Quando me confesso semanalmente, então me fortaleço
A Igreja nos propõe que devemos nos confessar ao menos uma vez por ano, confissão esta de quaisquer pecados graves cometidos no ano anterior. Isso costumava ser chamado de "o dever de fazer a Páscoa", pois muitos católicos aproveitavam essa época para realizar uma boa comunhão pela época da Páscoa.
Mas se você lê as vidas dos santos, verá que uma confissão mais frequente era normal, e que uma confissão mensal era o mínimo. Eu faço parte do crescente número de católicos que procuram se confessar uma vez por semana. Há menos de um século, a confissão sacramental era uma prática normal em muitas paróquias, quando os católicos jovens e os de mais idade faziam longas filas todos os sábados aguardando para ter um breve momento no confessionário. Não tenho certeza sobre o que ocorreu para que se invertesse essa tendência, mas estou certo de que não é uma diminuição da quantidade ou da gravidade dos pecados cometidos pelos católicos em toda a América.
Há muitas boas razões para se fazer uma confissão a cada semana ou a cada mês.
Inicialmente, é mais fácil do que ir apenas uma vez por ano. Isso pode parecer estranho, mas é verdade. Quanto mais nós formos à confissão, mais desejaremos nos confessar. É como a prática de tênis, por exemplo, que se torna mais fácil e tranquilo jogar à medida em que mais pratico.
É mais fácil também porque estamos lidando com um curto espaço de tempo. Se um justo cai sete vezes por dia, isso significa que as pessoas mais virtuosas da cidade têm, pelo menos, 2.555 pecados para se lembrar de confessar num ano (e se fosse um ano bissexto seriam 2.562 pecados). O período de uma semana ou, que seja, de um mês é muito melhor gerenciável e permite uma confissão mais sincera e completa.
Uma confissão mais frequente significa um programa mais eficaz de crescimento na virtude e um domínio mais completo dos pecados habituais. Reflitamos: o crescimento espiritual é como um condicionamento físico, ou seja, não vem com facilidade. Todos gostaríamos de eliminar nossos hábitos pecaminosos durante a noite, da mesma forma que eu ficaria contente se conseguisse eliminar cerca de dez quilos até o dia seguinte, ou triplicar a minha força muscular até a semana seguinte. Mas as mudanças em nosso caráter são como as mudanças em nosso corpo, raramente são perceptíveis de uma semana para a outra ou de um mês para o outro. Por vezes, somente ao longo de anos ou de décadas é que perceberemos a diferença. Precisamos lançar mão de um regime e, por vezes, fazendo-o por longo prazo.
Muitas vezes, as pessoas se sentem frustradas porque percebem ter cometido os mesmos pecados cada vez que se confessam. Sim, isso pode ser humilhante, mas poderia ser pior. Seria pior para nós se, por exemplo, cometêssemos pecados novos! Se não nos parece estar melhorando, ao menos podemos perceber que não estamos piorando, o que ocorreria, provavelmente, se deixássemos de nos confessar. Fazer a mesma confissão várias vezes pode parecer humilhante - não nego isso - mas a humilhação não é uma coisa tão ruim para um cristão; afinal, a humilhação é algo que nos torna humildes. E a humildade arranca o pecado na sua origem, que é o orgulho. Isso é para o bem, pois Deus se vê irresistível quando encontra a humildade em nós. E Ele se opõe à soberba, mesmo quando os soberbos se acham certos.
Precisamos ficar com o sacramento por longo período em nós, mesmo que, às vezes, possamos nos sentir frustrados. A maioria das pessoas, ao longo do tempo, percebem que não estão se confessando dos mesmos pecados há dez anos. À medida em que avançam em uma área, pela graça de Deus e por esforço pessoal, percebe, outras áreas que precisam de uma maior atuação. Se perseverarmos, contudo, poderemos nos mover para a frente, para cima, para Deus.
Por fim, mas não menos importante, a razão para uma confissão frequente é o aviso que São Paulo faz aos cristãos de Corinto: "Portanto, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado contra o corpo e o sangue do Senhor... É por isso que há entre vós muitos enfermos e doentes, e não poucos têm morrido" (1 Cor 11,27.30). Se dissermos que não temos pecados, somos mentirosos. Se pecamos, mas não confessamos, nos esquivamos de Jesus, a quem recebemos na Comunhão. Se pretendemos acolher um convidado divino em nosso coração no domingo, devemos, pelo menos, fazer uma limpeza espiritual no sábado. Pense como deveríamos limpar nossa casa se convidássemos para jantar, uma autoridade da nossa cidade ou nosso chefe.
O próprio Jesus nos contou uma parábola de um homem rico que, por misericórdia, convidou várias pessoas indignas para a festa de casamento de seu filho (Mt 22,1-14). Ambos "os bons e os maus" atenderam ao convite, e apenas um foi expulso, e era o homem que não estava com traje de festa. O significado desta parábola não podia ser mais claro: Deus, o Pai, por meio de Sua misericórdia, nos convida à Eucaristia, que é a ceia das bodas de Seu Filho com a Igreja (ver também Ap 19,9; 21,9-10). Contudo, nós devemos estar adequadamente preparados para a ocasião. Pois, o contrário seria um sinal de ingratidão e presunção. Jesus não é menos severo do que São Paulo ao descrever as consequências: "Então o rei disse aos que serviam: 'Amarrai os pés e as mãos desse homem e lançai-o fora, nas trevas! Ali haverá choro e ranger de dentes'".
Fonte: Senhor, tende piedade - Scott Hahn, pg133-135.
Nenhum comentário:
Postar um comentário