México
Festa 12 de dezembro
Dez anos e quatro meses depois da conquista do México pelos espanhóis, a Ss. Virgem Maria quis manifestar sua predileção pelos naturais deste riquíssimo e formoso país.
Na alvorada do sábado, 9 de dezembro de 1531, um humilde e ingênuo índio chamado Juan Diego, de uns 48 anos, ia ao seu povoado à igreja de Santiago Tlaltelolco, para assistir à missa. Ao passar por Tepeyac, ouviu um canto doce e harmonioso, que lhe pareceu como que de multidão de canoras avezinhas, e, levantando os olhos para o cume do morro, de onde lhe parecia que vinham as vozes, viu uma nuvem branca e resplandecente, ao redor da qual se via formoso arco-íris de vivíssimas cores.
O índio quedou absorto em suave arrebatamento, sentindo no fundo de sua alma um júbilo inexplicável.
Estando nessa espécie de êxtase, ouviu uma doce e delicada voz de mulher, a qual, saindo dos esplendores da nuvem, o chamava pelo seu nome de Juan e pedia que se aproximasse. Não foi preciso repetir o convite, pois o afortunado índio subiu a toda a pressa a encosta do outeiro, e viu então, no meio daquele mar de luz, uma senhora formosíssima, cujas vestes, afirmou Juan Diego, brilhavam tanto, que, ao ferir, com os seus esplendores, os rochedos da montanha, transformavam-nos em transparentes pérolas; falando em língua mexicana, com o semblante afável lhe disse a visão: "Meu filho, a quem amo ternamente, como a um filho pequenino e dedicado, aonde vais?"
"Vou, nobre Senhora minha, à cidade, ao bairro de Tlaltelolco, ouvir a santa missa, que nos celebra o ministro de Deus e súdito seu."
"Fica sabendo, filho muito querido", replicou a Ss. Virgem, "que eu sou a sempre Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus, e é meu desejo que me erijam um templo neste lugar, de onde, como Mãe piedosa tua e de teus semelhantes, mostrarei minha clemência amorosa e a compaixão que tenho dos naturais e daqueles que me amam e me procuram e ouvirei seus rogos e súplicas, para dar-lhes consolo e alívio; e, para que se realize a minha vonade, hás de ir à cidade (do México), dirigindo-te ao palácio do Bispo que ali reside, ao qual dirás que eu te envio e que é vontade minha que me edifique um templo neste lugar; referirás quanto viste e ouviste: e eu te agradecerei o que por mim fizeres a este respeito, e te darei prestígio e te exaltarei."
Prostando-se o índio aos pés da Ss. Virgem, respondeu: "Já vou, nobilíssima Senhora minha, executar as tuas ordens, como humilde servo teu".
Foi esta a primeira aparição.
Sem perda de tempo, continuou o índio o seu caminho, dirigindo-se ao palácio de D. Juan de Zumárraga, primeiro bispo do México.
Chegando à presença de S. Exa., depois de esperar pacientemente durante muito tempo, referiu, ajoelhado, tudo que havia visto e ouvido. O prudente prelado, escutou com admiração e benevolência a narração do índio; mas, temendo que fosse imaginação sua, ou sonho, ou ilusão do demônio, despediu-o dizendo-lhe que voltasse dentro de alguns dias, pois queria deliberar com calma sobre tão grande e delicado assunto.
O índio saiu do palácio do bispo muito desconsolado e triste, tanto por ter percebido que não lhe tinham dado inteiro crédito, como por não ter surtido efeito a vontade de Maria Santíssima, de quem era mensageiro.
No mesmo dia, depois do pôr do sol, voltou Juan Diego a Tolpetlac, povoado onde residia.
Ao chegar a Tepeyac, encontrou a Virgem Maria (2ª aparição), que o esperava no mesmo lugar em que lhe aparecera de manhã.
Quando Juan Diego a viu, prostou-se a seus pés e lhe disse: "Minha muito querida Rainha e altíssima Senhora, fiz o que me mandaste, e ainda que não pudesse entrar e falar com o Sr. Bispo senão depois de muito tempo, comuniquei-lhe a tua mensagem, conforme me ordenaste; ouviu-me afavelmente e com atenção; mas, pelo seu modo, e pelas perguntas que me fez, entendi que não me havia dado crédito, por que me disse que voltasse outra vez, para S. Revma, informar-se mais minuciosamente sobre o negócio a que eu ia, e esquadrinhá-lo mais a fundo. Presume que o templo que pedes se te levante é ficção ou fantasia minha, e não vontade tua; e portanto te peço que encarregues disso uma pessoa nobre e de importância, digna de respeito, e em quem se possa acreditar; porque bem sabes, minha senhora, que eu sou um pobre plebeu, e que não é para mim este negócio a que me envias; perdoa, minha Rainha, o meu atrevimento, se me afastei do respeito devido à tua grandeza; que eu não tenha merecido a tua indignação, nem te haja desagradado a minha resposta."
