Certa vez, enquanto discursava, dirigindo-me a Deus, agradecendo por estar seguindo o bem, e pedindo forças para cada vez mais aperfeiçoar-me, um dos que me ouviam indagou-me:
- Por que fazes tantas boas obras e sacrifícios? Quais são os méritos ou prêmios que esperas ganhar se é Deus o responsável por todas as coisas boas? Será que és tu quem de fato decides teus próprios atos?
Respondi-lhe prontamente:
- Deves dar glórias a Deus, que de graça te precedeu, te despertou e te consagrou. Por fim, deves viver dignamente entre outras coisas dessas espécie, para que Ele te prove e te beneficie. Não sejas ingrato, permaneças sempre idôneo!
Mas ele continuou respondendo-me:
- Sei que este é um ótimo conselho, mas deves também me dizer o modo de sermos capazes de segui-lo. Conhecer é uma coisa, e fazer é outra bem menos fácil. Uma carruagem conduzida por um cego é bem diferente de outra conduzida por um franco, pois não é qualquer pessoa capaz de mostrar o caminho e prover a via para o viajante. Um é o homem que faz seus planos e parte para a viagem, e outro o que exagera e tomba no caminho. Digo mais, caro Bernardo: até mesmo um professor, que primeiro nos ensina o que é bom, muitas vezes não age conforme o que ele diz. Para mim, há duas atitudes necessárias na vida: ensinar que devemos fazer o bem, e sermos ajudados, [amparados com os meios para] agirmos. Tu, homem reto e probo, podes dar-me esse conselho, livrando-me da ignorância?
Como nos disse o Apóstolo - "O Espírito é quem nos ajuda a agir bem, diante de nossa falta de firmeza" -, digo-te outra coisa: o conselho que ensinas por tua boca, além de transmitindo, é necessário ser acompanhado de um amparo do Espírito, tornando-te forte o suficiente para implementá-lo.
Confesso-te que eu compreendo ser pelo trabalho da graça que se forma em mim este querer bom, mas não encontro a capacidade para concretizá-lo nem mesmo nas ocasiões em que confio que vou descobri-la no meu interior. Como devo proceder se o querer bom só se concretiza quando quem concede a boa vontade, além de dá-la, também aperfeiçoa a capacidade para que a busquemos? Dize-me onde estão nossos méritos; onde está nossa esperança [diante da necessidade da graça para que concretizemos nossa boa vontade do mundo?]
Respondi-lhe o seguinte:
- Não somos movidos pelas obras justas, e por elas salvos, mas somos salvos pela divina misericórdia. Logo, o que é a salvação? Será que por acaso pensas que, possuindo as obras justas, já poderás ser salvo por tua justiça, mesmo que nem saibas dizer o nome do Senhor Jesus e independentemente do Espírito Santo?
Parece que nos esquecemos da frase de Jesus: "Sem mim, não podes fazer nada", e do Apóstolo: "A salvação não está naqueles que desejam, nem nos que correm, mas apenas se realiza pela misericórdia de Deus".
Logo, dize-me, o que é agir com o livre-arbítrio? Respondo-te rapidamente: para mim, é a atitude de nos salvarmos. Suprime o livre-arbítrio, e não teremos mais como ser salvos. Exclui a graça, e não haverá a quem ser salvo. A ação, destituída desses dois elementos, não pode se concretizar: o primeiro, o livre-arbítrio, provém de quem age; enquanto o outro, a graça, é o 'por que' se age ou 'em que' a ação se dá.
Deus é o autor da salvação, único responsável pelo livre-arbítrio: somente Ele pode dar-nos a salvação, e nos tornamos capazes de recebê-la pelo livre-arbítrio. A salvação só é dada pelo livre-arbítrio ao capaz de recebê-la, sendo Deus o único capaz de enviá-la. Sem o consentimento do livre-arbítrio, ela não pode ser recebia, mas, sem a graça, ela não pode ser dada.
Logo, posso afirmar que o livre-arbítrio está a cooperar com a graça na concretização da salvação, já que, enquanto consente, está de fato a salvar. Para o livre-arbítrio, então, consentir é salvar-se.
Pouca coisa podemos dizer sobre o espírito das bestas, que não podem ser salvas. Falta-lhes o consentimento voluntário para que consciente e placidamente obedeçam a Deus, aquiescendo com seus mandamentos, crendo em suas promessas e prestando-lhe graças.
Uma coisa é o consentimento voluntário, e outra é o apetite natural. Nós compartilhamos este último com os animais irracionais, mas não podemos consentir com o espírito, enquanto estivermos atraídos e presos na carne.
