sexta-feira, 21 de junho de 2019

Fundamentos da Fé Católica








                                                                                                                   Escrito por Dom Bosco

O que significa Religião?
É uma virtude, ou seja, uma série de boas ações pela qual o homem presta a Deus a honra e o culto que somente a Ele são devidos.

Como se deve praticar a Religião?
Acreditando em todas as verdades reveladas por Deus e observando Sua santa Lei, cumprindo fielmente os Mandamentos de Deus e da Igreja fundada e estabelecida por Cristo.

A quem foi revelada a verdadeira religião?
Foi primeiramente revelada a Adão, que foi o primeiro homem do mundo. Depois, pelo mesmo Deus, e às vezes com o auxílio dos anjos, foi revelada aos santos Patriarcas que a praticaram, aos Profetas, que com os seus milagres mostraram que eram por Deus inspirados. A prova disso é que, sendo Deus o único capaz de fazer verdadeiros milagres, e não sendo concebível que os faça para provar o erro e a mentira, conclui-se disso que, aqueles que fizeram acertadas profecias sobre o futuro, confirmam a veracidade desta revelação, pois apenas Deus sabe o futuro, e pode revelá-lo aos homens.

Pode ser todas igualmente verdadeiras as várias religiões que existem no mundo?
Certamente não, porque a verdade é sempre uma só e não pode se achar em coisas opostas. Como as várias religiões ensinam coisas contrárias, conclui-se disso que uma só deve ser a verdadeira e todas as demais são crenças errôneas, e aqueles que as professam seguem o erro e estão fora do caminho da salvação.

Tem alguma semelhança entre elas?
Assim como o branco não pode ser o preto, as trevas não podem ser luz; portanto se uma crença está em oposição à outra, uma com certeza está no erro.

Existem os muçulmanos, os protestantes e os evangélicos, e a Igreja Católica Romana; em qual dessas sociedades podemos encontrar com certeza a Religião verdadeira?
Somente na Igreja Católica Romana, e isto porque somente ela conserva intacta a divina revelação, somente ela foi fundada por Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, somente ela foi propagada pelos apóstolos e pelos seus sucessores até os nossos dias; motivo pelo qual somente ela tem as características da origem divina.

Quais são as características mediante as quais nós podemos com certeza conhecer a verdadeira Igreja de Cristo?
As características que nos fazem conhecer ao certo a divindade da Igreja de Jesus Cristo são quatro: Una, Santa, Católica e Apostólica.
A verdadeira Igreja deve ser Una, porque havendo um só Deus verdadeiro, uma só Fé e um só Batismo, não pode haver senão uma única Igreja verdadeira.
Santa, porque deve ser fundada e governada por Deus, fonte de toda a santidade, e deve ensinar a santa revelação para levar os homens à santidade e à salvação eterna.
Católica, ou seja, universal, porque deve abarcar todos os homens; professar toda a doutrina de Jesus Cristo, conforme as palavras do mesmo divino Salvador, espalhar-se por todo o mundo, abraçar os fiéis de todos os tempos e lugares, permanecendo visível até a consumação dos séculos.
Apostólica, pois deve ensinar e crer em tudo o que foi deixado por meio dos apóstolos enviados por Nosso Senhor Jesus Cristo a pregar o Evangelho a todas as criaturas; e deve crer que aqueles que atualmente a dirigem são realmente os sucessores dos Apóstolos.
A Igreja que tem essas quatro características é sem dúvida alguma a Igreja de Jesus Cristo.

