sexta-feira, 8 de junho de 2018

A Confirmação [Crisma]



1. A Confirmação ou Crisma é um sacramento que confere aos batizados a plenitude do Espírito Santo, para os fazer perfeitos cristãos, fortificando-os na fé e aperfeiçoando as outras virtudes e dons que tinham recebido no Batismo.
2. Este sacramento chama-se confirmação porque reforça e confirma os cristãos na nova vida que receberam no batismo. A palavra Crisma significa unção, e este sacramento chama-se também crisma porque se unge a testa de quem o recebe.
3. As disposições necessárias para receber a confirmação são: 1º que a pessoa que se há de crismar seja batizada; 2º que esteja instruída nos mistérios da fé e nas coisas pertencentes a este sacramento; 3º que esteja em estado de graça.
4. O ministro do sacramento da confirmação é o bispo, porque, com a confirmação, dá-se o último  complemento ao ser de cristão, e por isso o conferi-lo pertence ao bispo, que tem a plenitude do sacerdócio.
5. Para administrar este sacramento, o bispo: 1º estende as mãos sobre os que vão ser confirmados, invocando sobre eles o Espírito Santo; 2º faz uma unção em forma de cruz com o santo óleo do crisma na testa de cada um deles.
6. Para dar  a fórmula a esta matéria, o bispo diz estas palavras: Eu te marco com o sinal da cruz, e te confirmo em nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo. Dá depois uma leve bofetada na face do crismado, dizendo: a paz esteja contigo.
7. A imposição das mãos significa a proteção de Deus pela presença do Espírito Santo.
8. O crisma é um composto de azeite de oliveira e de bálsamo que se forma na quinta-feira santa com a consagração do bispo. O crisma significa a mansidão e a força da graça do Espírito Santo, e o bom cheiro das virtudes cristãs que deve praticar o que é crismado.
9. Na unção faz o bispo o sinal da cruz para mostrar que toda a virtude e graça deste sacramento vem da morte de Jesus Cristo.
10. O bispo faz a cruz na testa do crismado para que o cristão se não envergonhe de confessar publicamente a fé de Cristo, e lhe dá depois uma leve bofetada na face para o advertir que deve estar pronto a sofrer toda a espécie de afronta por amor de Jesus Cristo.
11. Os dons do Espírito Santo que recebemos na confirmação são sete, a saber: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.
A sabedoria é um dom pelo qual só estimamos a Deus e as coisas do céu, o desprezamos tudo o que não é Deus. Pelo dom de inteligência compreendemos, quanto o permite o nosso limitado espírito, as verdades da religião. Pelo dom de conselho nos ensina o Espírito Santo a tomar, nas coisas duvidosas, o melhor caminho para a glória de Deus. Consiste o dom de Fortaleza no ânimo, valor e constância com que encaramos e vencemos as dificuldades e obstáculos que se nos opõem a darmos glória a Deus e a fazermos a sua vontade. Pelo dom de ciência o homem sabe evitar os perigos de sua salvação e caminhar seguro para o céu. O dom de piedade é uma propensão para a virtude e seus atos e especial horror ao pecado. O dom de temor de Deus consiste na grande veneração que devemos ter a Deus e às suas ameaças e juízos, e no receio de o ofender com o pecado. Há três espécies de temor, mundano, servil e filial; o temor mundano é aquele que nos faz fugir do pecado para evitar um mal temporal; o temor servil faz fugir o pecado pelo receio da pena; o temor filial nos faz fugir o pecado porque desagrada a Deus. Só este último temor é dom do Espírito Santo.
12. O sacramento da confirmação não é necessário para a salvação; mas não o devemos desprezar, para não nos tornarnos culpados de negligência em coisa tão santa e tão útil.

Explicação da gravura

13. A parte principal representa a São Pedro e a São João ministrando a confirmação aos fiéis de Samaria. A parte inferior representa um bispo crismando as crianças numa igreja.



Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

A Eucaristia



1. A Eucaristia é um sacramento em que, depois da consagração do pão e do vinho, se contêm real e substancialmente, debaixo das espécies de um e de outro, o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
2. A palavra Eucaristia quer dizer ação de graças, porque, com este sacramento, damos graças a Deus de todos os benefícios que dele temos recebido.
3. A Eucaristia foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo na última ceia que celebrou com seus discípulos, na véspera da sua paixão.
4. Para instituí-la, tomou nas suas mãos um pão abençoou-o, partiu-o, e apresentou-o a seus discípulos dizendo: Tomai e comei; isto é o meu corpo. Tomou depois o cálice de vinho, abençoou-o, e apresentou-o a seus discípulos dizendo: Bebei, isto é o meu sangue.
5. Por essas palavras Jesus Cristo obrou aquilo que disse, converteu o pão no seu corpo, e o vinho no seu sangue, conversão que se chama transubstanciação, quer dizer, conversão de uma substância em outra substância.
6. Nosso Senhor acrescentou depois estas palavras: Fazei isto em memória de mim - para dar aos Apóstolos, aos Bispos e sacerdotes o poder de converterem, como ele, o pão em seu corpo, e o vinho em seu sangue.
7. O pão converte-se no corpo e o vinho no sangue de Jesus Cristo em virtude das palavras da consagração que o sacerdote profere na hóstia e o vinho o cálice de modo que, feita a consagração, não há mais pão nem vinho, porque toda a substância do pão e do vinho se converteu no corpo e sangue de Jesus Cristo, sem que fique do pão e do vinho mais do que os acidentes, que chamamos de espécies sacramentais.
Esses acidentes ou  espécies sacramentais são tudo aquilo que aparece aos nossos sentidos no pão e no vinho consagrado, isto é a figura, a cor, o cheiro e o sabor de um e do outro. Os acidentes existem milagrosamente.
8. Debaixo das espécies do pão não está só o corpo de Jesus Cristo; está também o sangue, a alma e a divindade, como debaixo das espécies do vinho está também o corpo, a alma e a divindade, por concomitância, isto é, acompanhamento, porque as coisas inseparáveis vão sempre acompanhadas. Na Hóstia, o Senhor está oculto debaixo das espécies do pão e no cálice debaixo das espécies do vinho. Enquanto à Hóstia, as palavras falam só no corpo, mas como está vivo, não pode estar o corpo sem o sangue, a alma e a divindade; enquanto ao cálice, as palavras só falam no sangue, mas como o Senhor está vivo, não pode estar o sangue sem o corpo, alma e divindade, a qual é inseparável tanto da alma como do corpo.
9. Consagra-se o sangue separadamente do corpo para significar a separação do sangue do corpo de Jesus Cristo na cruz.
10. Jesus Cristo não deixa o céu para fazer-se presente na Eucaristia, mas está presente ao mesmo tempo no céu à direita do Pai e no altar, milagre que se chama Presença Real.
11. Jesus Cristo está presente em todas e em cada uma das hóstias consagradas. Não se divide o corpo do Senhor quando se divide a hóstia, mas somente as espécies do pão, e Jesus Cristo fica inteiro em todas e em cada uma das partes da Hóstia.
12. Jesus Cristo se ocultou debaixo das espécies do pão e vinho para nos manifestar que ele é o sustento e o conforto espiritual da nossa alma.
13. Devemos adorar a Eucaristia com o mesmo culto de latria que é devido ao verdadeiro Deus.
14. Recebemos o sacramento da Eucaristia na sagrada comunhão, que nos une intimamente a Jesus Cristo; conserva e aumenta as forças da alma; preserva-nos das tentações e quedas espirituais; livra-nos das culpas veniais e cotidianas; reprime a rebeldia da carne; ministra-nos uma grande virtude para adquirir a eterna glória.
15. Sendo a Eucaristia um sacramento dos vivos, para recebê-la é necessário o estado de graça. Receber a Eucaristia em estado de pecado mortal é cometer um pecado horrível chamado sacrilégio. Foi o pecado de Judas o traidor.


