sábado, 16 de fevereiro de 2019

1º Mandamento (continuação): Adorar a um só Deus e amá-lo sobre todas as coisas.



1. Os principais pecados opostos à virtude de religião e ao culto devido a Deus são: a idolatria ou adoração dos ídolos, a impiedade ou irreligião, a superstição, o sacrilégio e todas as falsas religiões. 
2. A idolatria consiste em dar às criaturas o culto supremo que só a Deus é devido. 
3. Comete-se o pecado de impiedade ou irreligião quando se tratam com desprezo ou indiferença os deveres de cristão, quando se profanam as coisas santas, e quando se metem a ridículo a religião e os seus ministros.
4. A superstição consiste em dar a Deus um culto que não lhe é devido, ou vicioso por excesso. As principais são três: a 1ª é dar culto a Deus por coisas ridículas, em que Deus não pode ter glória; a 2ª é tomar agouro por coisas que não têm conexão com o que tememos; a 3ª é querer adivinhar futuros observando certos sinais que não podem ter conexão com eles.
5. O sacrilégio é a profanação das coisas santas. Entendemos por coisas santificadas as que são especialmente consagradas a Deus, tais são: os templos, os vasos e ornamentos sagrados, os eclesiásticos, as Virgens dedicadas a Deus, as coisas prometidas com votos; e outras semelhantes.
6. Há três espécies de sacrilégio: pessoal, local e real. Quando se ofende a santidade dos ministros de Jesus Cristo em quanto são consagrados a Deus, o sacrilégio é pessoal. O sacrilégio local é aquele com que se faz injúria a qualquer lugar sagrado com criminoso derramamento de sangue, com incêndio, com furto e com qualquer exercício profano. O sacrilégio real consiste na profanação ou violação de qualquer coisa sagrada.
7. As coisas sagradas profanam-se de três modos: 1º recebendo ou administrando os sacramentos em pecado mortal ou fazendo deles mau uso; 2º tratando sem reverência os vasos sagrados ou empregando-os em usos profanos; 3º ultrajando as relíquias e imagens sagradas. 
8. Na seguinte passagem do Evangelho vemos a Jesus expulsando os vendilhões do templo por que cometiam um sacrilégio. Diz São João: "Como estava a chegar a páscoa dos Judeus, foi logo Jesus para Jerusalém e achou o templo a muitos vendendo bois, e ovelhas e pombas, e os compradores lá sentados.  E tendo feito de corda um como azorrague, os lançou fora a todos do templo, também as ovelhas e os bois, e arrojou por terra o dinheiro dos compradores e derrubou as mesas. E para os que vendiam os pombas disse: Tirai daqui isto, e não façais da casa de meu Pai casa de negócio." Então se lembraram seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa me consome (Jo 2,13-17).


Explicação da gravura

9. Exemplo de idolatria; adoração do bezerro de ouro. Subia Moisés ao monde aonde Deus o chamara para dar-lhe a lei, e ali ficou quarenta dias e quarenta noites; depois o Senhor lhe deu as duas tábuas sobre as quais estavam gravados os mandamentos. Enquanto Moisés estava no monte o povo disse a Aarão: Não sabemos o que é feito de Moisés; faze-nos deuses como os dos Egípcios. Para afastar o povo desta impiedade, Aarão disse: "Trazei-me as arrecadas de vossas mulheres e filhas. Contra sua expectativa, trouxeram-lhe todas as jóias, e não ousando resistir, Aarão fundiu-as e formou um bezerro de ouro, ao qual os Israelitas ofereceram sacrifícios, tocando e dançando à moda dos pagãos. Vendo isso Moisés, ao descer do monte, irou-se grandemente e arremessando a terra as duas tábuas, as quebrou. Depois reduziu a pó o bezerro, e mandou os levitas matar quantos encontrassem adorando os ídolos.
10. Exemplo de sacrilégio na parte inferior esquerda. Vê-se Héliodoro, general do rei da Síria, que, querendo roubar o tesouro do templo de Jerusalém, foi atacado por um cavaleiro misterioso que o maltratou, aparecendo-lhe ao mesmo tempo dois anjos que o açoitaram fortemente e o deixaram meio morto.
11. Cometeu Saul um pecado de superstição quando foi para consultar a feiticeira de Endor. Deus permitiu que lhe aparecesse Samuel, que lhe disse: Amanhã morrerás na batalha. Vê-se representado o fato na parte inferior direita. 



Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

1º Mandamento: Adorar a um só Deus e amá-lo sobre todas as coisas.



1.Desempenharemos nós o que neste preceito nos é mandado, praticado para com Deus quatro virtudes, a saber: a fé, a esperança, a caridade e a religião. Para as três virtudes teologais, fé, esperança, caridade, ver a gravura 62.
2. A religião, considera como virtude, é uma virtude que nos ensina a dar a Deus o culto que lhe é devido.
3. O culto que devemos a Deus chama-se culto de latria e é propriamente adoração.
4. Há duas espécies de culto, culto interno, e culto externo. O culto interno consiste em elevar a Deus nosso pensamento, louvá-lo e adorá-lo mentalmente, oferecendo-lhe no íntimo do coração nossos afetos sem manifestar exteriormente nossos sentimentos. O culto externo consiste em dirigir a Deus orações vocais, em cantar os divinos louvores, em nos prostrarmos em sua presença, e principalmente em assistirmos ao Santo Sacrifício da missa e cerimônias e funções públicas, com que a Igreja Católica celebra os seus mistérios e solenidades.
5. Adorar a Deus é reconhecê-lo como nosso Criador, e soberano Senhor de todas as coisas. Devemos pois humilhar-nos profundamente diante de sua Majestade.
6. Devemos a Deus um culto exterior: 1º porque o nosso corpo pertence-lhe tanto como a nossa alma; 2º porque o culto exterior nos leva ao culto interior.
7. O culto público consiste principalmente em adorar a Deus nas igrejas e cerimônias públicas. Devemos prestar a Deus culto público porque temos obrigação de edificar o nosso próximo mostrando-lhe que somos verdadeiros crentes.
8. A sociedade civil deve também adorar a Deus, porque ele é senhor das sociedades como dos indivíduos.
9. Adoramos a Jesus Cristo, porque ele é Deus como o Pai e o Espírito Santo.

Do culto dos Santos

10. Não é idolatria tributar culto aos santos; antes esse culto é legítimo e devido, porque não é de latria ou adoração, mas de veneração e respeito. Nós não adoramos a Nossa Senhora nem os santos como adoramos a Deus; veneramo-los e honramo-los como criaturas muito chegadas a Deus e muito favorecidas da suas graças. Não se faz injúria a Deus em venerar as criaturas, porque não faz injúria ao soberano quem corteja os áulicos que servem em roda do trono.
11. O culto que damos a Nossa Senhora não é o mesmo que o que damos aos santos, porque Nossa Senhora faz uma hierarquia diferente acima das outras criaturas, sendo ela escolhida para Mãe de Jesus Cristo. O seu culto chama-se hiperdulia.
12. Veneramos os Santos pelas suas virtudes, pelo valimento que têm com Deus, e por serem seus amigos e servos, e assim toda a honra que se lhes tributa redunda em honra de Deus.
13. O culto dos Santos consiste em lhes pedir, em lhes agradecer, e ainda em os tomar por modelos para os imitar. Esse culto chama-se dulia, o qual é infinitamente inferior ao de latria, que pertence a Deus.
14. Pedimos aos santos para alcançar por sua intercessão as graças do que necessitamos. Os santos são os nossos advogados para com Jesus Cristo, como Jesus Cristo é o nosso advogado para com seu Pai. Há muita diferença no modo de pedir a Deus ou de pedir aos santos: a Deus pedimos que nos dê, nos conceda; e aos santos pedimos que nos alcancem de Deus pelos merecimentos de Jesus Cristo, que roguem por nós.
15. A veneração das relíquias e imagens não está proibida; antes Deus a autoriza e aprova pelos grandes milagres que a cada momento obra por meio das relíquias e imagens dos santos.

Explicação da gravura

16. Nesta gravura veem-se pessoas de todas as cidades e condições adorando a Deus, que lhes abre os braços e as contempla com ternura, mostrando assim o agrado que acolhe as nossas homenagens.
17. Na parte superior, à esquerda, vê-se a Virgem rodeada de Anjos, e à direita, São José com vários santos.



Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910 (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica).
Edição da Juventude Católica de Lisboa.