Qual é a Igreja que possui esses quatro caracteres divinos?
Só a Igreja Romana é que pode com certeza apresentar essas quatro características de divina, porque só Ela: é Una, porque todos os verdadeiros católicos, ainda que dispersos pelas várias partes do mundo, nas regiões mais apartadas e longínquas, professam uma mesma Fé, uma mesma doutrina e têm todos um só chefe, que é o Romano Pontífice, que como um Pai amável e universal, regula e governa toda a família católica.
É Santa, pela santidade de seu Chefe e Fundador, que é Nosso Senhor Jesus Cristo; é santa a Fé e a lei que professa; são santos os sacramentos que administra; em todos os tempos muitos santos a têm ilustrado com luminosos milagres; milhões e milhões de Mártires, alentados e fortalecidos por Deus Nosso Senhor, derramaram o seu sangue em testemunho da divindade dessa mesma Igreja.
A Igreja Romana é Católica, isto é, universal, porque está aberta a todos os homens, estende-se a todos os lugares e a todos os tempos, abraça e professa toda a doutrina de Jesus Cristo. Ele ordenou que o seu Evangelho fosse pregado por todo o mundo; e vemos que a Igreja Romana em toda a terra tem filhos que, estreitamente unidos ao Papa, professam a doutrina de Jesus Cristo, que foi e continua sendo pregada nas regiões mais remotas da Terra.
A Igreja Romana se estende a todos os tempos, porque em todos as épocas, no meio das mais sangrentas perseguições, foi sempre conhecida como sociedade visível dos fiéis reunidos na mesma Fé, sob a direção de um mesmo Chefe, o Romano Pontífice, o qual, como pai de uma grande família, guiou o passado e guiará no futuro todos os bons fiéis pelo caminho da verdade, até o fim dos tempos.
A Igreja Romana é Apostólica, porque crê e ensina tudo o que os apóstolos creram e ensinaram, e tem por chefes e pastores os sucessores dos apóstolos.
O testemunho de 20 séculos mostra com evidência que Jesus Cristo estabeleceu São Pedro como Chefe da Igreja, e esse e os outros apóstolos propagaram a doutrina do Evangelho por todo o mundo.
A São Pedro sucederam outros Papas, que governaram a Igreja sem interrupção até os nossos dias. Aos apóstolos sucederam os bispos, que em todas as épocas e lugares formaram um só rebanho, reconhecendo só Jesus Cristo por Pastor Supremo e Cabeça invisível, e o Pontífice de Roma por Supremo Pastor e Cabeça visível.
Sempre que alguém se atreveu a ensinar doutrinas contrárias aos ensinamentos da Igreja Romana, tais doutrinas foram condenadas pelos Papas e Bispos, como opostas ao Evangelho e ao que ensinou Nosso Senhor. Essa prerrogativa da Igreja Romana é principalmente consoladora para nós católicos. Somente na Igreja Católica, começando pelo papa reinante, remonta-se, de um papa a outro papa, a sucessão apostólica sem interrupção, chegando até São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, erigido como Chefe da Igreja pelo próprio Jesus Cristo.

Nas Igrejas dos hereges não existem esses caracteres divinos?
As Igrejas dos valdenses ou dos protestantes não possuem os caracteres da verdadeira Igreja.
Não são unas, porque não possuem a mesma Fé, nem a mesma doutrina, nem um mesmo Chefe. Antes, é difícil achar dois ministros de uma mesma seita herética que estejam de acordo nos principais pontos da sua crença. Daí que estejam divididos nos mais importantes pontos. Só a igreja protestante, não muito tempo depois de sua fundação, era já dividida em mais de duzentas seitas. Em algumas dessas seitas guarda-se a missa, em outra despreza-se; algumas creem nos sete sacramentos, outras em cinco, algumas em três, e há aquelas que creem em dois e aquelas que em nenhum. Onde, em meio a tanta contradição, pode haver unidade de fé?
Não são santas, porque rejeitam no todo ou em parte os Sacramentos, de onde provém a santidade; professam muitas coisas contrárias ao Evangelho, em oposição mesmo a Deus. Entre todos os hereges, incrédulos e apóstatas, não se pode citar um único santo, nem sequer um milagre. Ao contrário, os principais autores das seitas se mancharam com vícios e delitos. Erasmo, grande promotor do protestantismo, chegou a dizer que todos os homens ilustres da Reforma não puderam fazer um só milagre nem sequer curar um cavalo manco.
Não são católicas, porque estão limitadas a algumas regiões, e mesmo nessas variam de doutrina conforme cada época. Não são católicas quanto ao tempo, porque possuem poucos anos de existência. Antes de Henrique VIII nunca se havia falado de anglicanismo; antes de Pedro Valdo ninguém se referiu aos valdenses; antes de Lutero e Calvino não existia o que denominamos protestantismo. Em geral, todas as heresias começaram a existir na época de seus fundadores; nenhuma remonta até Jesus Cristo.
Não são Apostólicas, porque não professam, antes rejeitam, o que os apóstolos creram e ensinaram. Nenhuma das sociedades heréticas pode remontar com seus membros até os apóstolos. Finalmente, não estão unidas ao Romano Pontífice, que é o sucessor de São Pedro, Chefe e Príncipe dos Apóstolos.