Talvez seja isto o que nomeia o Apóstolo como 'a sabedoria da carne', quando diz: "A sabedoria da carne é a inimiga de Deus: ela não é submetida à lei de Deus nem o pode". Por isso afirmei que possuímos características comuns com as bestas, mas é justamente o consentimento voluntário que nos diferencia delas, sendo este o hábito da alma e a condição para a sua liberdade.
Não reconhecemos um ato livre, quando obtido pela força. Um ato voluntário não é de necessidade, pois não podemos refutá-lo nem apresentá-lo a não ser pela própria vontade. Coagir alguém a agir contra sua vontade, refutando-a, significa usar da violência, não havendo vontade nem consentimento.
O consentimento é necessariamente voluntário, e onde há vontade, há liberdade. Eis o que suponho como sendo livre-arbítrio, caro irmão.
São Bernardo de Claraval, Opúsculo sobre o livre-arbítrio, p 23-6. Ed. Ecclesiae
sábado, 28 de julho de 2018
quarta-feira, 25 de julho de 2018
O Matrimônio
1. O matrimônio pode considera-se como contrato e como sacramento. Como contrato, é uma união conjugal do homem e da mulher que os obrigada a viver numa inseparável companhia.
2. Como sacramento, o matrimônio é este mesmo contrato elevado por Jesus Cristo à dignidade de sacramento que dignifica e causa graça nos que o celebram.
3. O sacramento do matrimônio dá aos que o recebem dignamente e que são legitimamente casados virtude e graça para viverem em paz e caridade, e para criarem os filhos no santo temor de Deus.
4. Para que o matrimônio seja perfeito e abençoado de Deus, os noivos devem principalmente: 1º estar em graça de Deus; 2º saber bem a doutrina cristã; 3º ter boa intenção.
5. Ambos os noivos hão de estar em graça de Deus, porque o matrimônio é um sacramento de vivos, e não pode ser recebido dignamente senão por quem estiver vivo pela graça.
6. Devem saber os noivos a doutrina cristã, porque os pais de família têm a obrigação de ensiná-la a seus filhos e criados, e não a podem ensinar sem a saberem bem.
7. As principais obrigações dos que se casam são duas: 1º viver em mútuo amor e união conjugal assim como Jesus Cristo a tem com a sua Igreja; 2º e educar bem os seus filhos.
8. O matrimônio nulo é aquele em que os casados verdadeiramente não estão casados, ainda que fizessem a cerimônia da Igreja.
9. O matrimônio é nulo por causa dos impedimentos. Os impedimentos são muitos; os mais frequentes porém são os parentesco até o quarto grau de consanguinidade ou de afinidade, o ser clandestino o matrimônio, etc.
10. Há tempos em que a Igreja proíbe os casamentos, e são: desde o primeiro domingo do advento até ao dia de Reis, e desde o dia de cinza até ao domingo que chama de Páscoa. Proibem-se neste tempo os casamentos solenes e bençãos nupciais. Os bispos podem conceder dispensa do tempo proibido.
11. Proíbe a Igreja os casamentos em todo o lugar que não for a pároquia de um dos contraentes, exceto se houver licença especial.
12. Proíbe a Igreja casar com os hereges e com os excomungados, durante a excomunhão.
13. Proíbe a Igreja celebrar os matrimônios enquanto não estiverem corridos os banhos e o pároco estiver certo da livre vontade dos contraentes.
14. A Igreja manda correr os banhos para averiguar se há ou não algum impedimento.
15. Quem souber em segredo algum impedimento tem obrigação de o declarar ao pároco, debaixo de pecado mortal e pena de excomunhão, a não haver razão grave, que o dispensa.
16. Há um estado que é mais perfeito e mais agradável a Deus do que o matrimônio, é a virgindade cristã.
17. Casar em estado de pecado mortal é um sacrilégio que atraí a maldição de Deus sobre as famílias.
18. O matrimônio é indissolúvel; só se dissolve pela morte de um dos desposados. Nosso Senhor disse no Evangelho que o homem não pode separar o que Deus uniu.
Explicação da gravura
19. A parte principal da gravura representa o casamento de Nossa Senhora com São José, que tem na mão uma açucena. Quando Maria chegou à idade de se casar, o sumo sacerdote reuniu todos os jovens da família de Davi que desejavam desposá-la, e deu a cada um ramo bento dizendo que escrevessem o seu nome. Depois colocou os ramos no altar pedindo a Deus que manifestasse a sua vontade. Então viu-se que só o ramo de José estava coberto de folhagem e flores. À direita vê-se um jovem que, triste por não ter sido escolhido, quebrou o ramo que lhe dera o sacerdote.
