quinta-feira, 12 de abril de 2018

Catecismo - Décimo artigo: Creio na remissão dos pecados


1. Cremos por este artigo: 1. que podemos alcançar de Deus a remissão de nossos pecados; 2. que Jesus Cristo deixou na sua Igreja remédio para perdoar toda a sorte de pecado.
2. Podemos alcançar o perdão de todos os pecados, por muito graves e enormes que sejam.
3. Deus perdoa os pecados por meio dos ministros da Igreja a quem Jesus Cristo conferiu esse poder. Esses ministros são os bispos e os sacerdotes.
4. Recebemos o perdão dos pecados principalmente pelos sacramentos do Batismo e da penitência. O pecado original nos é perdoado pelo Batismo, e os pecados mortais pelo sacramento da Penitência, e também pela contrição perfeita acompanhada do voto de nos confessarmos.
5. Os pecados veniais podem ser perdoados sem o ministério exterior da Igreja; além dos sacramentos, as orações, as esmolas e outras boas podem obter a remissão deles.
6. Os pecados são perdoados pelos merecimentos de Jesus Cristo.
7. O benefício da remissão dos pecados é uma obra não inferior à criação do mundo, e no ressuscitar dos mortos.
8. Só Deus é que pode perdoar os pecados. Sendo Jesus Cristo Deus, tinha também aquele poder; tinha-o também como homem, porque a natureza humana estava unida nele à divindade, e vemos no Evangelho que usou muitas vezes daquele poder. Como primeiro exemplo está a cura do paralítico. Um dia que Jesus estava em Cafarnaum, vieram a ele trazendo um paralítico conduzido por quatro às costas, e como não pudessem colocá-lo diante por ser muita a gente, destelharam a casa onde estava, e tendo feito uma abertura, arriaram o leito onde jazia o paralítico. E quando Jesus viu a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados te são os teus pecados. E estavam ali assentados alguns dos Escribas que lá nos seus corações estavam dizendo: Como fala assim este homem? Ele diz uma blasfêmia. Quem pode perdoar pecados senão só Deus? Jesus conhecendo logo no seu espírito o que eles pensavam desta maneira dentro de si, lhes disse: Porque estais vós pensando isso dentro de vossos corações? Qual é mais fácil: dizer ao paralítico: os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico) a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. E no mesmo ponto, ele se levantou, e tomando o seu leito, se foi à vista de todos, de maneira que se admiraram todos e louvaram a Deus dizendo: Nunca tal vimos. (Marcos II, 3-13).
9. Na sua infinita bondade Nosso Senhor comunicou esse poder a Pedro, e, no dia mesmo da sua ressurreição, a todos os Apóstolos, e por eles a todos seus sucessores legítimos.
Veio Jesus pelas partes da Cesárea de Filipe e fez a seus discípulos esta pergunta dizendo: Quem dizem os homens que é o Filho do homem? E eles responderam: Uns dizem que João Batista, outros que Elias, outros que Jeremias ou algum dos profetas. Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que sou eu? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo. E respondendo Jesus, lhe disse: Bem aventurado és, Simão, filho de João, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou, mas sim meu Pai que está nos céus. E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus. (Mt XVI, 13-19).
Na tarde deste mesmo dia (da ressurreição) e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se achavam juntos, por medo que tinham dos Judeus, veio Jesus e colocou-se em pé no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se pois os discípulos de terem visto a Jesus. E ele lhes disse segunda vez: Paz seja convosco. Assim como o Pai me enviou a mim, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo; aos que vós perdoardes os pecados, ser-lhe-ão eles perdoados; e aos que vós os retiverdes ser-lhes-ão eles retidos. (João XX, 19-23).


Explicação da gravura

10. A gravura representa a São Pedro recebendo de Nosso Senhor as chaves, como o poder de fechar e de abrir, de ligar e de desatar, isto é, de perdoar ou não os pecados.





Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

terça-feira, 10 de abril de 2018

Catecismo - 9º Artigo (continuação): Na comunicação dos santos


1. Estas palavras: creio na comunicação dos santos, significam que os bens espirituais da Igreja são comuns a todos os seus membros unidos entre si como os membros de uma mesma família ou de um mesmo corpo.
2. A palavra comunicação quer dizer aqui comunidade. Assim como há comunidade de bens entre todos os membros de uma mesma família, assim também há na Igreja comunidade de bens espirituais entre todos aqueles que a compõem.
3. Dá-se o nome de santos, não só aos bem-aventurados que estão no céu e às almas do purgatório, como ainda aos fiéis da terra, porque foram santificados pelo batismo e são chamados a viver uma vida santa.
4. Os bens espirituais da Igreja são: os merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos santos, os sacramentos, o santo sacrifício da missa, as orações e as boas obras.
5. A comunicação dos santos não existe apenas entre os fiéis que vivem sobre a terra, mas ainda entre a Igreja triunfante, a Igreja militante e a Igreja padecente.
6. A Igreja triunfante é a reunião dos santos que triunfam com Jesus Cristo no céu.
7. A Igreja militante é a reunião dos fiéis que combatem na terra contra os inimigos da salvação.
8. A Igreja padecente é a reunião das almas dos justos que acabam de expiar as suas culpas antes de entrar no céu.
9. O purgatório é este lugar de sofrimentos onde as almas dos justos acabam de expiar as suas culpas antes de entrar no céu.
10. Estão no purgatório aqueles que morreram em estado de graça, não se achando todavia completamente isentos de pecados veniais ou que não satisfizeram ainda inteiramente a Justiça de Deus.
11. A existência do purgatório é certa. Com efeito Jesus Cristo diz no Evangelho que as blasfêmias contra o Espírito Santo não serão perdoados neste mundo nem no outro. Nosso Senhor dá-nos assim a entender que outros pecados serão perdoados depois desta vida. Ora, não o podem ser no céu, onde não entra o pecado, nem no inferno, onde não há perdão. Portanto serão no purgatório.
12. Estamos em comunicação com os santos que estão no céu enquanto oramos por eles, e eles intercedem por nós.
13. Estamos em comunicação com as almas do purgatório, enquanto as aliviamos com as nossas orações, as nossas boas obras, pelas indulgências e sobretudo pelo santo sacrifício da missa.
14. As orações que ordinariamente se rezam para as almas do purgatório são: o ofício dos mortos, o salmo De profundis, e a invocação: que as almas dos fiéis defuntos descanse em paz pela misericórdia de Deus.
15. Os fiéis da terra estão em comunicação entre si enquanto cada um deles aproveita das orações e boas obras que se fazem em toda a Igreja.
16. Nem todos participamos destes bens no mesmo grau, que é maior ou menor segundo os nossos merecimentos.
17. Os próprios pecadores tem uma qualquer parte nesta comunicação de bens espirituais, de que lhes  advêm graças que podem aproveitar para se converterem.
18. Não participam de modo algum dos bens espirituais da Igreja aqueles que não são membros dela, como os hereges, cismáticos, e excomungados.
19. Por estas palavras: Fora da Igreja não há salvação devemos entender que é absolutamente impossível a salvação àqueles que voluntariamente e de má fé se conservam fora da verdadeira Igreja.

Explicação da gravura

20. Representa esta gravura a comunicação dos santos, na multidão dos santos e dos anjos que estão no céu, nos fiéis da terra e nas almas do purgatório.
21. Na parte superior da gravura os Anjos e os santos adoram as três pessoas da Santíssima Trindade, rogando-lhes pelos fiéis que vivem sobre a terra.
22. Ao centro, estes fiéis assistem ao santo sacrifício da missa, invocando os santos do céu, orando uns pelos outros e pedindo a libertação das almas do purgatório.
23. O plano inferior representa o purgatório. As águas refrescantes que os dois anjos derramam sobre as almas simbolizam o alívio que se lhes obtém pelo santo sacrifício da missa.



Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.