Existe diferença entre a doutrina da Igreja Católica de hoje e a doutrina de Jesus Cristo pregada pelos Apóstolos?
Não há diferença nenhuma. Os que podem ler, estudar e confrontar entre si essas doutrinas, não poderão deixar de se convencer de que as verdades pregadas por Jesus Cristo e pelos apóstolos são as mesmas que em todos os tempos foram e ainda são pregadas na Igreja Católica Apostólica Romana.

Que consequência se tira do que foi exposto?
Para nós, católicos, consequências extremamente consoladoras podem ser tiradas. A Igreja Católica sempre condenou tudo o que é contra o Evangelho; entre os cristãos sempre se professou a mesma doutrina sem que nenhum Papa deixasse reviver uma heresia condenada por seus antecessores, nem colocasse em dúvida uma verdade proclamada antes dele.
Ora, a condenação constante dos erros e a proclamação das mesmas verdades feitas desde o atual Pontífice reinante até Jesus Cristo coloca-nos, por assim dizer, nas mãos o santo Evangelho, puro e íntegro, tal como o próprio Jesus Cristo ensinou e os apóstolos o pregaram por toda a Terra.

Fora da Igreja Católica Apostólica Romana existe salvação?
Não. Fora desta Igreja ninguém pode se salvar. Da mesma maneira que aqueles que não estiverem na arca de Noé, diz São Jerônimo, morreram no dilúvio, assim perece inevitavelmente, e não pode alcançar salvação para sua alma, quem se obstina em viver e morrer separado da Igreja Católica Apostólica Romana, única depositária e conservadora da verdadeira Religião.

Qual é o maior erro dos judeus?
Consiste em, esperando ainda pela vinda do Messias, não crerem em Jesus Cristo e no seu santo Evangelho.

O que os judeus devem fazer para se salvar?
Devem reconhecer Jesus Cristo como Messias, receber o santo Batismo e observar os mandamentos de Deus e da Igreja.

Quem foi o fundador dos muçulmanos?
Foi Maomé, que espalhou seus erros pelos princípios do século VII da era cristã.

É verdade que os valdenses guardaram a verdadeira doutrina dos apóstolos?
Antes de Pedro Valdo jamais se ouviu falar de tal doutrina. Depois dele, os seus seguidores a modificaram adotando os erros de Wiclef e de João Huss. No século XVI degenerou em calvinismo, e e hoje são verdadeiros protestantes.

Quem são os chefes dos protestantes?
Os chefes dos protestantes são Lutero e Calvino, que viveram nos meados do século XVI; Lutero, frade agostiniano apóstata que saiu do convento e perpetrou gravíssimas desordens entre as quais a de se casar com uma monja ligada pelos sagrados votos, estando ele também ligado pelos mesmos votos solenes e perpétuos; Calvino, clérigo simoníaco, foi condenado a uma grande pena por conta dum delito ignominioso.

Esses homens: Maomé, Pedro Valdo, Lutero e Calvino deram alguma prova de serem mandados por Deus?
Pelo contrário, não fizeram nenhum milagre, nem neles se verificou profecia alguma. Propagaram os seus erros e superstições por meio da violência e da libertinagem. A doutrina protestante fornece abertura a todos os vícios e abre caminho a todas as desordens. Portanto, podemos concluir que são enviados não por Deus, mas por Satanás, para pregar e difundir a impiedade e a confusão entre os homens.

Esses não pertencem à Igreja de Jesus Cristo?
Como não têm por chefe Jesus Cristo, não podem pertencer à Sua Igreja; como ensina São Jerônimo, pertencem à sinagoga do Anticristo, isto é, a uma igreja oposta à de Jesus Cristo.

Quem é o chefe da Igreja Católica?
O Fundador, a Cabeça invisível de toda a Igreja é Jesus Cristo, que depois de ter designado São Pedro para governar, assegurou: "Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20).

Quem é o Chefe visível da Igreja Católica?
O Chefe visível da Igreja Católica é o Romano Pontífice, chamado geralmente de Vigário de Cristo ou Papa.