20. Na parte superior, à esquerda, veem-se Tobias e Sara preparando-se para o casamento com fervorosas orações. O anjo Rafael expulsa o demônio que matara os sete maridos de Sara pelas suas más disposições para o matrimônio. À direita vê-se Adão e Eva a quem Deus abençoou e disse: Crescei e multiplicai-vos.
21. Na parte inferior vê-se um casamento católico.
Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.
Edição da Juventude Católica de Lisboa.
segunda-feira, 23 de julho de 2018
A Ordem
1. A Ordem é um sacramento instituído por Jesus Cristo, pelo qual se confere o poder de consagrar, oferecer e administrar a Eucaristia, e exercer as outras funções eclesiásticas.
2. Este sacramento dá virtude e graça aos sacerdotes e outros ministros da Igreja para bem cumprir os seus ofícios.
3. Os que abraçam o estado eclesiástico devem ter por fim a glória de Deus e a salvação eterna do próximo.
4. Somente aos bispos pertence administrar o sacramento da ordem, porque têm a plenitude do sacerdócio.
5. As disposições necessárias para receber o sacramento da Ordem são principalmente três: 1º vocação, isto é, ser chamado por Deus para o estado eclesiástico; 2º uma vida exemplar e devota; 3º suficiente doutrina.
6. Há sete graus no sacramento da ordem, quatro menores e três maiores. Os quatro graus menores do sacramento da ordem são: ostiário, leitor, exorcista e acólito. As três ordens maiores ou ordens sacras são: subdiácono, diácono e presbítero, que é o mesmo que a de epístola, de evangelho, e de presbitério ou de missa.
7. Há uma diferença quase infinita entre os sacerdotes e os que não o são. Basta dizer que o Filho do Altíssimo lhe obedece, vindo à terra realmente em um instante toda a vez que o sacerdote o diz na consagração.
8. Devemos pois ao sacerdote todo o respeito, pelos dois poderes que Deus lhe deu, um sobre o Filho de Deus feito homem que obedece à sua voz, e outro o de perdoar os pecados que são ofensas feitas a Deus.
9. Se o sacerdote não tiver costumes próprios a esta grande dignidade, devemos respeitar o caráter do sacramento, e ter compaixão e caridade da pessoa.
10. Para com aqueles que são promovidos às ordens, devemos: 1º orar a Deus para que se digne conceder à sua Igreja bons pastores e zelosos ministros; 2º ter lhes particular e veneração.
Explicação da gravura
11. A parte principal da gravura representa a São Pedro conferindo a ordem aos sete primeiros diáconos. Como o número dos cristãos aumentasse de dia para dia, e como os Apóstolos não pudessem cumprir todas as funções do seu ministérios, mandaram eleger na assembleia dos fieis sete diáconos que os substituíssem na distribuição das esmolas às viúvas, órfãos e pobres. Rogando a Deus pelos escolhidos, os Apóstolos conferiram-lhes a ordem do diaconato pela imposição das mãos.
12. Na parte superior vê-se o bispo conferindo as ordens menores. À esquerda confere o bispo a ordem de Ostiário mandando tocar as chaves da igreja. A seguir, o bispo confere a ordem de leitor mandando tocar o missal. No ângulo direito, na parte esquerda, o bispo confere a ordem de exorcista, cuja função é de expulsar os demônios, mandando tocar o livro dos Exorcismos. Por fim, na quarta parte, o bispo confere a ordem de acólito mandando tocar um castiçal com vela e as galhetas.
13. A parte inferior divide-se em três; na primeira, à esquerda, o bispo ordena um subdiácono, cuja função é de servir o diácono no altar, e de cantar a epistola na missa solene. Para ordená-lo o bispo manda ao ordinando tocar o cálice, a patena e o livro das epístolas. O subdiácono obriga-se a castidade perpetua e à recitação cotidiana do ofício divino.
14. Na parte última, à direita, o bispo confere a ordem sacra do diaconato. As funções do diácono são de ajudar o sacerdote à missa, de cantar o Evangelho, de pregar e batizar. Hoje em dia o diácono não pode pregar nem batizar sem especial licença do bispo. Confere essa ordem o bispo com a imposição das mãos, dizendo: Recebe o Espírito Santo, para teres a força de resistir ao demônio e às suas tentações.
15. Enfim na parte média, o bispo confere a ordem de sacerdote, cujas funções são dizer missa, pregar e administrar os sacramentos. Confere o bispo esta ordem com a imposição das mãos sobre os ordinandos, e com ele todos os sacerdotes presentes; manda tocar o cálice com vinho e a patena com a hóstia, dizendo ao mesmo tempo: Recebe o poder de oferecer a Deus o sacrifício e de celebrar a missa pelos vivos e pelos mortos.
Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.
Edição da Juventude Católica de Lisboa.
domingo, 22 de julho de 2018
A Extrema Unção
1. A Extrema Unção é um sacramento instituído por Jesus Cristo para alívio espiritual e corporal dos enfermos.
2. Chama-se unção, porque consiste em ungir o enfermo com azeite de oliveira bento pelo bispo.
3. Diz-se extrema porque é a última entre as unções que se dão nos sacramentos da Igreja, e também porque se dá no fim da vida.
4. Chama-se também Santos Óleos, porque, como já se disse, a sua matéria é o óleo ou azeite bento pelo bispo na quinta-feira santa.
5. Este sacramento produz na alma os seguintes efeitos: apaga os restos dos pecados e as faltas veniais, dá graças e fortaleza à alma para combater com o demônio naquele último transe.
6. E quanto ao corpo, a Extrema Unção ajuda também a receber a saúde do corpo, se esta for útil para a salvação da alma.
7. O ministro deste sacramento é só o pároco, ou qualquer sacerdote por ele autorizado.
8. A Extrema Unção deve administrar-se aos enfermos que estão em perigo de vida.
9. Não se deve esperar que estejam no último artigo da morte; é muito proveitoso que estejam ainda em seu juízo, e tenham alguma esperança de vida.
10. Pode dar-se aos meninos. logo que cheguem ao uso da razão, posto que não tenham ainda comungado.
11. Pode dar-se em toda a doença perigosa, e até na mesma doença pode receber-se mais de uma vez, se o enfermo, depois de o ter recebido, se restabelecer e depois tornar a cair em perigo de vida.
12. As disposições necessárias para receber este sacramento são: estar em graça de Deus, porque é um sacramento de vivos, e recebê-lo com sentimento de fé, esperança, resignado. Por consequência, se o enfermo estiver em estado de pecado mortal, deveria fazer antes uma boa confissão. Se não pudesse confessar-se, deveria fazer um ato de contrição, com voto de confessar-se.
13. As unções fazem-se nos sentidos do corpo do enfermo, nos olhos, nos ouvidos, no nariz, na boca, nas palmas das mãos, nas plantas dos pés, e ao peito, se for possível.
14. Fazem-se as unções em todas as partes do corpo para que Nosso Senhor, por virtude deste sacramento, perdoa o que o enfermo delinquiu pelos olhos, ouvidos, nariz, mãos e pés, etc.
15. O enfermo, enquanto recebe este sacramento, deve acompanhar com o coração as orações que diz o sacerdote, e pedir perdão a Deus dos pecados cometidos pelo mal uso dos sentidos.
16. O sacerdote diz certas orações quando administra a Extrema Unção para alcançar de Deus, a favor do enfermo, a graça do sacramento.
17. Os que assistem devem orar a Deus do coração e encomendar à sua misericórdia a vida e a salvação do enfermo.
18. Depois de recebida a Extrema Unção, o doente deve: 1º dar graças a Deus pelo benefício que lhe concedeu com este sacramento; 2º resignar-se inteiramente à sua vontade; 3º não pensar noutra coisa mais senão em Deus e na eternidade.
19. O santo concílio Tridentino diz: Se alguém disser que a Extrema Unção não é um verdadeiro sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, seja anatemasiado.
20. Somos obrigados a advertir os doentes para receberem os últimos sacramentos e é o maior serviço que lhes podemos fazer, pois que muitas vezes disso depende a salvação eterna. Se não podermos adverti-los diretamente, ao menos devemos prevenir o pároco da sua freguesia.
21. Quando o doente estiver em agonia, devem os assistentes rezar as orações dos agonizantes a aspergi-lo com água benta.
Explicação da gravura
22. A gravura representa um Apóstolo administrando os santos óleos a um enfermo. Vê-se um anjo com uma inscrição: Aquele que dentre vós estiver doente chame o sacerdote e que este o unja em nome do Senhor, que o aliviará, e perdoará os seus pecados. Vê-se outro anjo que lhe aponta o céu, mostrando-lhe ao mesmo tempo uma coroa.
Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.
Edição da Juventude Católica de Lisboa.
A Penitência
1. A Penitência é um sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo.
2. Recebemos o sacramento da Penitência quando o sacerdote nos dá a absolvição. Absolvição é a sentença que o confessor pronuncia em nome de Jesus Cristo para se perdoarem os pecados do penitente bem disposto.
