sábado, 21 de outubro de 2017

Catecismo - 5º Artigo (continuação): Ao terceiro dia ressurgiu dos mortos



 
1. Estas palavras: no terceiro dia ressurgiu dos mortos, significam que Jesus Cristo, ao terceiro dia após a sua morte, reuniu a sua alma ao seu corpo pela sua onipotência e saiu do túmulo vivo e glorioso.
2. O corpo de Nosso Senhor esteve no túmulo durante três dias no todo ou em parte, a saber: uma parte da Sexta-Feira, todo o sábado, e uma parte do domingo.
3. Torna-se preciso saber que Jesus Cristo não quis retardar a sua ressureição até o fim do mundo, a fim de dar uma prova da sua divindade; mas não quis também ressuscitar imediatamente depois da sua morte, mas só três dias depois, para dar a conhecer que era verdadeiro homem e que morrera com efeito. Aquele lapso de tempo era suficiente para provar a verdade da sua morte.
 
Aparições
 
4. Sabemos que Jesus Cristo ressuscitou pelo testemunho dos Apóstolos e dos discípulos a quem Ele se mostrou muitas vezes depois da ressureição.
5. No dia da ressureição, Jesus Cristo mostrou-se aos Apóstolos reunidos no cenáculo e deu-lhes o poder de perdoar os pecados.
6. Algum tempo depois, Jesus Cristo mostrou-se a muitos apóstolos que estavam pescando no mar da Galileia. Foi nesta aparição que o Redentor elevou São Pedro à dignidade de pastor supremo da Igreja.
7. Antes de subir ao céu, Jesus Cristo, mostrou-se ainda uma vez aos apóstolos, ordenando-lhes que pregassem o Evangelho a todas as nações.
8. Devemos crer no testemunho dos apóstolos em favor da ressureição de Jesus, porque estes deram a vida para atestar que tinham visto Jesus Cristo ressuscitado. Não podiam ser impostores os homens que se deixavam matar para confirmação do seu testemunho.
 
Qualidades dos corpos ressuscitados
 
9. O corpo de Jesus Cristo ressuscitado tinha todas as qualidades dos corpos gloriosos, a saber: impassibilidade, esplendor, agilidade e sutileza.
10. Por "impassibilidade" entendo que o corpo de Jesus Cristo não podia sofrer nem morrer.
11. Por "esplendor" entendo que o corpo de Nosso Senhor era brilhante como o sol; Jesus porém não quis aparecer assim antes da sua Ascensão.
12. Por "agilidade" entendo que o corpo de Jesus Cristo se podia transportar a grandes distâncias, até da terra ao céu, com a rapidez do relâmpago.
13. Por "sutileza" entendo que o corpo de Jesus Cristo podia atravessar sem dificuldade os corpos mais rijos. Foi assim que Ele saiu do túmulo sem arredar a pedra que tapava a entrada.
14. Reunindo a sua alma ao seu corpo, Jesus Cristo fez desaparecer a maior parte das chagas que recebera durante a paixão. Apenas conservou as das mãos, dos pés e do lado.
15. E conservou-as: 1º para as mostrar aos apóstolos em testemunho da sua ressurreição; 2º para as apresentar a seu Pai, intercedendo por nós; 3º para confundir os pecadores no dia do Juízo, fazendo-lhes ver que tanto sofreu por eles como pelos justos.
16. Foi necessário que Jesus ressuscitasse, a fim de fazer brilhar a justiça de Deus, pois era um ato absolutamente digno da sua justiça elevar aquele que, para lhe obedecer, fora desprezado e coberto dos maiores opróbios. São Paulo refere esta razão na sua epístola aos Filipenses: "Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte da cruz, pelo que Deus também o exaltou e lhe deu um nome que é sobre todos os nomes".
 
Explicação da gravura
 
17. A gravura representa a "ressureição do Salvador". As numerosas mulheres que vemos à esquerda vinham com o fim de embalsamar o corpo de Jesus, quando de repente se sentiu um grande tremor de terra. Um anjo veio arredar a pedra do sepulcro e sentou-se nele. Os guardas, tomados de assombro, ficaram como mortos. Quando entraram no santo Sepulcro as santas mulheres ficaram cheias de temor ao verem o anjo. Mas ele lhes disse: "Não temais; buscais a Jesus de Nazaré que foi crucificado. Não está aqui: vede o lugar onde o tinham posto".
 
 
 
Fonte da imagem: http://www.sendarium.com
Texto: Catecismo Ilustrado, 1910. (com pequenas alterações devido à mudança ortográfica)
Edição da Juventude Católica de Lisboa.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Meditação sobre a morte

 
PREPARAÇÃO
1. Põe-te na presença de Deus.
2. Pede a Deus a sua graça.
3. Imagina que te achas enfermo, no leito de morte, sem nenhuma esperança de vida.