Quem constituiu o Romano Pontífice como Chefe da Igreja?
Jesus Cristo constituiu São Pedro como Chefe e fundamento da Igreja por estas palavras: "E eu digo-te que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." (Mt 16,18).

Qual é o papel de São Pedro na Igreja?
São Pedro na Igreja faz o mesmo que fazem os alicerces num edifício. A parte de um edifício que não se apoia sobre esses alicerces, não poderá se sustentar e ruirá com certeza. Da mesma maneira, toda crença, toda autoridade, toda Igreja que não reconheça a autoridade de Pedro nem lhe professe obediência, já não pertence à Igreja de Jesus Cristo, porque não se apoia no verdadeiro fundamento, o qual, diz São Paulo, é aquela grande coluna sobre a qual se apoia toda a verdade. "Porém, se eu tardar, para que saibas como deves portar-te na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e firmamento da verdade" (1Tm 3,15).

Que autoridade deu o Salvador a São Pedro?
Jesus Cristo deu a São Pedro uma autoridade absoluta, que se costuma chamar Primado de honra e de jurisdição, em força da qual ele pode ordenar e proibir tudo o que julgar conveniente para o nosso bem espiritual e eterno.

Como Jesus Cristo conferiu a autoridade ao Chefe da Igreja?
Dizendo: "Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus" (Mt 16,19).

Que significam as palavras Primado de honra e de jurisdição do Romano Pontífice?
Significam que o Romano Pontífice tem na Igreja um poder absoluto sobre todos os cristãos: leigos, religiosos, sacerdotes e bispos, e que todos devem se submeter às suas ordens, para poder pertencer à Igreja de Jesus Cristo, que, no dizer de São Jerônimo, é a única arca da salvação.

Os Reis e os Governantes da terra estão sujeito ao Romano Pontífice?
Os príncipes, os reis e todos os potentados da Terra, ainda que dominem o mundo todo, devem submeter-se ao Sumo Pontífice se desejam pertencer à verdadeira Igreja e salvar a alma. Porque a sua autoridade é somente temporal e, frente à religião, são simples fiéis obrigados, como os outros, a obedecer ao Chefe da Igreja.

Os católicos entenderam sempre assim essa doutrina?
Os católicos de todos os tempos, apoiados nessas palavras de Jesus Cristo, tiveram como verdade de fé que São Pedro foi instituído Seu Vigário na terra e Chefe supremo visível da Igreja, que recebeu a plenitude da autoridade sobre todos os fiéis. E é, pois, evidente que esta autoridade deve durar enquanto existir a Igreja, isto é, até a consumação dos séculos; pois os fundamentos devem durar tanto quanto o edifício que se sustenta sobre eles; consequentemente, depois de Pedro, essa autoridade passou para os seus sucessores, os Romanos Pontífices.

O que significa infalibilidade papal?
O papa, quando se pronuncia ex-cathedra em matéria de Fé, de costumes e de governo da Igreja, é infalível, isto é, não pode cair em erro, nem enganar-se ou enganar os outros.

Onde se encontra a doutrina da infalibilidade pontifícia?
"Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não falte; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos". (Lc 22,32).
Nessas palavras do Salvador devemos notar especialmente três coisas: o Senhor rogou de maneira especial por São Pedro, para que a sua fé não desfalecesse; e assim como ninguém ousará pôr em dúvida que a oração do Salvador obtém sempre o seu efeito, podemos crer que nunca faltará a assistência divina.
Pedro está encarregado de confirmar na Fé não só os simples cristãos, mas também os apóstolos e os bispos, seus sucessores.
Quando Pedro, na pessoa do Papa, proclama uma sentença em matéria de fé ou de costumes, é nossa obrigação acreditar como verdade revelada por Deus, mesmo que tal definição não tenha sido aprovada por algum Concílio ou pelos bispos separadamente ou unidos.

Os católicos aceitam essa verdade?
Todos os verdadeiros católicos, em todos os tempos, sempre creram na infalibilidade do Sucessor de São Pedro, do Vigário de Jesus Cristo. Os Romanos Pontífices exerceram sempre essa autoridade suprema nas controvérsias religiosas e todos os verdadeiros católicos acolheram sempre respeitosamente essas declarações, como verdades indiscutíveis, como se fossem proclamadas pelo próprio Salvador. Mas a infalibilidade nunca foi definida nem proclamada como verdade de Fé antes do Concílio Vaticano I.

