sábado, 18 de novembro de 2017

Os três graus de correção

 
 
 
Três são os graus de correção: aviso, censura e castigo.
 
 

A primeira falta - não se tratando de faltas um tanto graves, mas de erros nascidos mais da leviandade do que da malícia - deve ser perdoada, após se ter mostrado ao delinquente a deficiência moral de seu ato. Esse aviso reveste-se de termos afetuosos e fala mais ao coração.

Recai o filho na mesma falta? Já há no caso, além da inconsideração infantil, uma certa fraqueza de vontade. É necessária agora a censura. A mãe não se contenta com a simples queixa ou aviso. Toma ares mais sérios e "ralha", reprova, condena a conduta do pequeno.

Não bastou a censura? Venha então, perante uma nova falta, o castigo. Às vezes o aviso, a censura e o castigo seguem-se sem mais intervalos. É o caso da mãe encontrar relutância e descaso do filho ao aviso e à censura.
Para maior orientação, daremos às leitoras uns conselhos práticos sobre as três formas de correção.

O aviso deve ser doce, meigo, sem degenerar em fraqueza. Seja cheio de autoridade, mostrando ao menino que a mãe tem poder sobre ele, tem outros recursos mais violentos, mas prefere não recorrer a eles, agora. Seja claro, para que o pequeno não alegue a incompreensão. Do contrário dirá: Mamãe, eu não sabia que a senhora não queria isso ou aquilo.

A censura, o carão, o pito - sejam feitos com dignidade. Nada de termos triviais, inconvenientes, que rebaixariam a mãe. Palavras ofensivas, xingatórios, pragas, nomes feios - que heresias contra a educação! Dizem as mães que perdem a paciência com o guri endiabrado. E para corrigir um erro pequeno dão um péssimo exemplo ao filho, impacientando-se seriamente. Para secar a roupa molhada no corpo do filho, o atiram logo dentro do fogo; eis o método que parecem seguir. Amedrontado perante a fúria da mãe, o pecador se corrigirá por momentos. E depois voltará ao erro.

Não seja a censura espalhafatosa. Acostumados ao ruído dos moinhos, dormem sossegadamente a seu lado os moleiros.  Isso de esparramar brasas com o menino, censurando-o com ruído de palavras, gritos e gestos, acaba convertendo-o em moleiro também. Ele não ligará muito ao barulho.


Geraldo Pires de Souza C. SS. R
As três chamas do lar - Livro II

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Oração Universal de São Pedro Canísio




Todo poderoso, Deus eterno, Senhor, Pai Celestial! Olhai com os olhos de Vossa misericórdia infinita nossos lamentos, misérias e necessidades. Tende compaixão de todos os cristãos, pelos quais Vosso filho, nosso amado Senhor e Salvador, Jesus Cristo, chegou voluntariamente às mãos dos pecadores e derramou seu sangue precioso na haste da Santa Cruz. Por este Senhor Jesus, afastai, Pai misericordioso, as punições bem-merecidas, perigos presentes e futuros, a insurgência danosa, os preparativos de guerra, a escassez, doenças, tempos aflitos, miseráveis. Iluminai também e fortalecei em toda a bondade líderes e regentes espirituais e mundanos para que promovam tudo o que possa fazer prosperar Vossa honra divina, nossa salvação, a paz comum e o bem-estar de toda a cristandade. Concedei-nos, ó Deus da Paz, uma unidade verdadeira na fé, sem toda a divisão e a separação; convertei nosso coração ao arrependimento genuíno e à melhoria de nossa vida; acendei em nós o fogo de Vosso amor; dai-nos fome e ânsia por toda a justiça, para que nós, como filhos obedientes, Vos agradecemos e sejamos serenos na vida  e na morte. Rogamos também, conforme a Vossa vontade, ó Deus, pelos nossos amigos e inimigos, pelos sãos e pelos doentes, por todos os cristãos em agonia e na pobreza, pelos vivos e pelos mortos. A Vós, ó Senhor, confiamos todos os nossos atos, nossos feitos e nossos tratos, nossa vida e nossa morte. Permiti-nos desfrutar de Vossa graça aqui e conseguir lá, com todos os escolhidos, na paz e felicidade eternas, louvar-Vos, honrar-Vos e exaltar-Vos! Concedei-nos, ó Senhor, Pai Celestial! Por Jesus Cristo, Vosso amado filho, que convosco e o Espírito Santo vive e rege como Deus único para todo o sempre. Amém.

São Pedro Canísio, séc XVI - o segundo apóstolo da Alemanha.

Fonte: Bento XVI - O último testamento