3. Para receber válida e frutuosamente a absolvição são necessárias três coisas que se chamam as três partes do sacramento da Penitência, e também os três atos do penitente, a saber: contrição, confissão e satisfação. Das três, a mais necessária e indispensável é a contrição, que em certos casos pode suprir as outras.
A Contrição
4. A contrição é um verdadeiro desgosto da alma, uma dor de coração e uma detestação do pecado cometido, com propósito firme de nunca mais pecar.
5. A contrição é perfeita, ou imperfeita, a qual se chama também atrição. A contrição perfeita é uma dor pela qual nos pesa de termos ofendido a Deus, por ele ser infinitamente bom, infinitamente amável, e porque o pecado lhe desagrada. - A contrição imperfeita ou atrição é uma dor de ter ofendido a Deus causada ordinariamente pela torpeza do pecado, pelo temor do inferno ou pela perda do paraíso.
6. A melhor é, sem dúvida alguma, a contrição perfeita, que promanando do amor de Deus e sendo por ele aperfeiçoada, perdoa todos os pecados, com tanto que se tenha vontade de confessa-los. O ato de contrição perfeita equivale pois ao ato de caridade perfeita que perdoa todos os pecados.
7. A atrição não basta para alcançar o perdão dos pecados senão sendo por meio da absolvição no sacramento da Penitência, porque a atrição dispõe somente para impetrar o perdão dos pecados e a graça de Deus.
A Confissão
8. A confissão sacramental é uma acusação dos próprios pecados, feita a um sacerdote para isso aprovado, a fim de receber a absolvição. Digo acusação, porque os pecados não se devem contar como uma história, mas com ânimo de se acusar o pecador a si mesmo, e de querer tomar de si severa vingança.
9. Foi Nosso Senhor quem estabeleceu a confissão quando deu a seus ministros o poder de perdoar ou não perdoar os pecados, porque o sacerdote não pode julgar se deve ou não perdoá-los, sem conhecê-los, e em consequência, sem os ouvir em confissão.
10. Para a confissão ser válida, o pecador deve acusar todos os pecados mortais que cometeu, com o número deles e as circunstâncias que mudam ou aumentam a malícia do pecado. Para isso há de fazer o exame de consciência que é uma busca diligente dos pecados cometidos.
11. Não é necessária para ter uma boa confissão a acusação dos pecados veniais, mas é muito útil acusá-los.
A Satisfação
12. Chama-se satisfação a penitência sacramental que o confessor impõe e pela qual se satisfaz a Deus pelos pecados cometidos. Esta penitência impõe-se para castigo do pecado e para remédio das enfermidades do penitente. Quem se confessar com intenção de não cumprir a penitência não fica absolvido.
13. Devemos também satisfazer o próximo, se lhe tivermos causado algum dano, como está explicado nos mandamentos da lei de Deus. Quem se confessar com intenção de não restituir ou não reparar os danos causados ao próximo, não fica absolvido.
14. A parte principal da gravura representa a Nosso Senhor instituindo o sacramento da Penitência, quando deu a seus discípulos o poder de ligar e desligar, dizendo: Os pecados serão perdoados àqueles a quem os perdoardes, e não serão perdoados àqueles a quem não os perdoardes.
15. No ângulo superior direito vês-se o paralítico a quem Jesus perdoou primeiro os pecados, e depois lhe disse: Levanta-te e anda. No ângulo superior esquerdo vê-se a pecadora Madalena ajoelhada e chorando aos pés de Jesus, que lhe diz: Vai em paz: são-te perdoados os teus pecados.
16. Na parte inferior, à direita, vê-se saindo do confessionário, perdoado, a um pecador que fez uma boa confissão, e do lado oposto a um pecador que não alcançou o perdão por ter feito uma confissão nula.
Edição da Juventude Católica de Lisboa.
Explicação da gravura
14. A parte principal da gravura representa a Nosso Senhor instituindo o sacramento da Penitência, quando deu a seus discípulos o poder de ligar e desligar, dizendo: Os pecados serão perdoados àqueles a quem os perdoardes, e não serão perdoados àqueles a quem não os perdoardes.
15. No ângulo superior direito vês-se o paralítico a quem Jesus perdoou primeiro os pecados, e depois lhe disse: Levanta-te e anda. No ângulo superior esquerdo vê-se a pecadora Madalena ajoelhada e chorando aos pés de Jesus, que lhe diz: Vai em paz: são-te perdoados os teus pecados.
16. Na parte inferior, à direita, vê-se saindo do confessionário, perdoado, a um pecador que fez uma boa confissão, e do lado oposto a um pecador que não alcançou o perdão por ter feito uma confissão nula.
Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).Edição da Juventude Católica de Lisboa.
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