A Ss. Virgem ouviu o índio benegnamente, e, depois de manifestar-lhe que queria valer-se dele para este encargo, ordenou-lhe que voltasse a visitar o Bispo e lhe dissesse que era a Mãe de Deus que lhe pedia o templo.
Juan Diego, conquanto receoso de não ser mais bem sucedido do que na primeira entrevista, prometeu cumprir a vontade da Senhora, e que traria a resposta ao cair da tarde do dia seguinte.
No dia 10 de dezembro, domingo o índio apresentou-se novamente no palácio episcopal, e, depois de esperar bastante, conseguiu falar com o prelado, que o ouviu com muita atenção e convenceu-se de sua sinceridade; mas, para não errar no assunto tão delicado, disse a Juan que pedisse, à Senhora que o enviara, um sinal pelo qual ele pudesse ter certeza de que era a Mãe de Deus que desejava se lhe erigisse um templo.
O índio concordou de boa mente, o que lhe causou impressão; contudo, para evitar até a sombra da ilusão ou engano, chamou dois de seus familiares de inteira confiança e ordenou-lhes que fossem atrás do índio, e, sem que ele suspeitasse que o seguiam, e sem perdê-lo de vista, fossem até ao lugar em que ele afirmava ter visto a Ss. Virgem Maria, que vissem bem com quem falava, e depois lhe dessem conta do que tinham visto e ouvido.
Fez-se segundo a ordem do Sr. Bispo: despedido o índio, foram-no seguindo os dois homens a certa distância, até ao rio por onde se passa antes de chegar ao outeiro de Tepeyac, onde Juan Diego desapareceu de sua vista, sem que pudessem encontrá-lo novamente, apesar da diligência com que ambos o procuravam.
Despeitados, voltaram para o palácio e informaram o prelado do que tinha acontecido, pedindo-lhe que, em vez de dar-lhe crédito, o castigasse, pois era sem dúvida um mentiroso ou feiticeiro.
Entretanto Juan Diego se encontrou com a Ss. Virgem (3ª aparição) no cimo do outeiro, e comunicou-lhe o que pedira o Sr. Bispo.
A Ss. Virgem, agradecendo a sua diligência, recomendou-lhe que voltasse no dia seguinte aquele lugar, que Ela lhe daria o sinal desejado pelo prelado.
Voltando Juan Diego para casa, encontrou gravemente enfermo seu tio, Juan Bernardino, com quem vivia e de quem gostava como se fosse seu pai, pelo que não pode, no dia seguinte, 11, comparecer à entrevista que lhe marcara a Senhora, pois precisava ir buscar o médico e remédios para o doente.
Na terça-feira, 12, saiu, ao romper do dia, para Tlaltelolco, com a intenção de chamar um sacerdote franciscano que administrasse os últimos sacramentos a seu tio, cujo estado se agravara muito.
Ao chegar ao lugar por onde devia subir para o outeiro em que lhe aparecia Nossa Senhora, lembrou-se de que não ia obedecer à sua ordem; por isso, temendo que o repreendesse, tomou outra vereda pela falda oriental, crendo candidamente que Maria Santíssima não o veria e, portanto, não poderia detê-lo.
Mas eis que, ao passar pela paragem onde brota a fonte aluminosa denominada o "Pocinho da Virgem" (hoje há neste lugar uma linda capela, em cujo recinto está "el Pocito"), saiu-lhe ao encontro a Mãe de Deus, circundada de uma nuvem e radiante de claridade, e perguntou-lhe: "Aonde vais, meu filho, e por que tomaste este caminho?"
O índio envergonhado, caiu de joelhos e respondeu: Minha, muito amada Senhora, Deus te guarde! Como amanheceste? Estás com saúde?... Não te agaste com o que te vou dizer: está enfermo um servo teu, meu tio, e eu vou depressa à igreja de Tlaltelolco, para trazer um sacerdote para confessá-lo e ungi-lo, e, depois de feita esta diligência, voltarei a este lugar, para obedecer à tua ordem. Perdoa-me, peço-te Senhora minha, e tem um pouco de paciência, que amanhã voltarei sem falta".
