste mortificar a vossa carne. Agora, os vossos ossos, como preciosas relíquias, são venerados e conservados em urnas de ouro. E vossas belas almas gozam de Deus, esperando o dia final para se unir com vossos corpos gloriosos, que serão companheiros e partícipes da glória sem fim, como o foram na cruz durante a vida. Este é o verdadeiro amor ao corpo mortal: fazê-lo suportar trabalhos, a fim de que seja feliz eternamente, e negar-lhe todo o prazer que o possa lançar para sempre na desdita.
Afetos e súplicas
Eis aqui, meu Deus, a que se reduzirá também este meu corpo, por meio do qual tanto vos tenho ofendido: presa dos vermes e da podridrão! Mas não me aflinjo, Senhor; antes me regozijo de que assim se tenha que corromper e consumir-se a esta carne que me fez perder a vós, meu Sumo Bem. O que me contrista é ter-vos causado tanto desgosto, indo à procura de míseros prazeres. Não quero, porém, desconfiar da vossa misericórdia. Vós esperastes por mim para me perdoar (Is 30,18). E quereis perdoar-me se me arrependo. Sim, arrependo-me, ó Bondade infinita, de todo o meu coração, de vos ter desprezado. Direi com Santa Catarina de Gênova: "Meu Jesus, nunca mais pecarei, nunca mais pecarei". Não quero abusar por mais tempo da vossa paciência.
Não quero esperar, meu amor crucificado, para vos abraçar quando me fordes apresentado pelo confessor na hora da morte. Desde já, vos abraço; desde já, vos recomendo a minha alma. Como esta minha alma tem passado tantos anos sem amar-vos, dai-me luz e força para que vos ame no resto de minha vida. Não esperarei, não, para amar-vos, até que se aproxime a hora derradeira. Desde já, vos abraço e estreito o coração, prometendo jamais vos abandonar.
Ó Virgem Santíssima, uni-me a Jesus Cristo, alcançando-me a graça de não o perder nunca!
Santo Afonso Maria de Ligório - Preparação para a morte.