Explicação da gravura

16. A gravura representa a instituição da Eucaristia, e a comunhão dos fiéis cristãos.



Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

domingo, 3 de junho de 2018

O Batismo


Os sacramentos em geral

1. O sacramento é um sinal visível da graça invisível, instituído para nossa santificação.
2. Chama-se ao sacramento sinal visível de graça, porque não só confere a graça, mas também a significa ou representa por meio de coisas sensíveis.
3. Nosso Senhor Jesus Cristo, instituiu os sacramentos deixando neles a virtude dos seus merecimentos. E instituiu-os a fim de nos comunicar as graças necessárias para a nossa santificação.
4. Os sacramentos são sete, a saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio.
5. Sabemos que há sete sacramentos e que não são nem mais nem menos pela doutrina constante e pela tradição da Igreja.
6. Para fazer o sacramento requerem-se três coisas: matéria, fórmula e intenção do ministro. A matéria é aquela coisa que se emprega para fazer o sacramento, como a água no Batismo. A fórmula são as palavras que se proferem quando se administra o sacramento. A intenção do ministro é a vontade de fazer o que faz a Igreja.
7. Há duas espécies do sacramentos, os sacramentos de vivos e os sacramentos de mortos.
8. Sacramentos de vivos são: Confirmação, Eucaristia, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio. Chama-se assim, porque para os receber digna e proficuamente é necessário que a alma viva da vida da graça.
9. São dons os sacramentos de mortos: Batismo e Penitência. Chama-se assim, porque são instituídos para aqueles que estão mortos para a graça de Deus.
10. Há três sacramentos que podemos receber somente uma vez, o Batismo, a Confirmação e a Ordem, porque imprimem em nossa alma um caráter indelével, isto é, que não se apaga nunca.
11. Os sacramentos de necessidade são os cinco primeiros, sendo os dois últimos de livre escolha.
12. Os efeitos dos sacramentos são dois; o primeiro e principal é conferirem os sacramentos de mortos a graça santificante, e o aumento da graça no sacramento de vivos; o segundo é o caráter que imprimem alguns deles. Além da graça santificante, conferem os sacramentos a graça sacramental, a qual, com quanto não seja distinta da santificante, acrescenta certo auxílio divino para conseguir o fim do sacramento que a causa e de que ele toma o nome. 
13. Todos aqueles que recebem os sacramentos recebem o caráter; porém a graça recebem-na só aqueles que se acham dispostos.
14. O ministro ordinário dos sacramentos é: O Papa em todo o orbe católico, o Bispo na própria diocese e o Pároco na sua paróquia. 

O Batismo

15. O batismo é o primeiro e o mais necessário de todos os sacramentos, no qual, pela ablução exterior e a invocação da Santíssima Trindade, o homem é purificado de todos os seus pecados.
16. O batismo produz os seguintes efeitos: 1º aos meninos lava-os da culpa original, e aos adultos perdoa-lhes também os pecados atuais que tiverem cometido até então e a pena que lhes é devida; 2º faz-nos filhos de Deus por adoção; 3º faz-nos membros da Igreja; 4º dá-nos direito à herança celestial.
17. A matéria deste sacramento é a água simples e natural, isto é, toda a água que não é artificial ou destilada.
18. A formúla são as palavras seguintes: Eu te batizo [ N...] em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, - que devem ser pronunciadas pela pessoa que batiza. 
19. Para batizar, deve lançar-se a água sobre a cabeça da criança, dizendo ao mesmo tempo as palavras da fórmula e tendo intenção de fazer o que faz a Igreja.
20. O ministro ordinário do batismo é o Bispo, o pároco ou um sacerdote com delegação sua.
21. Em caso de necessidade todo homem ou mulher pode batizar, mas sem as cerimônias da Igreja. A criança assim batizada deve pois ser levada à Igreja para receber os santos óleos e as cerimônias, e para se lhe abrir assento no registro paroquial.


