sábado, 17 de fevereiro de 2018

Catecismo - 9º Artigo: Creio na santa Igreja Católica

 
 
Constituição da Igreja

1. A Igreja é a sociedade dos fiéis que professam a religião de Nosso Senhor Jesus Cristo sob a direção do Papa e dos bispos.
2. Entende-se por fiéis, aqueles que, estando batizados, creem tudo o que a Igreja ensina, submetendo-se aos pastores legítimos.
3. O Papa é o vigário de Jesus Cristo, o sucessor de São Pedro, o chefe visível e o doutor de toda a Igreja, e pai comum dos pastores e dos fiéis.
4. O primeiro papa foi São Pedro, que Jesus Cristo nomeou chefe da Igreja universal.
5. O Papa é sucessor de São Pedro porque é bispo de Roma, e foi em Roma que São Pedro estabeleceu a sua residência e sofreu o martírio.
6. Os pastores legítimos da Igreja são, com o Papa, os bispos, que Jesus Cristo encarregou de instruir e governar a sua Igreja.
7. Os bispos são sucessores dos apóstolos, encarregados de governar as dioceses, sob a autoridade do Papa.
8. Os curas são padres que os bispos escolhem para estar à frente das paróquias.
9. Os membros da Igreja são os indivíduos batizados e que acreditam o que a Igreja ensina, estando sujeitos ao nosso Santo Padre o Papa, e ao seu bispo.
10. Não fazem parte da Igreja os infiéis, os hereges, os cismáticos, os apóstatas e os excomungados.
11. Um infiel é o indivíduo não batizado e que não crê em Jesus Cristo.
12. Um herege é um indivíduo batizado que recusa obstinadamente crer uma ou mais verdades reveladas por Deus, e que a Igreja ensina como artigo de fé.
13. Um cismático é o indivíduo batizado que se separa da Igreja negando-se a reconhecer os pastores legítimos, e a obedecer-lhes.
14. Um apóstata é o indivíduo batizado que renega a fé de Jesus Cristo depois de a ter professado.
15. Um excomungado é o indivíduo batizado que a Igreja eliminou do seu seio por causa dos seus crimes.
16. Os pecadores são membros da Igreja, mas são membros mortos.
17. É uma grande desgraça não pertencer à Igreja porque não podem ser salvos aqueles que voluntariamente e por sua culpa estão fora do grêmio da Igreja.

Caracteres da verdadeira Igreja

18. Há uma só Igreja verdadeira, porque uma só foi fundada por Jesus Cristo. São quatro os caracteres ou sinais para a reconhecer: é una, santa, católica e apostólica.
19. A verdadeira Igreja é a Igreja romana, que tem por chefe o Papa, bispo de Roma e sucessor de São Pedro.
20. A Igreja romana é una, porque todos os seus membros creem as mesmas verdades e obedecem ao mesmo chefe visível, que é o Papa.
21. É santa, porque nos oferece todos os meios para nos santificarmos, e sempre tem formado santos.
22. É católica ou universal, porque está espalhada por toda a terra e sempre tem subsistido desde Jesus Cristo.
23. É apostólica, porque foi fundada pelos apóstolos, é governada pelos seus sucessores, e crê e ensina a sua doutrina.

Explicação da gravura

24. Ao alto, Jesus Cristo institue São Pedro chefe visível da Igreja. Entregando-lhe o báculo pastoral dá-lhe a missão de apascentar os seus cordeiros e as suas ovelhas, isto é, de governar os pastores e os fiéis de que se compõe a Igreja e que constituem o rebanho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
25. Em baixo vê-se: 1º O Papa, vestido de hábitos brancos e tendo na cabeça uma tiara; 2º de ambos os lados do Papa veem-se os cardeais; 3º em frente do papa um Arcebispo com o pallium; 4º um bispo com a mitra e o báculo, e numerosos palados, religiosos e religiosas; 5º mais acima e à direita, um padre ministrando a sagrada comunhão, um outro pregando o Evangelho aos fiéis, e um missionário que de crucifixo na mão anuncia Jesus Cristo aos infiéis.
26. A Igreja durará até o fim do mundo, e triunfará de todas as perseguições, segundo a promessa de seu divino fundador, Jesus Cristo.


Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

És pó e em pó te hás de tornar (Gn 3,19).

 
 
Considera que és pó e que em pó te hás de converter. Virá o dia em que será preciso morrer e apodrecer num fosso, onde ficarás coberto de vermes. A todos, nobres e plebeus, príncipes ou vassalos, estará reservada a mesma sorte. Logo que a alma, com o último suspiro, sair do corpo, passará à eternidade, e o corpo se reduzirá a pó.
 
 
 
Imaginas que estás em presença de uma pessoa que acaba de expirar. Contempla aquele cadáver, estendido ainda em seu leito mortuário: a cabeça inclinada sobre o peito; o cabelo em desalinho e banhado ainda em suores da morte, os olhos encovados, as faces descarnadas, o rosto acinzentado, os lábios e a língua cor de chumbo; hirto e pesado corpo. Treme e empalidece quem o vê. Quantas pessoas, à vista de um parente ou amigo morto, mudaram de vida e abandonaram o mundo
.
É ainda mais horrível o aspecto do cadáver quando começa a corromper-se. Nem um dia se passou após o falecimento daquele jovem, e já se percebe o mau cheiro. É preciso abrir as janelas e queimar incenso; é mister que prontamente levem o defunto à igreja, ou ao cemitério, e o entreguem à terra para que não infeccione toda a casa. Mesmo que aquele corpo tenha pertencido a um nobre ou potentado, não servirá senão para que exale ainda fetidez mais insuportável, - disse um autor.
Vês o estado a que chegou aquele soberbo, aquele dissoluto! Ainda há pouco, via-se acolhido e cortejado pela sociedade; agora tornou-se o horror e o espanto de quem o contempla. Os parentes apressam-se em afastá-lo de casa e pagam aos coveiros para que o encerrem em um esquife e lhe deem sepultura. Há bem poucos instantes ainda se apregoava a fama, o talento, a finura, a polidez e a graça desse homem; mas apenas está morto, nem sua lembrança se conserva.
 


Ao ouvir a notícia de sua morte, limitam-se uns a dizer que era um homem honrado; outros, que deixou à família grande riqueza. Contristam-se alguns, porque a vida do falecido lhes era proveitosa; alegram-se outros, porque vão ficar de posse de tudo quanto tinha. Por fim, dentro em breve, já ninguém falará dele, e até seus parentes mais próximos não querem ouvir falar dele para não se lhes agravar a dor que sentem. Nas visitas de condolências, trata-se de outro assunto; e, quando alguém se atreve a mencionar o falecido, não falta um parente que advirta: Por caridade, não pronuncies mais o seu nome! Considera que assim como procedes por ocasião da morte de teus parentes e amigos, assim os outros agirão na tua. Os vivos entram no cenário do mundo para desempenhar o seu papel e ocupar os lugares dos mortos; mas do apreço ou da memória destes pouco ou nada cuidam.



A princípio, os parentes se afligem por alguns dias, mas se consolam depressa com a parte da herança que lhes couber e, talvez, parece que até a tua morte os regozija. Naquela mesma casa onde exalaste o último suspiro, e onde Jesus Cristo te julgou, passarão a celebrar-se, como dantes, banquetes e bailes, festas e jogos. E tua alma, onde estará então?




Fonte: Preparação para a morte - Santo Afonso Mª de Ligório
Pinturas: Samuel G. Richards









 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Catecismo - 8º Artigo: Creio no Espírito Santo

 
 