Tendo ouvido com afabilidade a desculpa do índio, Maria lhe falou nestes termos: "Ouve, meu filho, o que vou dizer-te: não te aflija coisa alguma, nem temas enfermidade nem outro acidente penoso. Não estou aqui eu, que sou tua Mãe? Não estás debaixo da minha proteção e amparo? Não sou eu vida e saúde? Não estás em meu regaço e não andas por minha conta? Tens necessidade de outra coisa?... Não tenhas cuidado algum com a doença de teu tio, que não morrerá desta vez, e tem certeza de que já está curado."
Juan Diego, consoladíssimo com estas suaves palavras, ofereceu-se então para levar já, ao Sr. Bispo, o sinal que Maria lhe desse.
A celestial Senhora ordenou-lhe que subisse ao cume do outeiro e colhesse todas as rosas que lá houvessem recolhendo-as em sua capa, e depois Ela lhe diria o que devia fazer.
Obedeceu o índio sem réplica, apesar de saber que não havia flores naquele lugar, que era um amontoado de rochas agrestes, e no entanto, encontrou, admiradíssimo, grande quantidade de rosas frescas, odoríficas, aljofradas, e, pondo a capa como a usam os índios, colheu quantas podia carregar dentro dela, apresentando-se outra vez à Virgem Santíssima.
Maria tomou em suas benditas mãos as rosas, acomodou-as na capa de Juan e lhe disse: "Este é o sinal que hás-de levar ao Bispo, e lhe dirás que, pelo dom destas rosas, faça o que te ordeno. E tem cuidado, filho, com o que te digo, e fica sabendo que tenho confiança em ti. Não mostres a pessoa alguma, no caminho, o que levas, e não abras tua capa senão na presença do Bispo, e dize-lhe o que te mandei fazer agora; e com isto se animará a pôr mãos à construção do meu templo".
Com estas amorosas palavras o despediu a Soberana Virgem.
O índio ficou muito alegre com o sinal, porque se convenceu de que agora teria feliz êxito a embaixada, e, levando com grande cuidado as rosas, as mirava de quando em quando, deleitando-se com a sua fragrância e formosura.
Esta foi a quarta e última aparição da Ss. Virgem ao venturoso mexicano.
Chegou Juan Diego com a sua mensagem à morada do prelado, e tendo pedido a vários servos que o conduzissem à sua presença, esperou durante muito tempo, até que, enfadados de suas importunações, notaram que ele ocultava alguma coisa em sua capa, e quiseram ver o que era.
Juan Diego resistiu tanto quanto possível, mas por fim viu-se obrigado a abrir um tanto a capa. Vendo que eram rosas, e tão belas, pretenderam tirar algumas; porém, ao estender três vezes as mãos, pareceu-lhes que não era verdadeiras, senão pintadas ou tecidas com arte na capa.
Foram então dar notícia do ocorrido ao Sr. Bispo, que chamou o índio. Expôs este humildemente que trazia o sinal pedido, e, desdobrando a capa, caíram ao solo, as rosas, e além disto viram pintada na capa a imagem de Maria Santíssima, a mesma que ainda hoje se venera.
Admiradíssimo o Exmo. Sr. D. Zumárraga do prodígio das rosas frescas e balsâmicas no rigor do inverno, e sobretudo emocionado ao contemplar a imagem maravilhosa, caiu de joelhos para venerá-la, imitando-lhe o exemplo todos os que estavam presentes.
Logo depois desatou o laço posterior da capa do índio e levou-a para o seu oratório, onde a colocou com reverência, depois de haver dado graças a Deus e a sua divina Mãe. Deteve naquele dia em seu palácio o afortunado neófito e o acolheu com grande carinho. No dia seguinte determinou que o acompanhasse para indicar o lugar em que a Ss. Virgem queria que se edificasse o templo.
Com a maior ingenuidade assinalou os lugares em que havia visto e falado quatro vezes à Mãe de Deus, e depois pediu permissão para ir ver seu tio. O Sr. Bispo lha concedeu de bom grado, dando-lhe companheiros de confiança, com a ordem de trazerem Juan Bernardino à sua presença, se tivesse sido curado.
Encontraram-no de fato completamente são; e ele declarou que lhe havia aparecido a Ss. Virgem e lhe insinuara que era vontade sua lhe fosse edificado um templo no lugar em que a havia visto seu sobrinho, e que sua imagem se chama-se - Santa Maria de Guadalupe.
Logo que se divulgou a fausta notícia de que a Virgem Mãe de Deus havia aparecido a dois índios, deixando milagrosamente gravada na capa de um deles a representação de sua formosura, reanimaram-se os abatidos mexicanos.