Se todos os fiéis acreditavam já na infalibilidade do Romano Pontífice, que necessidade havia de defini-la?
Foi necessário, porque alguns hereges tentaram impugná-la. E a falta de uma definição expressa deixava dúvidas em alguns católicos. Por isso, como a Igreja definiu a divindade de Jesus Cristo no Concílio de Niceia, ainda que fosse crida por todos os fiéis, porque Ário ousara impugná-la; como o Concílio Tridentino definiu tantas outras verdades, que eram comumente aceitas na Igreja e Lutero as havia negado; assim, o Concilio Vaticano I definiu a infalibilidade pontifícia para preservar os fiéis contra os que duvidavam ou abertamente a negavam.

Em que termos é definido esse dogma?
Essa definição foi proclamada e aprovada no Concílio Vaticano I no dia 18 de julho de 1870 por mais de setecentos Bispos, presididos pelo próprio Santo Padre, com estas palavras: "Nós definimos que o Romano Pontífice, quando fala ex-cathedra, ou seja, cumprindo cargo de Pastor e Mestre de todos os cristãos, e pela sua suprema autoridade apostólica define alguma doutrina acerca da fé e dos costumes que toda a Igreja deve observar e guardar, em razão da assistência divina que lhe foi prometida na pessoa do Bem-aventurado Pedro, goza da mesma infalibilidade, da qual o divino Redentor quis dotar a Sua Igreja ao definir as doutrinas relativas à fé e aos costumes. Portanto, estas definições do Sumo Pontífice Romano são, por si mesmas e não por consenso da Igreja, irreformáveis. E se alguém ousar contradizer esta nossa definição, seja excomungado".

Esta infalibilidade se estende a todas as ações e palavras do Romano Pontífice?
Não, somente na qualidade de Papa e Chefe da Igreja, quando define coisas que dizem respeito à fé e aos costumes.

O Papa pode criar dogmas novos?
Nem o Papa e nem a Igreja podem criar novos dogmas; somente declaram que aquela verdade foi realmente revelada por Deus e que estava contida na Escritura e na Tradição. Por exemplo: a Igreja acreditou sempre que Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, mas isso nunca fora definido como verdade de Fé. Finalmente, em 8 de dezembro de 1854, o Santo Padre Pio IX definiu que tal crença se apoiava na Sagrada Escritura e na Tradição, e, portanto, devia ser acreditava e tida como verdade de Fé. Desaparecendo, assim, qualquer discussão teológica.

Qual benefício traz aos católicos a definição da infalibilidade papal?
As principais são: forneceu um novo esplendor à venerável pessoa do Romano Pontífice e, por consequência, para toda a família cristã, pois é natural que a honra do pai se reflita nos filhos.
Coloca os fiéis na certeza de que credo e fazendo o que o Papa propõe, nunca poderão errar nas coisas necessárias à sua eterna salvação.
Possuindo o Papa como Juiz e Mestre infalível, desaparece qualquer perigo de discórdia e de controvérsia religiosa. Mesmo os hereges devem se sentir como que atraídos e estimulados a reentrar no seio da Igreja Católica, onde encontram aquela verdade de Fé. Porque entre os hereges, como lhes falta uma autoridade suprema infalível e como cada um pode crer o que bem lhe parecer e aprouver, tudo é dúvida e incerteza desoladora nas coisas mais essenciais para a salvação eterna.

Dizem que alguns Papas caíram em erro.
São calúnias inventadas contra o papa, ou que se referem a atos que não se relacionam com a Fé da Igreja. Todos os que estudaram imparcial e profundamente a história eclesiástica, concordam que essas asserções são falsas.