1. O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho.
2. O Espírito Santo é Deus; a Igreja definiu esta verdade, dizendo nos seus símbolos que o Espírito Santo deve ser adorado conjuntamente com o Pai e o Filho.
3. A mesma verdade nos ensina também a Sagrada Escritura, que dá ao Espírito Santo o nome de Deus. Quando São Pedro repreendeu Ananias e Safira por terem mentido ao Espírito Santo, exprimiu-se nestes termos: Não mentiste a homens, mas a Deus.
4. As seguintes palavras de Nosso Senhor ensinam-nos que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho: "Quando for chegado o Consolador, esse Espírito de verdade que procede do Pai, e que eu vos enviarei da parte do meu Pai, Ele dará testemunho de mim."
5. O Espírito Santo é pois igual em tudo ao Pai e ao Filho; é como eles todo poderoso, eterno, de uma perfeição de grandeza e de uma sabedoria infinitas.
6. Chama-se ordinariamente ao Espírito Santo: 1º Dom de Deus, porque é o dom mais precioso que Deus tem concedido aos homens; 2º Consolador, porque nos consola em nossas aflições; 3º Espírito de oração, porque nos ajuda a orar.
7. Chama-se santo, porque Ele é santo por sua natureza e porque é Ele que nos santifica.
8. A santidade do Espírito Santo difere da dos santos que nós honramos com o nosso culto: 1º em que o Espírito Santo é santo por si mesmo e por sua natureza, enquanto os santos tornaram tais pela graça de Deus; 2º em que o Espírito Santo é infinitamente santo, enquanto os santos apenas o são em certo grau.
9. O Espírito Santo desceu muitas vezes sobre a terra de um modo visível. Desceu em forma de pomba sobre Nosso Senhor Jesus Cristo no dia de seu batismo e sobre os apóstolos e discípulos em forma de língua de fogo no dia de Pentecostes.
10. No dia de Pentecostes, diz a Escritura Sagrada, ouviu-se de repente como que o ruído de um vento impetuoso que soprava do céu e que encheu toda a casa onde estavam os apóstolos. No mesmo instante viram estes como que umas línguas de fogo que se dividiam, e pousaram sobre suas cabeças. E logo ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar diversas línguas.
11. Depois de terem recebido o Espírito Santo, os apóstolos foram pregar o Evangelho em todas as nações.
12. Antes da pregação dos apóstolos, todos os povos da terra, à exceção dos Judeus, adoravam criaturas.
13. Da pregação dos apóstolos resultou a conversão duma multidão imensa de Judeus e pagãos, que abraçaram a religião cristã.
14. A religião cristã não se estabeleceu sem obstáculos; foi combatida durante trezentos anos, e milhões de cristãos sofreram toda espécie de torturas e a própria morte em nome de Jesus Cristo.
15. A destruição das falsas religiões na maior parte do mundo conhecido foi o maior milagre que o Espírito Santo operou por meio dos apóstolos, bastando por si só para provar a divindade do cristianismo.
16. O Espírito Santo também se nos manifesta de um modo invisível pelas graças que derrama nas nossas almas a fim de as santificar.
17.  O Espírito Santo habita em nós, quando nos achamos em estado de graça; por isso São Paulo diz que somos os templos do Espírito Santo.
18. O Espírito Santo governa a Igreja, dando-lhe força para resistir aos seus inimigos e preservando-a de qualquer erro no seu ensino.
19. O Espírito Santo dá ainda à Igreja todas as graças e todos os dons necessários à sua conservação, como o dom dos milagres e o dom da profecia.
20. Devemos orar muitas vezes ao Espírito Santo porque, sem o seu auxílio, nada podemos fazer de útil para a nossa salvação.
21. Devemos evitar afastar o Espírito Santo da nossa alma pelo pecado mortal, e contristá-lo pelo pecado venial.
 
Explicação da gravura
 
22. Esta gravura representa o cenáculo onde os apóstolos e discípulos ao reuniram depois da Ascensão do Senhor, aguardando a descida do Espírito Santo e orando em companhia da Santíssima Virgem e de muitas santas mulheres.
 


Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Catecismo - 7° Artigo: Donde há de vir a julgar os vivos e os mortos


1. Ensinam-nos estas palavras: donde há de vir a julgar os vivos e os mortos, que Jesus Cristo virá no fim do mundo com toda a majestade e de um modo visível,  julgar todos os homens e dar a cada um segundo as suas obras.
2. Pela expressão vivos, entendo: 1º os bons ou os justos; 2º aqueles que estiverem ainda com vida quando aparecer Jesus Cristo, mas que morrerão e ressuscitarão num instante.
3. Por mortos entendo: 1º os maus ou réprobos; 2º os que tiverem morrido desde o princípio do mundo, mas que ressuscitarão afim de serem julgados.
4. Seremos julgados pelo bem ou pelo mal que tivermos praticado por pensamentos, palavras, ações e omissões. Este julgamento será tão rigoroso que Jesus Cristo declara no Evangelho que teremos de dar conta de todas as palavras ociosas, isto é, de todas as palavras inúteis ou para nós ou para o nosso próximo.
5. Sabemos que o juízo final se realizará quando acabar o mundo, mas ignoramos quando o mundo deixará de existir. Deus não nos quis revelar para estarmos sempre preparados.
6. Anunciarão a chegada próxima do Supremo Juiz muitos sinais de que nos fala o Evangelho: escurecerá o sol, a lua deixará de dar claridade, cairão as estrelas do céu, haverá tremores de terra e as ondas do mar farão ouvir um ruído horrível.
7. São Marcos narra-o nos seguintes termos: "Naqueles dias haverá tribulações tais, quais não houve desde o princípio das criaturas que Deus fez até agora, nem haverá. De sorte que, se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma pessoa se salvaria; mas Ele os abreviou em atenção aos escolhidos de que fez escolha. E se então vos disser alguém: Reparai, aqui está o Cristo, ou, ei-lo, está acolá, não lhes deis crédito; porque se levantarão falsos Cristos e falsos profetas, que farão prodígios e portentos para enganar, se possível fora, até aos mesmos escolhidos. Estai vós pois sobre aviso; olhai que eu vos preveni de tudo. Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol se escurecerá e a lua não dará o seu resplendor, e cairão as estrelas do céu e se comoverão as virtudes que estão nos céus. E então verão o Filho do Homem que virá sobre as nuvens com grande poder e majestade. E então enviará os seus anjos e ajuntará os seus escolhidos de todos os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. Aprendei pois o que vos digo duma comparação tirada da figueira. Quando os seus ramos estão já tenros e nascidas as folhas, conheceis que está perto o estio. Assim também quando virdes que acontecem estas coisas, sabei que está perto e já à porta. Na verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto seja cumprido. Passará o céu e a terra, mas não passarão as minhas palavras. A respeito porém deste dia ou desta hora, ninguém sabe quando há de ser, nem os anjos nos céus, nem o Filho, mas só o Pai. Estai sobre aviso, vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará esse tempo. Assim como um homem que, ausentando-se para longe, deixou a sua casa e designou a cada um dos seus servos a obra que devia fazer, e mandou ao porteiro que estivesse de vigia: vigiai pois (visto que não sabeis quando virá o senhor da casa, se de tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã), para que não suceda que, quando vier de repente, não vos ache dormindo. O que eu porém vos digo a vós, isso digo a todos: vigiai.
8. Além do juízo final,  há o juízo particular, que se faz quando morremos. No juízo particular a alma comparece sozinha diante apenas de Deus; no juízo final a alma reunida ao corpo será julgada diante de todos os homens.
9. O juízo final não modificará a sentença proferida no juízo particular, mas servirá para fazer brilhar diante de todos a justiça de Deus, a divindade de Jesus Cristo, a glória dos bons, a confusão dos maus.

Explicação da gravura

10. Representa a gravura o juízo final, Jesus está sentado sobre as nuvens, cercado pelos anjos e santos, precedido da cruz. A Virgem está à sua direita. e Jesus diz aos eleitos: Vinde, benditos de meu Pai, possuir o reino que vos tinha preparado desde a criação do mundo.
11. O anjo vingador está à esquerda, arremessando os réprobos para o inferno, depois do Supremo Juiz lhes ter feito ouvir a terrível sentença: "Ide-vos de mim, malditos; ide para o fogo eterno, preparado para o demônio e seus anjos."


Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Catecismo - 6º Artigo (continuação): Está sentado à mão direita de Deus Pai todo poderoso

 
 
1. O símbolo diz-nos que Jesus Cristo está sentado, para dar-nos a entender que Ele descansa e goza no céu duma felicidade que não terá fim.
2. Jesus está sentado no céu como um rei no seu trono e como um juiz no seu tribunal. Nesta dupla qualidade exerce o poder legislativo e judicial de que falava, quando se exprimia assim antes de deixar o mundo: "Todo o poder me foi dado no céu e sobre a terra."
3. Acrescenta o símbolo que Jesus Cristo está sentado à mão direita de Deus Pai. Não quer isto dizer que Deus tenha mão esquerda e mão direita. Como o lugar de honra é a direita, estas palavras significam que Jesus Cristo, igual a seu Pai, como Deus, está acima de todas as criaturas como homem.
4. Embora devamos a nossa salvação e redenção à paixão de Jesus Cristo, cujos merecimentos abriram aos justos as portas do céu, contudo é preciso não ver na Ascensão apenas um modelo posto diante de nossos olhos para nos ensinar a elevar os pensamentos e a subir ao céu em espírito. A Ascensão comunica-nos também uma força divina para atingir este fim; sublima os merecimentos da nossa fé, purifica a nossa esperança, e aponta-nos o céu ao amor do nosso coração.
5. A Ascensão sublima os merecimentos da nossa fé, porque a fé tem por objeto as coisas que não se veem  e que estão acima da razão e da inteligência dos homens. Logo, se Nosso Senhor não nos tivesse deixado, a nossa fé perderia o seu merecimento, pois que o próprio Jesus Cristo proclamou felizes aqueles que creram sem ter visto.
6. E é muito de molde a fortificar a esperança nos nossos corações. Crendo que Jesus Cristo, como homem, subiu ao céu, e que tomou a natureza humana à direita do seu Pai, temos um motivo forte para esperar que nós, que somos seus membros, também um dia subiremos ao céu para nos reunirmos ao nosso Chefe, sobretudo depois que o mesmo Senhor nos assegurou essa reunião nos seguintes termos: "Pai a minha vontade é que, onde eu estou, estejam também os que tu me deste para verem a minha glória."
7. Uma das maiores vantagens que esta nos concede ainda é apontar-nos o céu ao amor do nosso coração, e havê-lo inflamado com as chamas do Espírito divino. Tem-se dito com toda a verdade que onde está o nosso tesouro aí está o nosso coração. Sem dúvida pois, que se Jesus continuasse permanecendo conosco, limitaríamos todos os nossos pensamentos a conhece-lo de vista e a gozar do seu trato; só veríamos nEle o homem que nos encheu de benefícios, sentindo por Ele apenas uma espécie de afeto muito natural.
8. Subindo ao céu, Jesus Cristo espiritualizou o nosso amor, e como, por via da sua ausência, só pelo pensamento o podemos atingir, acharmos por isso mesmo facilmente dispostos a adorá-lo e a amá-lo como Deus. É o que por um lado nos ensina o exemplo dos Apóstolos. Enquanto o Salvador permaneceu com eles pareciam consagrar-lhe sentimentos apenas humanos. E por outro lado é o que nos confirma o próprio testemunho de Nosso Senhor quando diz: é bom para vós que eu me vá. Com efeito, esse amor imperfeito com que o amavam os apóstolos em quanto o tinham junto de si, necessitava de ser aperfeiçoado pelo amor divino, isto é, pela descida do Espírito Santo. E por isso acrescentou logo: Se eu me não vou, o Paráclito não descerá sobre vós.
9. A Ascensão foi o início duma nova expansão para a Igreja, esta verdadeira casa de Jesus Cristo, cuja direção e governo iam ser confiados à virtude do Espírito Santo. Até então e para o representar junto dos homens, Jesus colocara Pedro à frente da Igreja como seu primeiro pastor e supremo sacerdote. Daí em diante, e além dos doze, Jesus não cessou de escolher outros a uns dos quais fez apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, aqueles pastores e doutores, continuando, do lugar onde está sentado à direita de Deus Pai, a distribuir a cada qual os dons que lhe convém, porque o Apóstolo nos afirma que a graça é dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Jesus Cristo.
 
Explicação da gravura
 
10. A gravura representa a Jesus sentado à direita de Deus Pai. Cercam-no os Anjos e os santos.
 


Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.