Três são os graus de correção: aviso, censura e castigo.
A primeira falta - não se tratando de faltas um tanto graves, mas de erros nascidos mais da leviandade do que da malícia - deve ser perdoada, após se ter mostrado ao delinquente a deficiência moral de seu ato. Esse aviso reveste-se de termos afetuosos e fala mais ao coração.
Recai o filho na mesma falta? Já há no caso, além da inconsideração infantil, uma certa fraqueza de vontade. É necessária agora a censura. A mãe não se contenta com a simples queixa ou aviso. Toma ares mais sérios e "ralha", reprova, condena a conduta do pequeno.
Não bastou a censura? Venha então, perante uma nova falta, o castigo. Às vezes o aviso, a censura e o castigo seguem-se sem mais intervalos. É o caso da mãe encontrar relutância e descaso do filho ao aviso e à censura.
Para maior orientação, daremos às leitoras uns conselhos práticos sobre as três formas de correção.
O aviso deve ser doce, meigo, sem degenerar em fraqueza. Seja cheio de autoridade, mostrando ao menino que a mãe tem poder sobre ele, tem outros recursos mais violentos, mas prefere não recorrer a eles, agora. Seja claro, para que o pequeno não alegue a incompreensão. Do contrário dirá: Mamãe, eu não sabia que a senhora não queria isso ou aquilo.
A censura, o carão, o pito - sejam feitos com dignidade. Nada de termos triviais, inconvenientes, que rebaixariam a mãe. Palavras ofensivas, xingatórios, pragas, nomes feios - que heresias contra a educação! Dizem as mães que perdem a paciência com o guri endiabrado. E para corrigir um erro pequeno dão um péssimo exemplo ao filho, impacientando-se seriamente. Para secar a roupa molhada no corpo do filho, o atiram logo dentro do fogo; eis o método que parecem seguir. Amedrontado perante a fúria da mãe, o pecador se corrigirá por momentos. E depois voltará ao erro.
Não seja a censura espalhafatosa. Acostumados ao ruído dos moinhos, dormem sossegadamente a seu lado os moleiros. Isso de esparramar brasas com o menino, censurando-o com ruído de palavras, gritos e gestos, acaba convertendo-o em moleiro também. Ele não ligará muito ao barulho.
Geraldo Pires de Souza C. SS. R
As três chamas do lar - Livro II