Que erro cometeria quem negasse a infalibilidade papal?
Depois da definição do Concílio Vaticano I, cometeria grave desobediência à Igreja, e persistindo no erro se tornaria um herege, deixando de pertencer à Igreja de Jesus Cristo. "Se não ouvir a Igreja, considera-o como um gentio e um publicano" (Mt 18,17).
Os protestantes dizem: "Nós acreditamos em Jesus Cristo e no Evangelho, por isso estamos dentro da verdadeira Igreja".
Não é verdade, porque não acreditam em tudo aquilo que Jesus Cristo ensina no Evangelho e rejeitam muitas verdades pregadas pelos santos Apóstolos. Como não possuem um chefe permite-se uma livre interpretação do Evangelho, trazendo enorme confusão sobre as verdades da Fé, abrindo largo caminho ao erro. Por isso são como ramos cortados da árvore, como membros de um corpo sem cabeça, como ovelhas sem pastor, como discípulos sem mestre, separados da fonte da vida, que é Jesus Cristo.

Algum protestante pode se salvar?
Somente aqueles que morrem antes de atingir o uso da razão, contanto que tenham sido validamente batizados.
Podem se salvar os que estão com reta intenção, isto é, firmemente convencidos de que estão na verdade. Esses no coração são católicos, porque se conhecessem bem a religião católica com certeza a abraçariam.

Que devem fazer os protestantes para se salvar?
Devem renunciar aos seus erros, entrar na Santa Igreja Católica Apostólica Romana e estar em unidade com o Vigário de Cristo, que é o Papa. Quem se obstina em viver separado, perecerá para sempre.

O que pensam os protestantes acerca da nossa Religião Católica?
Reconhecem que tem havido grandes santos, que operaram grande milagres e que vivendo de acordo com os preceitos da Igreja Católica podem se salvar.

O que os católicos dizem a respeito das seitas protestantes?
Seguindo a doutrina infalível da Santa Igreja, dizemos que os protestantes, se não voltarem à Igreja Católica, não poderão se salvar.
Os protestantes, ao dizerem que na Igreja Católica pode haver salvação, nos fazem concluir que reconhecem, de certo modo, que os católicos, estando no reto caminho da salvação, estão igualmente com a verdade. E, se ponderarmos que a Igreja Católica se proclama infalível e única depositária da verdadeira religião de Jesus Cristo, segue-se também que os protestantes, reconhecendo implicitamente a verdade da doutrina católica, reconhecem a falsidade da sua própria crença. Pelo menos qualquer homem prudente deve concluir que é mais segura a doutrina católica que a protestante.

Não haverá nenhum exemplo a esse respeito?
Existem muitos. Henrique IV, rei da França, ao subir ao trono era chefe da seita calvinista; mas Deus o iluminou, fazendo-lhe conhecer a verdadeira Religião. Primeiro procurou se instruir bem nos dogmas do Catolicismo; em seguida fez vir à sua presença os ministros protestantes e lhes perguntou se julgavam que ele pudesse se salvar na Igreja Romana. Depois de séria reflexão, disseram que sim. Então o rei replicou com notável sensatez: "Por que então que vós a abandonastes? Os católicos afirmam que ninguém pode obter salvação dentro da vossa seita; a razão pede que eu siga pelo caminho mais seguro e prefiro aquela religião em que por opinião geral posso salvar-me".
A seguir o rei renunciou à heresia e retornou ao seio da verdadeira Religião.

Qual é a singularidade da Igreja Católica em suas relações com as sociedades heréticas?
Embora tenha sido perseguida em todos os tempos pelos hebreus, gentios, hereges e maus católicos, alcançou de todos os ataques completa vitória, conservando-se pura e inalterável, como Deus a fundara. Os inimigos da nossa Fé se esforçaram por apresentar alguns fatos, deturpando-os, como seria a guerra contra os albigenses e a matança no dia de São Bartolomeu; com estes fatos querem provar que a Igreja Católica chegou por vezes a mover perseguições. Mas esses adversários propagam a mentira, porque esses fatos nunca a Igreja os ordenou ou aprovou.
Não se conhece ninguém que, em perfeito juízo, na hora da morte abandonasse a Igreja Católica para abraçar qualquer outra crença. Pelo contrário, a História está repleta de homens que na hora da morte renunciaram a heresia para morrer no seio da Santa Igreja Romana, assim assegurando a salvação.
Nunca ninguém abandonou o catolicismo, a não ser, para buscar o próprio prazer. Sabemos pela história que todos que a abandonaram o quiseram para levar uma vida mais livre e desordenada. Prova evidente de que não eram levados a isso pelo conhecimento da verdade, e sim pelo desejo de abraçar uma crença mais favorável às paixões humanas.