CONSIDERAÇÃO

1. Considera, minha alma, a incerteza do dia da morte. Um dia sairás do teu corpo. Quando será? Será no inverno ou no verão ou em alguma outra estação do ano? No campo ou na cidade, de noite ou de dia? Será dum modo súbito ou com alguma preparação? Será por algum acidente violento ou por uma doença? Terás tempo e um sacerdote para te confessares? Tudo isso é desconhecido, de nada sabemos, a não ser que havemos de morrer indubitavelmente e sempre mais cedo que pensamos.
2. Grava bem em teu espírito que então para ti já não haverá mundo, vê-lo-ás perecer ante teus olhos; porque então os prazeres, as vaidades, as honras, as riquezas, as amizades vãs, tudo isso se te afigurará como um fantasma, que se dissipará ante tuas vistas. Ah! Então haverás de dizer: por umas bagatelas, umas quimeras, ofendi a Deus, isto é, perdi o meu tudo por um nada. Ao contrário, grandes e doces parecer-te-ão então as boas obras, a devoção e as penitências, e haverás de exclamar: Oh! Por que não segui eu esta senda feliz? Então, os teus pecados, que agora tens por uns átomos, parecer-te-ão montanhas e tudo o que crês possuir de grande em devoção será reduzido a um quase nada.
3. Medita esse adeus grande e triste que tua alma dirá a este mundo, às riquezas e às vaidades, aos amigos, a teus pais, a teus filhos, a um marido, a uma mulher, a teu próprio corpo, que abandonarás imóvel, hediondo de ver-se e todo desfeito pela corrupção dos humores.
4. Prefigura vivamente com que pressa levarão embora este corpo miserável, para lançá-lo na terra, e considera que, passadas essas cerimônias lúgubres, já não se pensará mais de todo em ti, assim como tu não pensas nas pessoas que já morreram. "Deus o tenha em sua paz" - há de dizer-se - e com isso está tudo acabado para ti neste mundo. Ó morte, sem piedade és tu! A ninguém poupas neste mundo.
5. Adivinha, se podes, que rumo seguirá tua alma, ao deixar o teu corpo. Ah! Para que lado se há de voltar? Por que caminho entrará na eternidade? - É exatamente por aquele que encetou já nesta vida.
 
AFETOS E RESOLUÇÕES
1. Ora ao Pai das misericórdias e lança-te em seus braços. Ah! Tomai-me, Senhor, debaixo de vossa proteção, neste dia terrível, empenha a vossa bondade por mim, nesta hora suprema de minha vida, para torná-la feliz, ainda que o resto de minha vida seja referto de tristezas e aflições.
2. Despreza o mundo. Já que não sei a hora em que hei de te deixar, ó mundo; já que esta hora é tão incerta, não me quero apegar a ti. Ó meus queridos amigos, permiti que vos ame unicamente com uma amizade santa e que dure eternamente; pois, para que unir-nos de modo que seja preciso em breve romper esses laços?
Quero preparar-me para esta última hora; quero tranquilizar minha consciência; que quero dispor isso e aquilo em ordem e predispor-me do necessário para um passamento feliz.

CONCLUSÃO
Agradece a Deus por estas boas resoluções que te fez tomar, e oferece-as à divina Majestade; suplica-lhe que, pelos merecimentos da morte de seu Filho, te prepare uma boa morte; implora a proteção da Santíssima Virgem e dos santos. Pai Nosso, Ave Maria.

São Francisco de Sales - Filotéia ou Introdução à Vida Devota.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Da festa dos Anjos - 2 de outubro



"181. Em que dia celebra a Igreja a festa dos Anjos?
A Igreja celebra no dia 29 de setembro a festa de São Miguel e de todos os Anjos, e no dia 2 de outubro a festa dos Anjos da Guarda.

182. Por que na festa de todos os Anjos a Igreja honra especialmente a São Miguel?
Na festa de todos os Anjos, a Igreja honra especialmente São Miguel porque reconhece como príncipe de todos os Anjos, e como seu Anjo tutelar.

183. Que devemos fazer para celebrar santamente a festa dos Anjos?
Para celebrar santamente a festa dos Anjos, devemos: 1º agradecer a Deus a graça que lhes concedeu de se conservarem fiéis, enquanto Lúcifer e seus sequazes se revoltaram contra Ele; 2º pedir-Lhe a graça de imitar a fidelidade dos Anjos, e o zelo que eles têm por sua divina glória; 3º venerá-los como príncipes da corte celeste, e como nossos protetores e intercessores junto de Deus; 4º pedir-lhes que apresentem a Deus as nossas súplicas, e nos alcancem a sua divina assistência.

184. Quais são os Anjos que se chamam Anjos da Guarda?
Chamam-se Anjos da Guarda aqueles que Deus destinou para nos guardarem e guiarem no caminho da salvação.

185. Como sabemos nós que há Anjos da Guarda?
Que há Anjos da Guarda sabemo-lo por meio da Sagrada Escritura e pelo ensinamento da Igreja.

186. Que assistência nos presta o Anjo da Guarda?
O Anjo da Guarda: 1º assiste-nos com boas inspirações e, recordando-nos os nossos deveres, guia-nos no caminho do bem; 2º oferece a Deus as nossas orações e alcança-nos as suas graças.

187. Que proveito devemos tirar do que a Igreja nos ensina com respeito aos Anjos da Guarda?
Do que a Igreja nos ensina com respeito aos Anjos da Guarda devemos tirar o proveito de um contínuo reconhecimento à bondade divina, por nos ter dado os Anjos como guardas, e também aos mesmos Anjos pelo amoroso cuidado que têm conosco.

188. Em que deve consistir o nosso reconhecimento para com os Anjos da Guarda?
O nosso reconhecimento para com os Anjos da Guarda deve consistir em quatro coisas: 1º respeitar a sua presença e não os contristar com pecado algum; 2º seguir prontamente os bons sentimentos que, por meio deles, Deus excita em nossos corações; 3º fazer as nossas orações com a maior devoção, a fim de que as acolham com agrado e as ofereçam a Deus; 4º invocá-los frequentemente e com muita confiança, nas nossas necessidades, e especialmente nas tentações."
 
Catecismo de São Pio X, p. 182-83.