De todos os bairros da populosa cidade e de seus arredores acorriam muitos para se certificarem da verdade do milagre e venerarem a imagem de sua augusta Protetora.
Sendo muito pequeno o oratório do Bispo para conter as multidões ávidas de contemplar a maravilhosa pintura, D. Zumárraga mandou colocá-la no retábulo do altar-mór da igreja matriz. Em um dos altares laterais puseram as rosas, que, depois de secas, foram repartidas como relíquias entre as famílias mais distintas e piedosas.
Ali permaneceu a imagem até 26 de dezembro do mesmo ano de 1531, dia em que foi transladada para a ermida que no breve espaço de quinze dias foi construída no outeiro de Tepeyac.
A transladação foi feita com a maior piedade e com demonstrações de indizível júbilo. O percurso de uma légua de distância, da cidade a Tepeyac, foi feito por caminhos cobertos de arcos e ramos, estando o chão atapetado de ervas odoríficas e variadas flores, que haviam trazido de diversos povoados.
As multidões que acompanhavam a transladação apregoavam em sua língua os louvores da Mãe de Deus.
O cacique de Atzcapozalco, que no batismo tinha recebido o nome de Francisco Plácido, cantou em verso, como costumava os naturais cantar os feitos memoráveis de sua nação, todas as ocorrências das aparições. E, como estribilho, repetia com frequência: "A Virgem é de nós outros, os índios, nossa Mãe e Senhora! A Virgem é dos índios!"
O ditoso Juan Diego se dedicou ao serviço da Ss. Virgem em sua ermida, depois de haver deixado seu povoado para sempre, e suas casas e terras a seu tio.
Seus vizinhos do povoado lhe construíram um quartinho de adobes junto da ermida, onde viveu honesta e recolhidamente como um ermitão, com a licença de D. Zamárraga.
Varria a igrejinha, perfumava-a, rezava continuamente e conversava familiarmente com a Ss. Virgem, como um filho com sua mãe. Era homem exemplar, temente a Deus, de consciência reta e louváveis costumes. Teve tal opinião de santidade, que todos os que iam ao santuário pedir alguma mercê à Ss. Virgem, tomavam-no como intercessor e se recomendavam às suas orações. Morreu em 1548, com 74 anos de idade.
O primeiro dos surpreendentes efeitos da aparição de Nossa Senhora foi a rápida conversão do México à fé de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Era tristíssimo o estado de idolatria em que jazia a raça asteca, que dominava no país à chegada dos espanhóis. Os astecas, mais que nenhuma outra nação pagã, haviam-se entregado à horrenda barbárie dos sacrifícios humanos, e, como as vítimas dos sacrifícios deviam ser prisioneiros de guerra, davam combate a seus inimigos no princípio de cada um dos dezoito meses de vinte dias em que dividiam o ano, preferindo fazer um prisioneiro a matar cem homens.
Imolavam-se deste modo anualmente pelo menos, vinte mil vítimas humanas, cujos corações palpitantes se ofereciam ao astro do dia e ao deus da guerra.
Deus castigou este povo prevaricador tirando-lhes a autonomia.
O intrépido capitão Fernando Cortés, à frente de suas hostes, conquista Anahuac, e a 13 de agosto de 1521 toma posse da capital do império.
Depois de muitos trabalhos e sacrifícios nos oito anos que precederam à aparição de Nossa Senhora, lograram os missionários batizar oitocentos mil índios, mas quase todos crianças. Os adultos não se resolviam a abraçar o cristianismo, porque estavam habituados à poligamia.
Mas... amanhece o memorável dia 12 de dezembro de 1531, e dissipam-se como por encanto as trevas da idolatria!
Somente os Franciscanos, nos dez anos que seguiram à aparição, conforme escreve o Pe. Motolínia, batizaram dez milhões.
Todos os historiadores, inclusive o protestante norte-americano Humberto H. Bancroft, confessam que a Virgem de Guadalupe foi o Apóstolo que arraigou a fé católica no México.
Noventa anos esteve a pintura milagrosa da Ss. Virgem em sua primitiva ermida.
Crescendo dia a dia a devoção e o culto, tanto a ermida como a igreja que a substituiu foram insuficientes, até que a 25 de março de 1625 foi benzida a primeira pedra da soberba basílica que é a maior glória do povo mexicano.
Celebrou-se a festa de sua dedicação a 1º de maio de 1709, e têm sido feitas em diversas épocas reparações notáveis, sobressaindo as que foram começadas a 24 de outubro de 1887, para celebrarem condignamente a coroação da veneranda imagem - a pintura milagrosa - decretada pela Santa Sé.