O que os católicos devem fazer?
Nós, católicos, devemos agradecer a Deus por nos haver criado na única religião que nos conduz à eterna salvação.
Suplicar, de todo o coração, a Nosso Senhor que nos mantenha na Sua graça e fiéis no Seu santo serviço, intercedendo por todos que vivem separados da verdadeira Igreja, para que sejam iluminados e voltem todos ao redil do bom Pastor.

Quais cuidados deve ter o católico atualmente?
Creio que não será enganado em matéria de religião se puser em prática os seguintes avisos: fugir da companhia dos que falam de coisas obscenas ou procuram escarnecer do Papa, dos bispos e dos outros ministros da nossa santa religião.
Caso seja necessário, em virtude de estudo, do emprego ou de parentesco, contato com pessoas desse tipo, não entrar jamais em disputas de assuntos ligados à religião; e se esses foram inoportunos, responda: "Quando estou doente, procuro um médico; se preciso de remédios, o farmacêutico. Em matéria de religião, busco o auxílio de um padre".
Tenha muito discernimento com as leituras e os meios de comunicação. Se porventura alguém oferecer livros ou jornais que atacam a Igreja e os valores morais, rejeite como se fosse veneno.

O que devemos fazer quando somos ridicularizados pela nossa fé?
Responda que com as coisas de Deus não se brinca e que devem ter respeito. Lembre-se da sentença que Nosso Senhor proferiu contra os que por respeitos humanos se calaram: "Porque quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem  se envergonhará dele, quando vier na sua majestade, e na de seu Pai e dos santos anjos" (Lc 9,26).

Dizem que estamos em tempos de liberdade e que por isso cada um pode viver como quiser. 
A liberdade que defendem não é a que vem de Deus, e sim a dos homens;  e como estamos em tempos de liberdade, deixem-nos livres para que possamos professar e praticar nossa fé.

A Igreja de Jesus Cristo não desfalecerá com tantas perseguições?
Certamente não. Quanto mais for perseguida, tanto maiores serão seus triunfos, porque a Igreja foi fundada por Jesus Cristo sobre uma pedra, contra a qual nada poderão todos os esforços do inferno.
A História mostra que no passado alguns soberanos, abusando do poder, despojaram o papa, exilaram e encarceraram bispos e cardeais. Mas a mão de Deus pesou sobre os opressores; o seu poderio se foi desvanecendo, seus exércitos foram destruídos e todos terminaram na ignomínia e, depois, na tumba. Enquanto isso os Romanos Pontífices, serenadas as intrigas políticas, puderam voltar gloriosos a Roma, para entrar de novo na posse do seu trono e exercer sobre o mundo a plenitude do seu poder.
É verdade que nossa santa religião, uma vez desprezada em certos lugares. Deus, no entanto, permite que chegue até outras partes, e quem sempre perde com isso é a humanidade, não a Igreja. De fato, vemos que todos os perseguidores da Igreja nas épocas passadas já não existem, ao passo que a Igreja permanece triunfante; o mesmo acontecerá com os que atualmente a perseguem: dentro de pouco tempo não existirão mais; enquanto a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo será sempre a mesma, porque Deus empenhou sua palavra, assegurando que a protegerá e estará sempre com ela até o fim do mundo, para assim unir a Igreja militante com a Igreja triunfante, formando de todos os bons um só reino na pátria dos bem-aventurados no Céu. Assim seja.

"Aquele, porém, que perseverar até o fim, será salvo". - Mt 10,22

"Quem reza, certamente se salva; quem não reza, certamente se condena". -  Santo Afonso

"Quem não tem a Igreja por mãe, não pode ter Deus como pai". - São Cipriano

"Qualquer um que se separa da Igreja Católica, aina que seja boa a sua vida, não possuirá jamais a vida eterna; mas antes virá a cólera de Deus sobre ele só pelo delito de ter-se separado da unidade de Jesus Cristo. Esta bondade é probidade, pois quem não se submete à Igreja é um pernicioso hipócrita". - Santo Agostinho




Fonte: O cristão preparado para a prática dos seus deveres/ Cap. V - Dom Bosco
Editora: Minha Biblioteca Católica