Explicação da gravura

22. A gravura representa na parte superior o batismo de Nosso Senhor, e na parte inferior o batismo de uma criança.




Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

A GRAÇA


1. Não podemos observar os mandamentos, praticar a virtude, evitar o pecado só com as nossas forças: é-nos precisa a graça de Deus.
2. A graça é um dom sobrenatural, que Deus nos concede gratuitamente em virtude dos merecimentos de Jesus Cristo para efetuar a obra da nossa salvação.
3. Há duas espécies de graça, a graça habitual, ou santificante, e a graça atual ou auxiliante.
4. A graça habitual ou santificante é um dom sobrenatural, estável e permanente, que o Espírito Santo infunde gratuitamente pelos merecimentos de Jesus Cristo em nossa alma, a fim de tornar aceita e agradável a Deus e herdeira do paraíso. Esta graça é muito apreciável; é a graça por excelência, aquele dom perfeito, superior a todos os dons e sem o qual todos eles são perdidos, porque, sem a graça santificante, não há salvação para o homem.
5. Podemos perder esta graça; basta um só pecado mortal para nos fazer perder a graça habitual.
6. A graça atual ou auxiliante, é todo o auxílio divino e de momento, que nos excita, nos move e ajuda a praticar a virtude e a fugir do mal.
7. A graça atual é-nos tão necessária, que sem ela não podemos fazer coisa alguma útil para a salvação.
8. Deus concede-nos a graça atual todas as vezes que é necessária, e que a pedimos devidamente.
9. Podemos infelizmente resistir à graça, e lhe resistimos demasiadas vezes.
10. A graça atual é um socorro ou interior, ou exterior. A graça auxiliante interior consiste na luz sobrenatual que Deus dá ao entendimento e nos bons movimentos que dá aos corações. A graça atual exterior consiste nos sermões, nos bons exemplos, nos bons conselhos, nos milagres, nos castigos dos pecadores, até nas doenças e enfermidades, etc, enfim em todo o auxílio exterior que nos leva ao cumprimento de nossos deveres.
11. Não podemos merecer os auxílios da graça: Nosso Senhor os dá gratuitamente; mas podemos perdê-los.
12. Deus dá a graça atual a todos os homens, porque quer que todos os homens se salvem, e porque Nosso Senhor morreu na cruz por todos.
13. Podemos alcançar a graça de Deus por dois meios: pelo uso dos sacramentos recebemos a graça santificante; e pela oração a graça auxiliante.
14. A graça habitual, já o dissemos, perder-se pelo pecado mortal, e diminui pelo pecado venial.
15. Podemos recuperar a graça perdida pelo sacramento de Penitência, ou por um ato de contrição perfeita, acompanhado do desejo de nos confessarmos.
16. Geralmente falando, pode chamar-se graça a todo o favor que Deus nos faz; e neste sentido, a multidão inumerável de benefícios que temos recebido desde o primeiro instante do nosso ser, e que estamos recebendo em todos os momentos da nossa vida são outras tantas graças que Deus nos dispensa e que estão pedindo o nosso continuo e eterno agradecimento.
17. A posse da graça habitual chama-se estado de graça. Neste feliz estado, amamos a Deus e Deus nos ama, e todas as nossas ações, mesmo as mínimas, tornam-se sobrenaturais e merecedoras do paraíso.

Explicação da gravura

18. Na parte superior à direita, São Paulo está representado dando-nos o exemplo da fidelidade à graça. Um dia, como se dirigia à cidade de Damasco com intenção de prender todos os cristãos que nela encontrasse, ouviu uma voz que lhe disse: Saulo, Saulo, por que me estás perseguindo? Respondeu-lhe: Quem sois, Senhor? E a voz respondeu-lhe: Sou Jesus a quem tu persegues. E São Paulo disse: Senhor, que quereis que eu faça?
19. Na parte superior esquerda, vê-se a Nosso Senhor falando com a mulher samaritana.
20. A alma em estado de graça está representada por uma virgem com um lírio na mão. Está olhando para o céu e o Espírito Santo habita no seu coração. A alma em estado de pecado está representada por uma mulher, presa com cadeias pelo demônio que tomou posse do seu coração.



Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.