Por não poder estender-me demasiadamente, não falarei na grandiosidade da basílica; não poderei, porém, privar-me do prazer de comunicar aos leitores que o altar que contêm a santa imagem; é de alvíssimo mármore de Carrara, com delicados lavores, e que a maravilhosa pintura, guarnecida de duas molduras (a exterior é de bronze dourado, e a outra de ouro fino), é protegida, pelo lado da frente, por um cristal finíssimo, e por detrás por uma delgada lâmina de prata, que importou em dois mil pêsos.
Dia para sempre memorável nos fastos da Igreja mexicana será o dia 12 de outubro de 1895, em que foi coroada a maravilhosa imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.
Colocaram diante do trono da Santa Imagem um tablado com suaves e cômodas escadas. O Arcebispo celebrante entoou o "Regina Coeli", e, ajudado pelo Arcebispo de Michoacán, suspendeu a riquíssima coroa e colocou-a, pendente de uma vareta de ouro, que havia sido encravada na moldura, à altura da cabeça da Ss. Virgem.
Foi indescritível o entusiasmo e a comoção dos cinquenta mil fiéis que assistiram à coroação de sua Mãe e Rainha, representada na maravilhosa pintura!...
Quanto à origem da palavra - Guadalupe, não estão de acordo os escritores. Becerra Tanco é de opinião que não foi esta palavra que ouviu Juan Bernardino, porque a língua asteca carece das letras G e D, e por esta razão os índios não podiam pronunciá-las. Talvez, diz ele, que a palavra indicada pelo índio fosse "Tecuatlanapeuh", que se pronuncia "Tecuatlanupe", e quer dizer "brotado do cume das rochas", ou então "Tecuantlaxopeuh" que se pronuncia "Tecuatlasupe", e significa - "vencedora do demônio", e, literalmente: "a que afugenta aos que nos comiam".
Os espanhóis, que modificavam as palavras astecas amoldando-as à língua castelhana, a converteriam em - Guadalupe.
Sábios e prudentes historiadores, porém, acham que o nome indicado pela Ss. Virgem foi mesmo "Guadalupe", o qual se compõe de duas palavras árabes, que significam "Rio de Luz", significação muito adequada ao milagre.
O amor a Nossa Senhora de Guadalupe está tão arraigado no coração dos mexicanos, que chegaram a ser sinônimo os termos mexicano e guadalupano.
Não há na República diocese que lhe não tenha dedicado um templo mais ou menos suntuoso; não há igreja que lhe não tenha erigido um altar; não há casa em que não seja venerada com especiais demonstrações de afeto.
No dia 12 de cada mês honram com esmêro sua Mãe Celestial. Todos os sábados cantam com pompa e solenidade a "Salve Regina", na insígne Basílica, e as várias Dioceses têm no ano um dia fixo em que vão em romaria visitar a Ss. Virgem, dedicando-lhe função sonelíssima, com Pontifical pelo respectivo Prelado.
NOTA: A sobrehumana pintura representa a Ss. Virgem como se costuma em geral representá-la no mistério de sua Imaculada Conceição, mas a túnica é cor de rosa, com arabescos dourados, e o manto é azul esverdeado, todo semeado de estrelas, e a modéstia, formosura e amabilidade de seu rosto é de uma beleza inimitável, de encanto virginal e divino.
Na cabeça, por cima do manto, a imagem tinha uma coroa dourada, de dez pontas; porém, ao fazerem os preparativos para a solene coroação da Virgem, notaram com espanto nova maravilha: a coroa havia desaparecido "sem deixar o mínimo vestígio de raspadura ou outra violenta ação humana"!
(Versão resumida do livro "América Mariana", do Revmo. Pe. Félix Alejandro Cepeda.)
Maria e seus gloriosos títulos, Edésia Aducci, editora Lar Católico, 1960, 2ª edição.
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Fonte das imagens
https://www.flickr.com/photos/28359965@N03/
https://www.britannica.com/topic/Our-Lady-of-Guadalupe-patron-saint-of-Mexico
https://litanylane.blogspot.com/2012/12/sunday-december-9-2012-obedience-baruch.html
https://www.pildorasdefe.net/aprender/fe/Video-Las-13-figuras-en-los-Ojos-de-la-Virgen-de-Guadalupe
https://pt.aleteia.org/2016/10/12/16-lindas-imagens-de-maria-na-arte/
https://sacragaleria.blogspot.com/2014/11/nossa-senhora-de-guadalupe.html
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